Capítulo 4

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Primeira fase
Última parte

Texas

Tâmara

Desde que os Smith foram embora, tudo mudou, a rotina, as conversas, as risadas, absolutamente tudo mudou.
Não era apenas Vicente e Teresa que tinham uma amizade, Amélia e eu também éramos amigas, quando Gregorio conseguiu um emprego na empresa Pluris, não demorou muito e nos mudamos para cá, com indicação do Francisco e da Amélia. Com o passar dos anos, acabamos virando amigas, daquelas que tomam vinho durante a noite papeando sobre a vida. Gregorio e eu tínhamos apenas a Helena, e quando fiquei grávida da Teresa, Amélia também ficou grávida do Vicente, com poucos 2 meses de diferença.
É estranho sair de casa e não ver o Vinícius brincando de bicicleta, não ouvir a voz do Vicente chamando por Teresa e os dois indo ler um livro, estranho não ouvir o chorinho da Luz e a voz da Amélia me chamando para ajudar com a pequena.
Enfim, é estranho não ter os Smith por perto...
Mas vamos superar isso!
Vamos superar essa distância, vamos superar a dor, vamos superar a culpa, vamos superar!

- Estou pronta, mamãe...

Teresa diz descendo as escadas, sorrio fraco e pego sua mão, logo ela senta em meu colo, beijo sua testa.

- Você está com o rostinho mais corado, meu amor... Se sente bem?

- Sim - ela balança a cabeça assentindo.

- Não sabe como a mamãe fica mais tranquila, filha!

- O que eu vou dizer quando perguntarem por quê o Vicente foi embora?

- Você não vai dizer nada... Você não é obrigada a responder perguntas de ninguém, meu amor. Só, só ignora as perguntas...

Ela balança a cabeça assentindo.

- Quer ficar em casa hoje? Amanhã você vai, pode ser?

- Não, mamãe, eu quero ir... Eu quero ir sim, eu preciso ir pra não ficar triste aqui.

- Filha...

- A Lena me distraí, mas quando ela não pode ficar comigo, eu sinto muita saudade do Vice. Então, a escola vai me ajudar, não é?

Sorrio a abraçando, acaricio seu cabelo enquanto ela deita a cabeça em meu ombro.

- Vai te ajudar sim, meu amor! Vai sim... E não só a escola, mas a gente também, sua família, vamos cuidar de você e não vamos te abandonar nunca.

Beijo a testa dela.
Escutamos a buzina do transporte escolar, Teresa levanta e pega a bolsa.
Pego a mão dela e saímos, logo que chegamos na rua, a tia do transporte lança um sorriso largo e diz:

- Estávamos com saudade, Teresa!

- Oi tia Júlia!

Teresa sorri fraco e se vira para mim, a abraço novamente e quando nos afastamos, beijo sua testa e sorrio acariciando sua bochecha.

- A mamãe te ama muito está bem? Nunca, nunca esqueça isso.

- Eu também te amo, mamãe!

Ela me abraça novamente, um abraço apertado, cheio de amor, o amor que só eu posso dar a ela e lançar fora toda essa dor.

- Agora vai, meu amor! Estarei aqui de tarde para te receber, ok?

Ela sorri e balança a cabeça assentindo, após beijar minha bochecha, sobe no transporte, sorrio para Júlia que também sorri e fecha a porta, logo o transporte vai embora, levando minha filha para o primeiro dia de aula após tanta dor.

- Vai com Deus, filha...

Terminei de arrumar o quarto de Teresa, enquanto arrumava, achei o porta retrato, dela e do Vicente, em baixo do travesseiro, sorrio olhando a foto e coloco de volta no criado mudo.
Quando faço menção de pegar o cesto de roupas sujas, me viro e fito Helena parada na porta entreaberta, sorrio.

- Chegou faz tempo, filha?

- Não, cheguei agorinha... Comprei uma coisinha pra Teresa. Quem sabe ela esquece um pouquinho.

Sento.

- Esquecer? Ah, filha, não vai ser fácil ela esquecer assim.

Helena entra e também senta na cama, ao meu lado.

- A amizade dela e do Vicente não vai ser esquecida assim... Talvez com o tempo, ela vai se recuperando, mas agora, vai ser bem difícil... Não é apenas a saudade do melhor amigo, também é a culpa. A gente sabe que a culpa não é dela, mas e ela? Ela não sente o mesmo que a gente.

Respiro fundo.

- Quero cuidar da minha menina....

- Nós vamos cuidar, mãe... Ela tem a gente. Tem a família dela. E juntos vamos fazer ela superar toda essa situação. Ela não está e nunca estará sozinha, ela tem uma família que a ama muito e que a apoia incondicionalmente.

- Ela vai superar?

- Ela vai superar... Aliás, nós todos vamos superar tudo isso.

- Ah, Helena!

Helena entrelaça seu braço ao meu, então deita a cabeça em meu ombro e ficamos olhando para o quarto, paradas, pensativas.

- O que você comprou pra ela?

- Hoje vamos fazer uma noite das meninas! Chocolate e filme de terror.

- Terror, Helena?

Helena da uma gargalhada e levanta a cabeça, ela levanta pegando a sacola e tirando os DVDs de filmes de terror.
Uma capa mais feia que a outra.

- Credo, Helena!

- A Teresa adora filmes de terror. Parece que não conhece sua filha, dona Tâmara!

- Eu tenho filhas estranhas. Meu Deus... - falo levantando. - Assiste uma comédia, um romance, drama, sei lá...

- Terror é o que ela gosta, então, vamos gritar bastante hoje.

- Meu Deus, por quê eu tenho filhas estranhas?

- Deixa de drama, dona Tâmara!

Rimos, então pego o cesto de roupas sujas e após beija a testa de Helena saio do quarto rumo a lavanderia.
Enquanto coloco a roupa na máquina de lavar, minha mente vai em Teresa.
Como ela está?
Como está passando na escola?
Como está sendo voltar sem o Vicente?
Será que comeu?
Será que alguém perguntou a ela o que aconteceu?
Será?
Como?
Muitas perguntas sem nenhuma resposta.
A única coisa que peço é que ela esteja bem, esteja forte e que ela consiga passar por todo esse inferno.
Eu só quero que minha filha volte a ser a criança de 13 anos que ela era antes da Luz cair daquela escada. Só quero que minha Teresa volte a sorrir, cantarolar, fala como se não houvesse amanhã, só quero que ela volte a ser a minha Teresa sorridente...
É isso que eu peço...

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Acabou a primeira fase!
Próximo capítulo com o salto temporal de 20 anos.

tô emocionada.

Até !

Unidos por ela - 1° Temporada - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora