Preto

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A luminária piscava

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A luminária piscava. A luz que sempre fora forte e brilhante agora começava a falhar, estava a um passo de queimar. 

Aquele era o início do fim, talvez já estivesse mais pra lá do que pra cá e de alguma forma Kageyama ao olhar para aquela luminária sabia disso; lá no fundo sabia que o tempo estava acabando.

Dizem que quando estamos para morrer um filme da nossa vida se passa diante dos nossos olhos, vemos tudo o que já vivemos e nos apegamos às memórias boas talvez para que partam conosco ou simplesmente para que nossos últimos pensamentos sejam bons e aqueçam nosso coração uma última vez. 

No caso do moreno todas as suas melhores lembranças de alguma forma o enlaçavam a Hinata, ele então deu um suspiro e fechou os olhos mais uma vez, apertou a mão do marido e se preparou para assistir os minutos finais. 

Mesmo com um pedido de casamento feito o casal ainda tiveram que ficar separados por um tempo, jogavam em países diferentes e seus cronogramas quase nunca batiam. 

Não foi fácil passar por aqueles anos, mas não importava como o dia havia sido: todos os dias sem falta eles se falavam e era isso que os dava forças para seguirem em frente, com a promessa de que um dia nunca mais iriam se separar, a ser mantida.

Nunca houve alguém melhor para Kageyama; o baixinho era quem o acompanhava, quem o impulsionava a viver, a inspiração para ir cada vez mais longe. Os anos se passaram e embora a idade tenha chego, nunca perdera um porcento dos sentimentos que nutria, não importa quanto tempo passasse, Hinata seria sua razão para acordar de manhã, o motivo de dar mais um passo quando achava que já tinha atingido seu limite. 

Hinata era seu lar. 

Assistiu então aos anos passarem voando, viu seu primeiro aniversário de casamento e quando compraram a casa que ainda moravam, assim como também viu o dia que receberam a notícia que conseguiram a guarda de sua garotinha e seriam pais. 

Lembrou do primeiro fio de cabelo branco na cabeça de seu amado e de quando reparou na primeira ruga que surgira no rosto do casal; viu sua filha se formar e lembrou também de quando ambos já não tinham mais forças para jogar e a rede de vôlei no quintal só era usada quando os netinhos vinham visitar. 

Se lembrou da vida que teve ao lado de Hinata e sabia que se pudesse voltar no tempo faria tudo igual, não mudaria nada em seu arco-íris. 

Mesmo imerso em lembranças, Kageyama sentiu um forte aperto em sua mão e abriu os olhos e virando-se para o lado apenas para ver o marido sorrir para si uma última vez antes de partir. Era um sorriso que dizia que estaria o esperando do outro lado. 

Então, por último, lembrou com carinho da voz de Hinata mais novo prometendo que um dia iria ultrapassá-lo, recordando também de sua resposta de que ele quem iria na frente, quem iria primeiro. Kageyama só não imaginava que iria ser ultrapassado daquela forma. 

Haviam passado uma vida juntos, mas agora teriam a eternidade. 

Por fim, Kageyama o seguiu, respirou fundo uma última vez e fechou os olhos para não abri-los mais. 

E naquele quarto, que era iluminado apenas pela luminária, os dois partiram juntos, como se estivessem em uma corrida: não queriam ficar para trás, pois isso significava perder o outro de vista. Foi a última competição. 

Então aquela luz que já falhava se apagou e tudo ficou escuro e embora um dia houvessem sido uma explosão de cores agora tudo estava preto. 

The Rainbow In UsOnde histórias criam vida. Descubra agora