Último Desejo - ItaSaku

A Doença

Sakura era uma jovem japonesa que veio para o Brasil quando tinha apenas oito anos. Seus pais também eram Japoneses, e tinham um grande apreço pela tecnologia.

Ela era branca, com traços orientais bem marcados, cabelos negros até a cintura e franja. Era bem magra e tinha a silhueta clássica de uma Nipônica. A única coisa de diferente que ela tinha era uma marca de nascença na coxa, algo que parecia uma flor de cerejeiras.

Ela morava no interior de São Paulo, em uma cidade chama Garça, a maior colônia Nipônica fora do Japão. É o que dizem.

Seu sonho era ser médica, e entre o cursinho pré vestibular e seu coração partido por Chen, ela era apaixonada por Animes. Seu favorito era Naruto, ela maratonou mais de dez vezes e acompanhava semanalmente Boruto.

Ela conhecia cada fala, cada imagem, cada filme. Era um passatempo incrível, que dividia com o então namorado.

Um dia, entre a correria do cursinho, Sakura sentiu uma forte vertigem, e foi parar no hospital.

Seus pais, sempre ocupados e prezando pelo andamento da rotina, mal foram visitá-la, alegando que eram mal estar.

Mas Sakura sabia, no fundo sabia que não era.

A dor de cabeça era tanta que ela oscilava entre a consciência e a dor. Os médicos a amparavam, fizeram mais de trinta exames até que um médico chamado Dr Pedro Lossi entrou no quarto com seus pais em prantos.

- Como se sente?- Ele perguntou enquanto media a pressão.

- Com dor.- Sakura já havia tomado a dose máxima de morfina e ainda sentia muita dor de cabeça.

- É normal em seu caso...

- Que caso?- Ela olhou assustadas para os pais que já choravam.

- Você está com um tumor maligno bastante agressivo no cérebro. Além de tumores em vários órgãos, ele entrou em metástase.- Ele disse com pesar

- Quanto tempo eu tenho?- Ela disse resignada.

- Sendo otimista, um mês.- Ele tentou conforta-la com um sorriso.

"Poxa, meu aniversário era para ser na sexta." Ela pensou.

- Vamos fazer o possível para que seus últimos momentos sejam calmos e inesquecíveis.- O médico disse, ouvindo os soluços da mãe que era amparada pelo pai.

- Okasan não chora. Faz um favor? - Ela disse para a mãe.

- Qualquer coisa filha.

- Não ria de mim, mas eu queria ler meus mangás uma última vez. Traz a coletânea do Naruto por favor? Aquele que tem todos os arcos da guerra. Tá na minha cabeceira.

Mesmo com Sakura pedindo era riu, e depois chorou.

- Claro filha.

Os dias eram horríveis, Sakura só chorava de dor, e quando não estava muito dopada, ela lia. E então chorava... Se fosse Massashi Kishimoto, teria dado um final digno para Itachi.

Ela pensou, se Itachi tava doente, será que era como eu, e não havia mais chances? Por isso ele quis tanto morrer?

Com esse pensamento ela dormiu.

Podem pensar, em seu leito de morte, uma jovem adulta pensando em besteira, mas era seu jeito de não surtar. Não queria deixar essa imagem para seus pais. Aquilo era seu refúgio mental.

Queria agir como sempre, fazer as mesmas coisas... Um aperto crescente rondava o coração de Sakura e as dores insuportáveis a acompanharam.

O dia do seu aniversário chegou, queria comemorar com sua família seu último aniversário. Um sentimento de culpa e dor se apoderou dela, mas foi varrido quando o Dr Lossi entrou no quarto, com enfermeiros e toda a equipe fantasiados.