Capítulo 9

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P.V LOKI


Assim que retornei a Asgard fui à sala do trono dizer a meu pai que estava tudo bem com Lorelei e que éramos muito queridos em Alfheim apesar do ocorrido. Aquela história de sempre. Após isso, corri para a biblioteca para procurar Sigyn, que, nessa hora, deveria estar lendo algo por lá. Ao abrir as portas, não vi ninguém além de minha mãe, sentada exatamente onde Sigyn sentava.
-Oh meu filho, que bom que voltou.- falou vindo em minha direção e já me abraçando.
-Não aguentava mais ficar longe de casa. Onde está Sigyn? Tivemos um pequeno...desentendimento e queria conversar com ela a respeito.
Percebi que minha mãe abaixou a cabeça em pesar, e então meu coração pulsou mais forte que nunca. O que aconteceu a Sigyn?
-Querido, Sigyn partiu para Vanaheim...e foi de vez.
Aquilo foi como uma facada no meu estômago. Ela tinha ido embora...mas...
-Mas por que? Por que ela não me esperou? Por que não a impediu de ir?- já estava alterando minha voz.
-Loki, você escolheu deixá-la aqui sem respostas, sem nada. Não podia impedi-la de voltar para casa sendo que não fazia ideia de quando você retornaria. Isso é conflito de vocês dois, não meu. Agiu errado em abandoná-la sem nem saber o ocorrido. Sempre tão precipitado, meu amor.
Não conseguia nem absorver o sermão. Ela tinha voltado com aquele nobre? Não, ela não me largaria assim. A nossa história é longa demais para acabar dessa maneira.
-Tudo bem, minha mãe. Eu irei agora mesmo a Vanaheim trazê-la de volta.
-Ela não está em Vanaheim.
-Mas a senhora disse que ela tinha voltado para casa.
-Sim, mas o rei a mandou em uma missão aos nove reinos, para que ela já conhecesse um pouco do governo de cada região.
-Isso é patético! Ela aprenderia muito mais aqui. Temos uma biblioteca vasta, na qual ela já fez inúmeras pesquisas e sabe muito sobre cada reino. Sem contar que eu a levaria nas reuniões do Conselho.
-Sabe que seu pai não permitiria isso. Loki, ela será rainha. Precisa aprender mais sobre governo. Deixe-a crescer e depois corra atrás do que é seu.
-A senhora sempre foi a favor de nós dois. Por que está se opondo agora? Ela ficou noiva daquele nobrezinho ridículo e não quer me falar? - já estava extremamente nervoso.
-Não, filho. Eu só quero o bem de vocês dois. Você é muito importante para ela também, não tenha dúvida disso. Ela vai voltar.
-Mãe, eu sei que ela pode voltar, mas agora não cabe a ela tomar essa iniciativa, cabe a mim.- beijei a testa de minha mãe e saí rapidamente da biblioteca para que o assunto não se prolongasse por mais tempo. Agora, eu precisaria de um feitiço de localização para saber exatamente onde ela estava.
Entrei em meu quarto e rapidamente peguei meu livro de feitiços, pois não lembrava bem como fazia aquele. O mais frustrante de tudo foi não conseguir identificá-la. Eu não sabia se havia algo errado com o feitiço ou comigo.
-Droga!- joguei o livro longe. Inútil. Resolvi perguntar então à única pessoa que vê tudo: Heimdall.
Assim que cheguei na cúpula dourada, Heimdall disse:
- Ela está sob algum feitiço de acobertamento, meu príncipe. Nem mesmo eu consigo vê-la.
-Como? Como isso é possível?
-A magia pode ir muito além do que já conhece.
-Quem fez isso a ela?

-Não sei, Loki. Mas sei que é alguém sábio o suficiente para se encobrir também.

-Então não queria que você soubesse.
-Talvez...
-Foi planejado para que eu não soubesse onde ela está. Quem faria isso?
Fui para a biblioteca e passei horas procurando esse feitiço, e foi aí que aprendi a me esconder de todos para pregar peças maiores. Era um feitiço útil, mas, naquele momento, eu só queria saber como revertê-lo. Pelo que li, precisaria de um bom tempo de treinamento e aperfeiçoamento do feitiço, até porque, qualquer erro, distração ou energia negativa, poderia matar Sigyn, então passei quase duas semanas treinando para trazê-la de volta. 


P.V SIGYN

Duas semanas se passaram desde que saí de Midgard. Eu já sentia falta de casa, falta da minha cama, das minhas amigas e falta do Loki. Aquele sentimento não passava, a saudade não diminuía. Não era uma especialista no amor, mas sentia que aquilo em meu peito era amor. Faria de tudo para protegê-lo, mesmo sabendo que ele era melhor nisso do que eu. Queria deitar no colo dele enquanto assistíamos o pôr do sol. Sentir o coração dele batendo contra minhas costas, recostar em seu peito e fechar os olhos como se nada mais importasse. Aquele pensamento fez meus olhos transbordarem e uma dor insuportável aparecer em meu peito. Eu estava em Niflheim agora, me preparando para partir. Meu próximo destino seria Alfheim. Pelo menos tenho Freya lá para me fazer companhia. Estar sem alguém de fato conhecido era uma tortura.

-Vamos, alteza. Frey já está nos aguardando.
- Vamos.- sorri forçado.
Ao chegarmos no reino, Freya veio correndo me abraçar. Confesso que aquele abraço era tudo o que eu precisava no momento. Não aguentava mais ver estranhos me tocando e conversando sobre política e território. Cumprimentei Frey com uma reverência e ele beijou minha mão.
-Olá, Sigyn. Seja bem vinda.- sorri com o carinho em me receber tão bem apesar de tudo.
-Olá, Frey. Muito obrigada pela recepção.- ele sorriu em resposta e Freya já foi me puxando pelo braço até meu quarto.
-E então, Sigyn? Me conte as novidades.
-Ah Freya. Nada demais. Tenho só rodado os reinos por aí por motivos estúpidos mesmo.
-Entendo. Está nova para começar. Comecei mais jovem ainda, mas não tive escolha. Você tem seus pais ainda.
-Pois é! Foi o que eu disse ao meu pai, mas ele insistiu nessa viagem. Parece até que ele não me quer em casa.
Nesse momento, Freya olhou para os pés e ficou com um semblante pensativo, como se soubesse de algo.
-Freya, você sabe de alguma coisa?
-Não exatamente. Estou tentando juntar os pontinhos.
-Que pontinhos?
-Loki ficou aqui por mais ou menos duas semanas e me perguntou de você.
-Sério? O que ele perguntou?
-Tudo. Se você o amava, o que tínhamos conversado, sobre a chance dele ser rei, etc.
-E por que ele queria saber disso?
-Ele estava confuso. Me contou da briga que tiveram e que a culpa era totalmente dele. Loki precisava pensar sobre a situação, e principalmente me pedir conselhos de forma indireta. Sabe como ele é orgulhoso né? Pedir perdão e conselhos de uma vez só é demais para ele. Por isso ficou por tanto tempo.
-E a Lorelei?
-Ele nem deixou ela em casa. Mandou um guarda deixar e nunca mais a viu.
Naquele momento, meu coração se encheu de alegria e culpa por ter pensado que ele me trocaria.
- Pelo visto, ele voltou pra Asgard.- falei triste.
-Sim...mas me conta uma coisa: Por que você beijou um nobre na sua festa de aniversário?- falou com uma sobrancelha arqueada.
-Loki te contou isso?
-Sim!
-Droga! Então ele viu mesmo. Não foi minha intenção. O cara me pegou de surpresa e me beijou.
Disse que ocuparia o lugar de seu pai no Conselho quando eu fosse rainha, e se dispôs a ser mais do que um conselheiro, se é que me entende. Logo depois, me beijou. Tomei um susto, mas não fiz escândalo. Apenas neguei e agradeci a fidelidade, porém não estava pensando em casamentos.
-Agora tudo está explicado! Por que não contou isso para o Loki?
-E ele deixou? Quando dispensei o nobre, Loki já tinha sumido. Frigga mandou eu não ir atrás porque nossos pais estavam começando a desconfiar, então eu precisava ser discreta. No dia seguinte, a primeira coisa que fiz após o café foi procurá-lo para explicar tudo, porém ele já tinha vindo para cá com Lorelei. Juntei minhas coisas e voltei para casa. Foi onde meu pai me deu essa missão enjoada.
-Sabe, essa missão dos nove reinos não bateu com a data que Loki estava aqui. Será que foi proposital?
-Meu pai recebeu cartas de Odin assim que voltamos de Asgard. Disse que Odin só queria saber se tínhamos chegado bem.
-Eu não engulo essa.
-Agora estou confusa. Por que isso tudo? Só para me separar de Loki? Odin ficou satisfeito quando me viu indo embora com meus pais. Por que somos tão errados assim?
-Olha, vou te falar algo que falei com Loki. Talvez seus pais não queiram que se case com Loki por ser um casamento menos...favorável.
-Como assim? Ele é um príncipe, Freya. O que tem de menos favorável?
-É príncipe, mas não rei.
-Com certeza Frey que não será meu noivo.
-Não...claro que não. Mas quem sabe o futuro rei de Asgard não seja?
-Thor ou Loki.
-Thor.
-Não sabemos ainda. Odin não nomeou.
-E resta dúvidas de quem será? Se Loki fosse escolhido, porque Odin proibiria o relacionamento de vocês dois, sendo que uniria dois grandes reinos?
-Faz sentido. Mas Thor não faria isso.
-Thor pode não ter escolha.
Aquela conversa me destruiu. Então era por isso que eu estava longe? Essa "missão" era uma distração? Não, meu pai não faria isso.
-Preciso ver Loki.- em meio ao meu desespero, Freya sorriu.- por que está rindo?- perguntei nervosa.
-Você e Loki são muito parecidos e destemidos. Essa foi exatamente a reação dele quando eu disse essa história do trono.
-Como assim?
-Ele imediatamente quis juntar as coisas e voltar para Asgard e procurar por você.- meu coração bateu mais forte. Ele me amava. Foi atrás de mim, mas não encontrou nada. Se eu tivesse ficado em Asgard, as coisas teriam sido mais simples para nós.
-Freya, daqui uma ou duas semanas, ele terá que ir para um fim de mundo para um treinamento. Eu preciso vê-lo. Me ajuda!
-Calma, Sigyn. Para eu convidar Loki, precisaria do consentimento de Frey.
-Droga! Claro que ele não vai dar. E agora?- meu coração estava a mil. Queria poder fugir dali e provar a todos que não precisaria dessa palhaçada de viagem, pois os livros sabiam mais do que todos como governar, e Freya também.
-Vamos agir naturalmente hoje, ok? Amanhã, depois do café, pensamos em algo para atrair Loki até aqui.
Concordei com uma certa relutância, até porque, dormir hoje seria impossível para mim.



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