F*ckstories ✔️

I

Suou frio, abanando o rosto coberto de vermelho intenso como o calor que tomou conta de seu corpo. Desistiu de se conter e se permitiu voar com as asas da mente.

Envolvida pela música, remexeu o corpo no ritmo e se pegou rebolando contra a versão imaginária dos lábios do alvo de suas maiores fantasias. Revirou os olhos e se deixou levar pela mente fértil que o fez surgir triunfal entre suas pernas, subindo as mãos pela barriga saliente até chegar em seus seios modestos e brincar com seus mamilos perfurados enquanto a boca cuidava de outros cantos. Impossível conter o suspiro e o ímpeto de se provocar. Penetrou-se como o queria em si. Gemeu como queria gemer para ele. Queria ela ter poder comparativo entre ficção e realidade, contentando-se com meras ilusões.

O que pesava mais na mão, o coração ou o desejo extravasado pelos dedos nervosos mas delicados ao explorarem sua sensibilidade? Não importava contanto que gozasse antes que a versão slowed and reverb oficial de seu clipe favorito acabasse. O friso na cara maldita de seu badboy de estimação, claro, foi um dos grandes responsáveis pela consagração do auge.

Reinando no horizonte do prazer, lá estava ele! Santiago Uchoa ou simplesmente Sants, como conhecido em sua carreira internacional de rapper, ou, como ela preferia chamar, combustível de seu fogo. Gostoso, lindo, com uma vida pessoal bem reservada e uma marra que dava a qualquer story dele sorrindo de canto doses excelentes de sex appeal como o que a dominou. Esse era o momento em que ela se enchia de vergonha por sentir prazer chamando o nome de um rapaz que nem sabia da existência do seu ou muito menos imaginava as grandes estripulias que realizavam juntos em sua cabeça.

Se sentir como uma puta barata dona dos mais escrachados fetiches não seria problema se em vez de ilusões de sua cabeça pervertida, tivesse mesmo sentado na cara daquela delícia que povoava seus lados safados e toda a sua admiração de fã, porém o apreço pela carreira e vida de batalhas não tinha espaço no momento em que o único suor que lhe importaria seria o de seu corpo roçando no dele no frenesí carnal do sexo, real dessa vez. Sorriu safada ao fim da masturbação. Sorriu doce se julgando uma otária que não saiu da adolescência ao não se limitar à fanfics de qualidade duvidosa pra satisfazer a clichê fixação sexual por um ídolo inatingível até então.

Limpou-se voando entre as nuvens do pensamento sobre o quão velha estava pra essas coisas. Beirando os trinta e siricando para famoso, Monique? Sim e faria quantas vezes maia tivesse vontade, porém agora era a hora de ser uma seguidora como outra qualquer que festeja títulos, dá view pro artista e aproveita o tempo livre pra xingar muito no Twitter qualquer um que desmerecesse o fandom ou mesmo a trajetória icônica da qual tanto se orgulhavam. Irracional se dedicar com mais amor a isso que aos livros de receita sobre a mesa? Talvez, mas quem se importa? Suas frustrações com a carreira na confeitaria não cabiam em sua vida fake virtual onde só o que sabiam era que era tão louca por ele a ponto de lançar a trend de marcá-lo como melhor amigo para stories privados no Instagram. Uns tiravam sarro, outros a imitaram. Todos, a começar por ela, concordavam que a maior loucura foi fazer isso na mesma conta que usava pra se vender como a melhor doceira de sua cidade em de sua flopada fanaccount, mas foi o auge da emoção dos últimos anos e não quis desapegar do que começou com um erro e já durava bons meses sem alteração.

Nunca teve a esperança de ser vista por ele entre tantas contas ávidas por migalhas de atenção de um moço ocupado, mas se rolasse um dia surtaria.

Se poderia citar milhares de coisas pra encher linguiça, mas se você chegou até aqui, sabe que rolou. E isso acabou com alguém desmaiada em uma cozinha apertada depois de verificar quem mais visualizou o último post restrito. @SantUchoa a viu lamber o polegar sujo de creme de confeiteiro e esse foi o motivo de seu colapso!