Capítulo 6

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P.V LOKI

Chegamos a Alfheim em um silêncio mortal. Ótimo! Falar com essa anta era a última coisa que eu queria hoje. Precisava respirar e descansar. Não aguentaria ficar no palácio de Asgard, vendo minha Sigyn conversando com seus pretendentes. Meu coração se apertou só de lembrar que a perdi. Eu não deveria ter dito aquelas coisas a ela. Deveria ter sido mais compreensivo e acalmado minha pequena. Idiota!

-Loki, Frey deve te receber no palácio. Pode ir. Vou indo para minha casa.- falou Lorelei com todo o ódio que conseguiu. A brincadeira do escorpião parece ter afetado ela. Ri por dentro ao lembrar do desespero dela.

-Ok.- falei deixando-a para trás e seguindo rumo ao palácio.

-Não vai nem se despedir?- gritou para mim.

-Oh, me perdoe. Estava tão ansioso para me livrar dessa sua cara de sonsa que até me esqueci de minha educação. Tchau, embuste. -sorri debochado e voltei a andar. Apenas a ouvi gritar e bufar. Isso me fez sorrir. Adorava essas reações nervosas das pessoas.

Assim que cheguei, pedi aos guardas que anunciasse minha chegada a Frey. Sabia que ele odiaria, mas não negaria minha estadia pela paz entre nossos reinos.

-O que faz aqui, Loki? Veio colocar mais umas cobras em minha cama? Ou passou a trabalhar apenas com escorpiões?- perguntou debochado. Não pude evitar um sorriso.

-Oh claro que não. Vim fazer uma visita de paz. Uma moradora de Alfheim foi...vítima de um animal peçonhento em Asgard, e como príncipe, eu vim acompanhá-la e esperar que se estabilize. -falei com a maior falsidade do mundo. O ódio que sentíamos um pelo outro nunca foi novidade pra ninguém. Desde que o impedi de se tornar noivo de Sigyn, mantínhamos essa rivalidade.

-Animal peçonhento é? Qual deles? Você ou o escorpião?

-Um pouco dos dois. -falei com orgulho.

-Diga logo. Por que ainda está aqui?

-Vim me hospedar por alguns dias. Quero fazer uma visita diplomática e desfrutar da doce companhia de sua irmã.

-Se chegar perto da minha irmã, eu te mato.

-Bom, receio ter que conversar com ela por telepatia.

-Você pode ficar, mas qualquer coisinha que acontecer aqui, considerarei culpa sua e voltará imediatamente para Asgard.

-Compreendo. Bom, posso ir ao meu novo quarto, majestade?-perguntei com ironia.

-Peter, leve o...príncipe Loki até seus aposentos.- o guarda fez um reverência e pediu para que eu o seguisse.

Ao chegar no meu quarto, tomei um banho e me vesti. Saí a procura de Freya, pois eu queria saber mais sobre os dias que Sigyn passava aqui. Ainda não conseguia acreditar que ela me trocou por um nobre. Espero que Freya saiba de algo.


P.V SIGYN

Depois de acomodar no quarto, resolvi seguir para a vila. Queria que o povo me visse como alguém acessível .As casas eram bem simples, mas bem estruturadas. Cheias de enfeites que decoravam a entrada de cada uma delas, o que me fez sorrir imaginando como seria poder decorar minha própria casa. Mais a frente havia um feira para o povo. Vendia de tudo; legumes, roupas, artesanatos...era incrível. Assim que cheguei, todos me reverenciaram e eu sorri da forma mais calorosa que pude. Fiz questão de comprar algumas coisas, pois, além de lindas, estaria ajudando meu povo. Me sentia orgulhosa deles. Uma menininha de aproximadamente 5 anos agarrou em minha perna e perguntou com um lindo brilho nos olhos:
-Você que é a princesa? Não pude deixar de sorrir para a menina, que possuía lindos cabelos castanhos e olhos da mesma cor.
 -Sou sim. Qual é seu nome?
-Anne. Tenho 4 anos. Vou fazer 5 daqui duas semanas.- falou toda sorridente e agitada.
-Oh, que maravilha. Lhe trarei um presente então- seus olhos que já brilhavam dobraram o brilho.
-Sério? Obrigada, alteza.
- Não precisa me chamar assim. Me chame de Sigyn, afinal, somos amigas agora, certo?
-Sim! Somos amigas.- No mesmo instante apareceu uma moça por volta dos 33 anos com uma expressão assustada, e puxou Anne rapidamente.
- Filha, não fuja assim de mim. Alteza, me perdoe por ela. É apenas uma criança curiosa. -falou me reverenciando e percebi que temia minha reação.
- Não tem problema! Eu amei conhecer sua filha. Como você se chama?
-Me chamo Mary.
-Oh, tenho uma amiga com esse mesmo nome, e devo dizer-lhe que é belíssimo.
-Oh, muito obrigada, alteza.
-Disponha! Onde vocês moram?
-Naquela casa ali- apontou para uma de cor bege e uma plaquinha na porta.
-Bom saber. Descobri que essa mocinha aqui fará aniversário daqui a duas semanas.
-Sim, ela fará. Prometemos fazer um piquenique no parque as 16h.
-Eu posso aparecer?
-Mas é claro, alteza. Fique a vontade. Agradeço por tudo.
-Que isso! Não fiz nada! Bom, eu preciso voltar para o palácio. Foi um prazer conhecer vocês.
-O prazer foi nosso, não é, Anne?
-Siim! -Falou dando um pulinho e batendo palmas. Não pude evitar sorrir. Eram realmente adoráveis. Segui em direção ao castelo e encontrei meus pais na mesa de refeições.
-Olá, querida. Onde esteve essa tarde?- perguntou minha mãe servindo um pedaço de bolo para si.
-Fui na vila. Sabia que tem uma feira lá? Fiquei impressionada com as coisas maravilhosas que encontrei. As pessoas são tão talentosas! Conheci uma menininha chamada Anne. Ela é uma graça. Você gostaria de conhece-la.
- Que bom que está se dando bem com as pessoas daqui. - disse meu pai.
-Sim, eu estou muito bem aqui. Não vejo a hora de ajudar as pessoas. O que tiver faltando a eles, eu pretendo providenciar. Nesse momento, um guarda entrou com um envelope na mão e disse:
-Majestade, carta do rei Odin para o senhor.
-Me dê aqui, por favor. Assim que lhe entregou, o guarda saiu e um silêncio ficou na mesa enquanto meu pai abria e lia a carta. Assim que terminou, guardou em seu casaco.
-O que ele queria?- perguntou minha mãe.
-Nada demais. Apenas saber se chegamos bem.- sorriu forçado. Comemos em silêncio pelo resto da refeição. Pedi licença e me retirei. Estava exausta. Precisava dormir.

 NA SALA DE REFEIÇÕES...

-O que Odin realmente queria?- perguntou a rainha.
-Nos avisou que Loki está em Alfheim e permanecerá por mais duas semanas. Após esse período, podemos enviar nossa filha para lá.
-E o que pretende dizer para convencê-la?
-Apenas inventarei uma espécie de aprendizado com Freya para ser rainha. Não pretendo enviá-la logo assim que Loki retornar. Pode ficar suspeito demais. Vou deixá-la mais uns dias por aqui. Viajará para vários reinos, aprenderá tudo que ainda precisar aprender e, enfim, a mandarei para Alfheim por tempo indeterminado. Ela passará seu tempo com Freya e Frey tentará conquistá-la.
-Você está sendo cruel. Inventará desculpas ridículas para afastar sua filha de Loki. No inicio, poderia até ser algo de criança, um sentimento infantil, mas já faz 7 anos que eles estão juntos. Não impeça isso. Por favor.
-Não! Não permitirei que minha filha se case com um gigante de gelo. Ele é um monstro! Se você tentar impedir, eu a trancarei para sempre e matarei aquele verme.- o rei disse com a voz já elevada. A rainha o olhou assustada. Não reconhecia seu doce marido. Apenas acenou com a cabeça e se retirou.


P.V LOKI

Depois de finalmente encontrar Freya, nós seguimos para o jardim. A conversa seria longa. Pelo menos eu achei que seria.
-O que quer saber Loki?- perguntou docemente.
-Quero saber o que você e Sigyn conversam quando ela vem aqui.
-E por que eu contaria a você?
-Porque posso lhe dar algo em troca.
-Hum...negócios. Em matéria de cérebro, você é um bom representante da família, não é?- falou sedutora. Mesmo que fosse a deusa do amor, eu não me deixava levar por seus encantos. Não era manipulado facilmente como os outros burros que se envolviam com ela.
-Com certeza sou a melhor opção.
-O que me daria em troca?
-O que você deseja em troca, minha cara?
-Hum... sabe, Loki, eu sempre quis um colar. Não um qualquer, obviamente. Quero um colar mágico. Feito pelos anões.
Droga. Mulher difícil. Claro, não seria problema conseguir o que queria, mas sei que ela só vai me falar quando tiver com ele em mãos.
-Que seja. Me responda uma coisa apenas por enquanto: Ela falou de mim para você?
-Depois de muita insistência, sim. Sou a deusa do amor, acha mesmo que não identificaria quando alguém está amando? Ela me amava. Isso já era suficiente para mim.
-Vou atrás do colar hoje mesmo. Chego em três dias.
-O que quer que eu te conte exatamente?
-Tudo que ela falou sobre a vida amorosa e o reinado.
-Boa sorte, Loki.- ela se levantou e saiu andando pelo jardim. Bom, quanto mais cedo eu partisse, mais cedo conseguiria minhas respostas.

O outro lado da históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora