05: Uma sala com pé direito duplo

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Algumas semanas se passaram desde o momento inusitado em que Sejun convidou Subin para morar com ele. Mesmo em longos meses de namoro nenhum dos dois havia considerado seriamente a possibilidade de, ao invés de viverem na casa um do outro a cada semana para não deixar nenhuma das duas abandonada, arrumar um cantinho só deles.

Há alguns anos — desde que começou a trabalhar —, Sejun morava numa kit-net alugada em um bom ponto da cidade com mercados, farmácia e a universidade logo ao lado. Já Subin, assim que completou seus 21 anos mudou-se para a cidade vizinha a sua natal e estava “cuidando” do apartamento do irmão mais velho que, além de casado havia se tornado pai e optou por uma casa maior com quintal.

No entanto, morar juntos, para Subin e Sejun, implicava mais que apenas carregar todos os pertences para o apartamento de Subin ou a kit-net em que Sejun vivia, eles sabiam que antes de qualquer decisão precisariam de conversas sinceras e um lugar mais espaçoso para que nada desse errado antes mesmo de começar.

Mas, três anos e alguns meses era tempo o suficiente, ao menos Sejun não enxergava grandes empecilhos em seus caminhos, fora as adaptações que teriam que fazer tanto em questão de comportamento quanto a suas rotinas que nem sempre estavam em harmonia. Eram apenas os dois, dividir as despesas poderiam facilitar ainda mais suas rotinas além de evitar que ficassem uma semana de um lado e na outra do outro lado, zanzando entre às duas casas.

Diferente do Lim que agia no calor do momento e o bombardeou com seus planos sumptuosos assim que fez o pedido e durante a semana posterior, Subin preferiu que fizessem algumas pesquisas antes de dar qualquer passo em falso na direção da próxima fase de seu relacionamento.

Assim que saiu do banheiro com cabelo úmido pigando nas costas, peito e chão, Sejun buscou por Subin no quarto, mas não havia nada além de uma pasta plástica aberta sobre a cama com papéis esparramados, então seguiu para a sala encontrando apenas a tevê ligada exibindo um comercial de ração para gatos. Por fim, verificando a cozinha, onde Subin estava sentado à mesa, concentrado na tela do notebook e no caderno aberto sobre a mesa com diversos registros.

— Trabalho? — Questionou Sejun, curvando-se para apoiar o queixo no ombro de Subin e assim, enxergar melhor as anotações feitas com a letra corrida do Jung.

— Não. — Negou virando o rosto para olhá-lo, o nariz roçando na bochecha macia. — São algumas casas que pesquisei durante a semana.

— Casas? — Repetiu hesitante. — Isso quer dizer que…

Subin voltou a atenção para as folhas a sua frente evitando os olhos esperançosos do Lim.

— Temos algumas opções com preços razoáveis que são de bairros próximos e bons.

— Isso é ótimo, Bin! — Exclamou sorridente apertando os braços ao redor dos ombros de Subin.

— Você deveria ter me avisado, assim poderíamos ter pesquisado junto.

— Eu queria fazer uma surpresa. — Confessou livrando-se do abraço de Sejun para ficar de pé. — Você quem fez propôs, então achei que deveria fazer algo para surpreendê-lo.

— Sabe que não precisava disso, certo? — indagou com as mãos nas laterais do rosto do Jung impedindo-o de desviar o olhar, próximos o suficiente para as pontas dos narizes roçarem suavemente. — Você não precisa se esforçar para retribuir qualquer coisa que eu faça para você, Subinnie. — Disse beijando os lábios de Subin que estavam curvados em um sorriso acanhado. — E, na verdade, a ideia de morarmos juntos tratará mais benefícios para mim, não é?

— Não pense que vai ficar livre das atividades domésticas ou da cozinha só porquê vamos morar juntos, Sejun.

— Eu nem disse nada. — Defendeu-se.

— E precisa? — Questionou arqueando a sobrancelha. — A primeira coisa que vamos fazer após escolher a casa será um cronograma para colocar na porta da geladeira, assim você não tem como dar a desculpa de que não viu.

— Pensei que a primeira coisa seria estrear…

— Sejun! — Repreendeu envergonhado acertando um tapa estalado em seu ombro. Sejun apenas riu segurando ambos os pulsos do mais novo para evitar outros tapas. — Bobo.

— Eu ia dizer cozinha, Subinnie. Não tenho culpa dessa sua cabecinha só pensar em safadezas com meu corpo.

— Ah, é claro! — Murmurou revirando os olhos. — Agora me solta, preciso arrumar essas coisas antes de irmos dormir.

— Hm. — resmungou puxando Subin contra seu corpo, apertando-o entre seus braços com o rosto na lateral do pescoço dele onde o nariz roçou na tez inalando mais do perfume doce. — Não quero.

— Sejun! — Chamou tentando soltar os braços que permaneceram presos entre os dois.

— Você parece um ursinho, Bin. — Disse antes de solta-lo. — Gostoso de abraçar e fofinho!

— E você é insuportavelmente grudento. — Reclamou afastando-se para recolher tudo que havia deixado na mesa. Sejun não demorou juntar-se a ele, recolhendo as folhas e alinhando-as para devolver a pasta.

— Você tem preferência por alguma?

— Não, não vi muito, apenas o suficiente para saber se poderiam entrar na lista. — Disse virando-se para Sejun com um sorriso regalado. — Nós vamos escolher juntos.

Sejun balançou a cabeça em concordância, o sorriso largo ressaltando as covinhas.

— Aliás, já fiz todas as contas e não teremos problemas com nenhuma dessas. — Explicou deslizando o indicador pela folha com os preços. — Elas são pequenas pelo que vi na descrição de cada uma, porém, os preços são mais baixos e…

— O tamanho não importa, Bin. — Evidenciou interrompendo-o. — Desde que nós dois estejamos juntinhos dentro dela eu ficarei feliz com qualquer coisa.

— Eu sei, mas, é que você falou sobre conseguirmos um lugar maior para não precisarmos deixar nada para trás.

— Subin, — chamou com a voz mansa. — Isso realmente não importa, nós podemos mudar assim que eu terminar a faculdade e conseguir um emprego melhor, ou construir uma do jeitinho que a gente quiser. — Sorriu revelando os olhos meia-lua que faziam o peito de Subin balançar com o coração eufórico. — Eu trocaria até mesmo uma daquelas casas de dorama que tem sala com pé direito duplo e cozinha super equipada pra ficar pertinho de você.

Subin rezingou tentando esconder as bochechas coradas.

— Você é tão…

— Romântico? — Sugeriu após interrompê-lo.

— Não. — negou com o notebook contra o peito, inclinando a cabeça para encará-lo. — Estranho, Sejun, você é estranho.

Enquanto Sejun resmungava incrédulo, Subin pegou os papéis e caminhou para fora da cozinha.

— Apague as luzes antes de sair.

— Subinnie! — Bradou. — Você me chamou de estranho.

— E você é. Deve ser por isso que eu gosto de você, Sejunnie.

Você é mais bonito que... - VICTON | SEBINOnde histórias criam vida. Descubra agora