Unidos por ela - 1° Temporada - Completo

Capítulo 7

Teresa

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Pego minha taça de vinho e me sento no sofá olhando as caixas no chão esperando para serem abertas, todas esperando a minha disposição.
Consegui apenas colocar as coisas mais difíceis no lugar, o sofá, a mesinha de centro, o painel e a televisão. O restante vou fazendo conforme o dia dor passando.
Aperto play e minha televisão começa a tocar minha música preferida no YouTube, sorrio fechando meus olhos, saboreando meu vinho tinto e ouvindo a bela letra saindo dos lábios de Cássia Eller e começo a cantar com ela.

- Mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim, tão diferente. Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba! Mas nada vai conseguir mudar o que ficou, quando penso em alguém, só penso em você e  aí, então, estamos bem. Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está, nem desistir, nem tentar agora tanto faz, estamos indo de volta pra casa!

Sorrio e enquanto a música toca, coloco meu vinho na mesinha de centro e caminho até uma das caixas, a abro e pego minha caixinha vermelha, a abro e fito a foto minha e do Vicente de quando éramos crianças, a foto que ficava no meu criado-mudo, a pego e sorrio, quando volto a olhar para a caixa, vejo a correntinha que Vicente me deu no dia em que foi embora.

"Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa"

Pego um dos portas retratos na caixa ao lado, tiro minha foto do dia da formatura e coloco a foto minha e de Vicente.
Coloco o porta retrato na mesinha de centro, de frente para mim, então volto a me sentar e após beijar a correntinha sorrio e a coloco em meu pescoço.
Nunca mais soube do Vicente.
No início dou tanto que parecia que ia rasgar meu coração, todos os dias eu sentia saudade, todos os dias! As vezes parecia que tudo era mentira e que logo Vicente iria me chamar para brincarmos ou lermos nossos livros.
Lembro que Lena dizia que o tempo iria curar tudo e que ela estaria comigo em todo o momento.
E não foi diferente, Helena e também meus pais estiveram ao meu lado durante as madrugadas em que eu acordava gritando, em que tive febre emocional, em que passei os momentos mais tristes da minha vida desde que Luz sofreu aquele acidente.
Só por isso eu sou a Teresa que sou hoje, porque eu não poderia ficar para sempre sofrendo, mas acima de tudo, por causa do apoio, do carinho e do amor incondicional da Helena e dos meus pais.
Escuto a campainha tocar, coloco a taça na mesinha de centro, levanto desligando a televisão e caminho até a porta, assim que abro, fito Helena e quando abaixo meu olhar, vejo Kate dormindo em seus braços.

- Ah!! Vocês chegaram!

- Oi, meu amor!!!

Nos abraçamos, sorrio sentindo uma alegria tão grande invadir meu corpo inteirinho, e sem pensar duas vezes, pego Kate dos braços de Lena e a arrumo em meus braços, beijando sua bochecha.

- Oi, titia! Como você está linda! Linda! Linda! Acorda, mocinha.

Falo sentando no sofá e acordado Kate, que dá uma resmungada e fecha os olhos fazendo um biquinho  engraçado.
Helena senta ao meu lado e olha para o porta retrato, quando percebo que sua expressão está preocupada, arrumo Kate deitada em meus braços a deixando dormir e sorrio.

- Eu estou bem, Lena...

- Há um tempo você não usa a correntinha... Não coloca essa foto no porta retrato... Não escuta essa música... Você não está tão bem assim, está?

Respiro fundo, realmente esconder as coisas da Helena é impossível.

- O que aconteceu?

- Não surta, tá?

Ela balança a cabeça assentindo.

- Ontem fui assaltada no estacionamento do mercado.

- Teresa, por quê...

- Calma -  interrompo. - Eu estou bem. Tinha, tinha um policial lá e ele tentou me ajudar.

- Tentou?

- Tentou. Correu atrás do ladrão, mas ele era tão mole que deixou o cara fugir.

- Ele te machucou?

- Não! Eu estou bem. Ele apontou uma arma, mas não fez nada - seguro a mãozinha de Kate e coloco meu dedo em sua mãozinhas, ela o segura, mesmo dormindo, volto a olhar para Helena. - Quando fui para a delegacia fazer a denúncia, o delegado chegou e disse que o nome dele era Vicente...

- Ah, Teresa - ela diz pegando minha mão. - O que eu já te disse sobre nomes?

- Eu sei, eu sei, Lena... Mas é impossível não me lembrar dele quando escuto seu nome.

- Ainda sente falta dele, né?

- Eu continuo sentindo falta do Vicente todos os dias... Não como quando eu era pewuena. É bem diferente, mas continuo. Queria saber como ele está, como está sua vida, como esta vivendo hoje, qual profissão escolheu. Se já tem filhos, se casou... Queria olhar pra ele sabe?

- Bom, sabe que isso pode vir acontecer não sabe? Está em Nova Iorque e as chances de encontrar com ele são grandes.

- Você me ajudou muito viu, Lena!

- Desculpa - fala rindo.

- Não só queria ver o Vicente. Eu queria saber da Luz... Como será que ela está?

- Com a mãe que ela tem, tenho certeza que já está andando de um lado para o outro. Você como ninguém sabe que a dona Amélia era uma mulher bem focada e eu tenho certeza que ela fez de tudo para fazer a Luz andar.

Balanço a cabeça assentindo.

- 20 anos depois e você ainda se sente culpada pelo que aconteceu, Teresa... irma, você não tece e não tem culpa do que aconteceu. Foi um acidente, um acidente que custou muito a você, ao Vicente e principalmente custou para a Luz. Acidentes são acidentes, Teresa e não existe culpados em acidentes!

Helena beija minha mão, sorrio também beijando a dela.

- Hoje você é uma médica cirurgiã ortopedista espetacular e todas as pessoas que você ajudou trouxe para o seu coração um pouquinho de conforto. Eu vi você colocar o rosto nós livros e ajudar pessoas que sofriam com a paraplegia há anos devolvendo a elas a oportunidade de voltar a andar. E eu sei, como sua irmã, que ao ajudar essas pessoas, você imaginava que poderia ser a Luz. Agora você precisa deixar que esse trabalho, essa profissão que escolheu, tire essa culpa que não é sua, do seu coração.

- Eu te amo, Lena! Te amo!

- Eu também te amo, Teresa!

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Até amanhã!
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