Uma chance

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-SHIKADAI EU VOU MATAR VOCÊ!

-Eu não tenho culpa!- me defendi ainda dentro do banheiro.

-CLARO QUE TEM, VOCÊ SABE QUE PODE INDUZIR O MEU CIO!- gritou bravo.

Mas... Que história é essa?

-Como assim Jin?- perguntei confuso.

-E ainda diz que tem 200 de QI...- o ouvi murmurar do outro lado.- Quando duas pessoas tem uma ligação, se o ômega estiver próximo do período de cio o alfa pode acabar antecipando ele. Você é burro ou se faz?

-Ah cala a boca, só rolou um pequeno equívoco aqui.- retruquei mal humorado.

Eu sabia disso, mas não é culpa minha se esse ômega distorce os meus sentidos e confunde a minha cabeça...

-Você é muito estúpido...- o ouvi sussurrar.

Ignorei e disse pro ômega que ficaria no banheiro até que ele se vestisse.

Cinco minutos depois o loiro avisou que eu já poderia sair.

Lógico que quando eu saí, as coisas ficaram estranhas. Bem estranhas.

Já era esperado, já que esse foi o meu primeiro beijo com Inojin.

Ficamos em um silêncio desconfortável sentados em nossas respectivas camas, olhando para pontos aleatórios do quarto.

-Olha eu só não quebro a sua cara por consideração a tia Temari.

-Ah desculpe, eu achei que você tava curtindo?- rebati arqueando as sobrancelhas de forma sarcástica.

-A-achou errado, s-seu estúpido!- respondeu corado.

-Então eu posso tentar de novo? Tenho certeza que vai curtir dessa vez...- falei sorrindo de lado e fiz menção de me aproximar, apenas para ver o menor arregalar os olhos e se levantar apressado.

Observei o loirinho envergonhado andar até a porta do quarto e respirar fundo, então se virou e me olhou sério.

-Olha eu sei que... Você acha que pode fazer ou falar qualquer coisa e eu vou simplesmente aceitar. Mas não é assim que a banda toca. Eu vou... Fingir que aquilo nunca aconteceu, pois não era pra ter acontecido.

-Jin senta aqui, vamos conversar.

-Não me chame assim!- exclamou com as sombrancelhas franzidas em irritação.

Respirei fundo e andei até ele, parei em sua frente, peguei suas mãos entre as minhas e olhei em seus olhos.

-Eu tenho total consciência de que eu fiz muita merda e que te magoei mais do que eu talvez possa imaginar. Mas eu estou aqui abrindo meu coração pra você e te pedindo uma chance, uma única chance pra te reconquistar.

Os olhos do ômega se encheram d'água e para contê-las, o pequeno os fechou com força e virou o rosto para o lado.

Ficamos alguns segundos em silêncio, eu encantado com o jeito que ele ficava fofo com os olhos fechados e um biquinho nos lábios, e ele provavelmente pensando em uma forma de me matar sem levantar suspeitas.

O loiro respirou fundo e disse:
-Não.

Em seguida puxou suas mãos das minhas e se afastou até estar encostado na porta do dormitório.

O olhei atônito por alguns instantes, antes do menor continuar.

-Eu sei que agora temos essa coisa de almas gêmeas mas... M-mas eu não consigo me imaginar te dando uma "chance". N-não confio em você Nara. Você deve achar que um pedido de desculpas vai simplesmente apagar o que houve naquele dia e talvez realmente apague pra você... Porém, para mim as coisas não são assim tão fáceis. Você... Foi o maior erro da minha vida e nós nem tínhamos idade o suficiente para saber que era um erro.

Meu mundo desmoronou.

-Ji-Jin...- o chamei baixinho tentando me aproximar.

-Não me chame assim, por favor...- o menor me olhou nos olhos, deixando as lágrimas saírem e então estendeu os braços para me impedir de chegar perto.- Não entende que dói?

-Tenho quase certeza de que sei como dói...- sussurrei.

-E-eu v-vou ver o Boruto...- tateou a porta até achar a maçaneta e então saiu do quarto rapidamente.

Me arrastei até minha cama e me joguei nela, agarrando meu travesseiro como se ele fosse me consolar.

Agarrei meu celular que estava na escrivaninha e disquei o número da minha mãe.

-Garoto não tem nem dois dias que eu te deixei na escola, O QUE VOCÊ QUER?- questionou irritada.

-Mãe...- murmurei choroso.

-O que houve meu amor?! Está ferido? SHIKAMARU LIGA O CARRO, VAMOS VER O MEU FILHOTE!

Mamãe é meio bipolar.

-Não precisa mamãe, é só que... Eu encontrei ele.- sussurrei a última frase.

-Inojin? Finalmente! E qual é o problema?

-Nós... Meio que... Somos almas gêmeas.

Houve um longo minuto de silêncio e afastei o celular do ouvido, já prevendo o grito que minha mãe daria.

-E COMO VOCÊ SÓ ME CONTA AGORA, SEU MOLEQUE MISERÁVEL? SHIKA, É O MENINO INOJIN! EU SABIA, EU SABIA, EU SABIA!

-Sabia do que, meu amor?- questionou uma voz cansada, ao fundo.

-Que o Yamanaka era alma gêmea do nosso filho! Eu te disse, não disse? Mães nunca erram!

-Ér... Mamãe? Eu ainda estou aqui, sabe?- murmurei risonho.

Minha mãe feliz sempre me deixava feliz também.

-Ah sim, diga logo qual é o problema.

-Ele me odeia...- sussurrei ficando triste de novo.

-E você está surpreso? Pensei que fosse inteligente, filho. Não achou que ele ia simplesmente se jogar nos seus braços e te beijar, achou?- perguntou irônica.

-Claro que não! É só que... Não achei que as palavras dele iam me machucar tanto.

-Isso se chama Karma, depois do que fez o loiro sofrer, merecia ficar mal mesmo.

-A senhora é minha mãe, será que dá pra me apoiar?!- questionei indignado.

-Não filho, não tem como te defender. A única coisa que posso te dizer é... Não desista. Não sem tentar. Tentar de verdade. Faça o possível e o impossível para reconquistá-lo.

-Eu não vou desistir dele! Obrigado mãe...

-De nada, meu anjo. Agora tenho que ir, vou ligar para Ino para começar a fazer os planos para o casamento de vocês. Tchauzinho!

E desligou.

Gargalhei e me ajeitei de forma confortável decidido a dormir até amanhã.

Logo peguei no sono, enquanto pensava em possíveis ações para reconquistar o meu ômega.

Sonhei com o lindo sorriso dele enquanto andávamos de mãos dadas  em uma praia.

Nossa história juntos ainda não acabou Jin.

Destinados (ShikaJin) ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora