baby steps.

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Quando Josie saíra da propriedade Mikaelson, beirava as onze horas da noite, e ela estava perdida. Milhões e milhões de pensamentos rondavam sua cabeça, eles eram constantes, barulhentos. Todos eles dirigidos a uma certa ruiva de olhos azuis.

Ela estava envergonhada, não deveria ter tratado Hope daquele jeito, mas a realidade é, ela está assustada pra caralho. Josie não fazia ideia do que fazer, do que falar, de como agir. No momento em que ela percebera que seus lábios estavam colados com os de Hope, seu primeiro instinto foi retribuir, e isso assusta a morena mais que tudo. Seu primeiro pensamento deveria ser correr, empurrar a ruiva para trás e dizer o quão absurdo isso é, mas não. Tudo que vinha em sua mente eram reflexos de seu estômago tomado por borboletas, e de como aquilo era bom e reconfortante.

Era nessas horas em que Josie sentia falta de ser uma criança. Quando tudo que importava era conseguir um lugar bom no primeiro dia de aula, longe das garotas más, e ser uma boa garota para seus pais, que na época tratavam Josie e Lizzie igualmente. Não havia pressão para marido, para trabalho, para absolutamente nada. Josette sentia falta até do começo da puberdade, onde seus hormônios quase a levavam a loucura, quando ela e MG brigavam por algo completamente bobo, como qual versão de super heróis é melhor, e então ela passava o dia todo se lamentando e achando que nunca mais teria a amizade de Milton. Ela finalmente tinha sentido em carne e osso o ditado: um joelho ralado é mais fácil de curar que um coração partido.

O duro era que o ditado é literal, denotativo. Quando se é criança seus pensamentos e sonhos não tem limite, você pensa em ser astronauta, médicos na NASA, atletas profissionais, popstars, qualquer coisa nesse meio, e você acreditada que consegue, por que quando se é uma criança, os adultos não quebram sua imaginação com: ''isso é muito improvável'' ou ''1 em um milhão conseguem'' e te fazem duvidar da sua própria identidade. Isso ocorrera mais vezes com Josie do que ela gostaria de admitir. Desde criança ela expressara a imensa vontade de ser musicista, aprendera a tocar incontáveis instrumentos, mas isso não era exatamente o que seus pais haviam planejado para filha. Sua luta para poder fazer o que ama foi árdua, mas após convencer sua mãe a ir em um de seus concertos, após anos de negligência, ela pode ver que a filha tem um dom, que é raro, e que ela não pode desperdiçar isso, e então conseguira convencer Alaric a ceder.

Josette nunca tinha tido esse tipo de pensamento antes, em que talvez, ela não seja tão hétero assim. Em que talvez, seus sentimentos por Hope vão muito além de uma simples amizade. Mas isso nunca foi discutido, afinal, toda ideia de homossexualidade é um enorme tabu, e ser gay até onde Josie sabia, era uma doença e poderia te dar AIDS. Então isso definitivamente não está aberto a discussão.

A morena não pensava realmente que isso era uma doença, ou crime, mas sim que tudo isso era uma prevenção para que as pessoas escondessem isso, para mantê-las sobre controle. Afinal, as tias de Hope parecem bem, e se fosse para Josie admitir, achava que Freya e Keelin era o casal mais fofo da casa dos Mikaelson.

Ainda era muito assustador. Pensar em tudo que poderia acontecer se em alguma realidade ela e Hope fossem algo, em todas as consequências, em como ela sairia da faculdade que lutara por tanto tempo. Isso era demais, era um risco muito grande que não tem nexo. Mas ainda, havia aquele pequeno pensamento, aquela pequena dúvida, aquela pulga atrás da orelha, que dizia que Josie deveria tentar entender isso, que ela deveria conversar com Hope, civilizadamente dessa vez, e discutir o que acontecera.

E esse pequeno pensamento era mais impertinente que todos os outros, e ela sabia que essa pequena voz não se acalmaria tão fácil.

Foi então que Josie decidira que não iria guardar isso pra si. Talvez pelo seu próprio bem, isso fosse melhor, apenas enterrar no fundo de sua alma e seguir a vida, mas esse era o problema. Toda tipo de vida que fora cercada da morena, e todos os estilos dela eram os mesmos: crescer, estudar, ou não dependendo da sua família, após isso arrumar um marido que te sustente, ter filhos, e o número deles nem era opção sua, mas sim do seu marido, e a cada ano que se passasse, você não viajaria mais, não poderia praticar atividades físicas, ou até sair de casa, e tudo que você tem são dores nas costas de uma vida típica. E Josette certamente não queria isso. Ela queria um amor tão intenso que a faria levantar na cama nos piores dias, queria poder escolher o número de filhos, queria poder trabalhar e viver seus sonhos, queria viver aventuras em lugar inusitados, conhecer culturas distintas e aprender o máximo possível sobre esse mundo antes de deixá-lo, e Josie conseguia sentir que com Hope, ela poderia ter tudo isso.

A morena estava apavorada, não sabia como fazer isso, e não sabia o porque de estar fazendo isso, só sabia que sua razão estava completamente tomada pela emoção, e seus instintos diziam que ela precisa falar com Hope, então aí está ela, de volta a mansão Mikaelson.

Josie andava de forma mais cautelosa possível, ensaiando cada palavra que diria a ruiva, quando ela escuta a voz de Hayley atrás dela:

-Josie...- chama a mulher, e a morena se vira imediatamente.

-Hayley, oi- ela diz nervosa.

-Podemos conversar?- a de olhos verdes pergunta, e Josie se sentia um tanto quanto nervosa, mas assentiu com a cabeça.

-Hope me contou sobre vocês, e sobre o que aconteceu quando ela contou...- Hayley começa com cuidado, e a musicista arregala os olhos.

-E-eu não quis machucar ela eu só...- Josie tenta se explicar, mas é interrompida pela mulher a sua frente.

-Não precisa se explicar, de verdade. Hope está mal, isso é fato, mas querida, não deixe que o que as outras pessoas pensem atrapalhe o que você pensa. Sei que é assustador, e que pode parecer não valer a pena, mas o amor sempre vale a pena, Josie- fala Hayley, olhando com carinho para a mais nova- Se você realmente não se vê numa relação com Hope, eu entenderei, e sei que ela também, mas por favor, não deixe que o medo mude sua cabeça- assim que ela termina, dá um sorriso amigável para Josie, e sai do local.

Esse foi o pequeno empurrão que faltava para a morena. Era isso, ela iria consertar as coisa com a ruiva, e ela poderia não saber o que estava acontecendo em sua cabeça, mas de uma única coisa ela tinha certeza: Hope Mikaelson era sua pessoa favorita no mundo, e isso bastava.

-Hope?- pergunta Josie assim que adentra o quarto da artista, que encontra a menor encolhida em sua enorme cama, chorando.

-J-Josie- ela diz entre suspiros e lágrimas, e a morena se aproxima, se sentando na cama.

-Podemos conversar?- pergunta a musicista, e a ruiva assente, se sentando na cama, e passando as mãos em seus olhos na tentativa de enxugar as lágrimas.

-Me desculpa, Hope. Eu nunca deveria ter falado com você daquele jeito, especialmente depois que eu retribui o beijo... Mas eu surtei, entende?- suspira a morena pegando em uma das mãos da ruiva que se surpreende com o contato- Isso é extremamente novo pra mim, eu nem tinha visto um casal gay antes das suas tias, e eu não faço a menor ideia do que significa. Quero dizer, como as coisas funcionam com duas garotas? Como seria nossa vida? Porque eu não posso contar isso de maneira alguma aos meus pais- explica Josie.

-Jo... Não precisa se desculpar, não vou dizer que eu não estava magoada, mas eu consigo ver seu lado. Não vou dizer que será fácil, pois não será, se decidirmos fazer isso, teremos que lutar, e isso significa uma vida escondidas, mas aqui é um lugar seguro, podemos ser nós mesmas... Quanto aos seus pais, descobriremos algo, não precisamos contar, e eu posso falar com meu pai para que nada que seu pai faça te tire da faculdade...- sugere a ruiva, olhando fundo nos olhos da morena.- Eu gosto de você, Jo, muito, e eu quero ter essa chance de lutar por você e te mostrar que a vida pode ser linda, mas eu entenderei se você não quiser- fala Hope, fazendo carinho na mão de Josie.

-Não, eu... Eu quero lutar. Eu não faço a menor ideia de como isso poderia funcionar, ou o que exatamente isso é, mas acho que vale a pena lutar.- confessa a musicista, fazendo Hope sorrir tímida.- Mas terá que ser devagar e tudo com calma ok? Passos de bebê- fala Josie.

-Passos de bebê, Saltzman- concorda a ruiva, e as duas garotas sorriem, completas.


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oii cambada, como andam?
bom, estão mais aliviados agr? kkkkkk
votem e comentem, amo vcs :)

how to hide a girlfriend - a hosie storyOnde histórias criam vida. Descubra agora