Capítulo 17

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Teresa

Terminei a cirurgia nas duas crianças me sentindo tão mal que não consegui conter minhas lágrimas ao sair da sala de cirurgia.
Um acidente de carro fatal que custou a vida dos pais das crianças que agora, são órfãs.
Nada mais doloroso saber que essas duas crianças, de apenas 4 anos, vão sofrer a dor da perda de alguma tão importante assim, tão cedo.
Encostei na parede do corredor das salas de cirurgia, apoio minhas mãos em meus joelhos e respiro fundo tentando me acalmar. Quando faço menção de limpar minhas lágrimas, fito Samuel, ele abre um sorriso fraco e no mesmo instante me envolve em seus braços, e esse ato, esse simples ato me faz desabar em lágrimas. Lágrimas de indignação...
Lágrimas de dor...
Lágrimas de quem queria, com todas as forças, privar essas duas crianças da dor que estão prestes a sentir com a perda dos pais.

- Calma, meu amor...

- Isso é tão injusto, Samuel, - falo entre lágrimas, com minha voz embargada. - Isso é tão injusto. Eles são tão pequenos. Tão pequenos...

- Eu sei... eu sei... Shiii - ele beija minha cabeça, e acaricia meu cabelo.

Samuel e eu ficamos abraçados por alguns instante, e quando seu carinho e amor me acalma, nos afastamos e ele limpa minhas lágrimas com seu polegar.
Sorrio fraco e beijo a palma da sua mão, em seguida, selamos nossos lábios.

- Está mais calma?

- Sim... obrigada. Você é meu pontinho de paz, além de também ser meu pontinho de estresse.

Rimos.

- Ver você na sala me deu forças para não desabar... Acha que eles ficarão bem?

- Você é a melhor cirurgiã que eles poderia ter hoje. Tenho certeza que eles ficarão bem, bom, na medida do possível...

- Eu vou ficar de olho neles. Vou descer na pediatria a cada 30 minutos para examinar e checar os sinais deles.

- Tudo bem... Eu tenho mais alguns pacientes. Mas antes vou tentar localizar alguém da família deles. Um avô, uma avó, tios, tias... Alguém tem que ter, certo?

Balanço a cabeça assentindo.

- Primeiro dia no trabalho e já com um caso delicado... Você é sortudo, meu amor.

- Eu queria chorar por eles, mas eu preciso ser o apoio deles nesse momento. São apenas crianças. E eu farei o possível para dar a eles um pouquinho de conforto.

- É por isso que eu te amo... Sua sensibilidade me encanta, Samuel!

Nos beijamos, sorrio acariciando sua barba, quando faço menção de dizer algo, uma luz rosa e um som de alerta começa a tocar.
Samuel e eu nós entreolhamos.

- O que é isso?

Olho o celular e vejo a mensagem:
Código rosa.
Subo meu olhar para Samuel.

- Código rosa?

- No Fildes, código rosa era sequestro de criança...

- Meus pacientes!

Unidos por ela - 1° Temporada - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora