Mesmo que a ingenuidade não seja algo comum entre a juventude moderna, ela era algo comum entre Kageyama e Hinata. Mesmo que estes não aceitassem inicialmente e insistissem que se odiavam, eram melhores amigos que eventualmente iriam compreender toda aquela avalanche de sensações confusas internas com que ambos conviviam.
Talvez demorassem um pouco para compreender o sentimento principal, mesmo que no fundo com certeza eles já soubessem. Todos aqueles ao redor já haviam percebido que o tratamento diário entre Kageyama e Hinata estava diferente, que mesmo que eles se insultassem ou quase sempre partissem para a briga, eles sorriam no fim, sinal de que algo ali havia mudado.
A ingenuidade era algo que caminhava ao lado de ambos, eram ingênuos demais para perceber o que estava bem diante de seus olhos, confundiam o sentimento novo que vinham sentindo com admiração que tinham um pelo outro, embora nunca fossem admitir, não agora. No entanto, com o passar do tempo foram descobrindo um mundo de novas experiências, que sem notar, queriam explorar um ao lado do outro.
A primeira pessoa em quem Kageyama pensava para compartilhar uma música nova, era Hinata e a primeira pessoa em quem Hinata pensava para contar sobre seus mangás favoritos, era Kageyama. Talvez, por esse motivo, eles confundissem o sentimento de amizade com o que realmente era: paixão.
Não era só essa sensação nova desconhecida que havia surgido; mesmo que não se admitissem melhores amigos e se considerassem apenas amigos, compartilharam novos momentos um ao lado do outro, portanto aos poucos foram descobrindo novos sentimentos.
O sentimento amoroso estava tão omitido no interior de ambos, escondido tão lá no fundo, que fora substituído por uma sensação que devido à ingenuidade não sabiam reconhecer.
O sentimento parecia estar perdido e precisar de ajuda para ser reconhecido. Bem, parecia.
Kageyama começou a notar que o que sentia ao ver os cortes de Hinata, não era mais vontade de ser melhor. Além de seu coração começar a errar uma batida ao ver Hinata pulando, seu estômago parecia encher de borboletas e suas bochechas ganhavam uma coloração avermelhada quando o menor puxava a camisa para cima a fim de secar o suor de sua testa; o que sentia definitivamente não era só admiração, mas não estava pronto para admitir isso.
Não era só Kageyama que sentia as famosas borboletas em sua barriga, Hinata sentia seu coração parar ao ser elogiado pelo moreno em relação a seus cortes, o que sentia por Kageyama era algo mais intenso, ele precisava de mais do que apenas trocar pequenos toques de mãos e uma vez ou outra um abraço suado, ele precisava de mais contato.
Ambos estavam com muito medo para admitir para si o que estavam sentindo, quem dirá admitir para outra pessoa. Mas, eles agora sabiam, mesmo que parcialmente, que o que tinham não era mais uma relação de quadra, onde muitas vezes eram separados por uma rede ou pela rivalidade, mesmo que saudável, que existia entre eles; os dois eram semelhantes, sendo isso talvez o que mais incomodasse no início da aceitação dos sentimentos.
Kageyama e Hinata queriam ser únicos, demorando pra perceber que o que eles queriam era ser únicos juntos, que aquele incômodo que sentiam ao ver o outro alcançar seus objetivos, era na verdade admiração pura e vontade de ser equivalente.
Irônico, não?
Agora sabiam que queriam alcançar o topo e ao topo juntos iriam.
Ciente de seus sentimentos, Kageyama tentou ao máximo não transparecer uma diferença e para ele estava tudo sobre controle, porém aqueles ao redor eram perfeitamente capazes de perceber que algo havia mudado. Não a maneira em que o moreno se sentia, pois ele havia apenas aceitado e sim na forma como ele olhava o ruivo, na forma como ambos se olhavam.
Em meio a uma de suas brigas, enquanto riam e ao mesmo tempo jogavam farpas um no outro, tiveram uma de suas típicas discussões no vestiário sobre de quem era a culpa da derrota. Puto com a audácia de Hinata ao dizer que o moreno havia feito um levantamento ruim, Kageyama puxou o ruivo pelo colarinho, encostando o mesmo na parede.
A intenção não era acontecer o que aconteceu, Kageyama estava bravo e queria brigar com o ruivo, mas acabou que seus olhares se encontraram e ambos coraram, desviando o olhar fixo que mantinham, para a boca alheia.
Ambos sabiam o que queriam e em um impulso dividiram um calmo primeiro beijo, porém desajeitado, que se transformou em um segundo e então em um terceiro; juntos concluindo que aquele primeiro beijo não seria o último entre eles, mas seria apenas entre eles.
Queriam transformar aquela sensação que sentiram percorrer todos seus ossos e alojar no fundo de seus corpos em algo rotineiro, não sabiam se conseguiriam viver sem aquele sentimento, uma vez que tiveram uma bela de uma degustação.
Agora eles tinham certeza, não havia mais dúvida alguma sobre o que sentiam um pelo outro; o nome disso talvez não fosse paixão e sim algo mais intenso. Estavam apaixonados, não restavam dúvidas para esse fato, mas ao passo que não souberam reconhecer ou definir, todos ao redor já achavam que eles tinham alguma relação, mesmo que não assumida.
Pode até parecer realmente clichê, mas para Kageyama era quase como se os lábios de Hinata fossem como a mais bela e desenvolvida droga, algo em que se viciou de uma maneira inexplicável no primeiro contato e não se arrependia. Estava em completa dependência e que com certeza entraria em estado de abstinência se o perdesse.
Todos os questionamentos que existiam em ambos os corações foram substituídos por uma nova sensação, o medo de perder aquilo que descobriram ser o que mais precisavam. Kageyama e Hinata não queriam e não iriam desperdiçar o tempo que tinham, procurariam viver cada momento como se fosse o último, aproveitando ao máximo cada segundo.
Para Kageyama chega a ser engraçado como mesmo que não tivesse percebido, o ruivo estava sempre presente em seus pensamentos diários e agora estava onde mais importava: em seu coração.
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The Rainbow In Us
FanfictionChegava a ser engraçado como mesmo após décadas Hinata mexia com as batidas do coração do moreno. Imerso na beleza das luzes coloridas do presente que ganhara do ruivo, Kageyama redescobre o arco íris.