POV SIGYN
Assim que cheguei a Vanaheim fui para meu quarto tomar um banho e chorar tudo o que estava guardado dentro de mim. Como Loki pôde me expulsar daquele jeito? O que deu nele para desistir de mim assim? Dispersei meus pensamentos cruéis e resolvi saí do banheiro com meu roupão. Coloquei um vestido azul escuro confortável e fui até a sala do trono. Meu pai já estava lá resolvendo problemas com os nobres, e quando me viu os dispensou e me seguiu.
-Sigyn, como está se sentindo?- ele perguntou-Não quero falar nada com o senhor a não ser sobre assuntos do reino. Afinal, foi pra isso que eu vim, não é? Ser rainha, ser responsável.- debochei.
-Sigyn, Loki não é bom para você, ele pode...
-E VOCÊ SABE O QUE É BOM PARA MIM AGORA? NEM O CONHECE! ELE É BOM, E SUA LINHAGEM É APENAS UMA OUTRA DOS TANTOS REINOS QUE EXISTEM.
-Filha, eu sei que está chateada, mas com o tempo você entenderá.- falou com a voz doce. Nem parecia o homem que me obrigou a voltar.
-Não vou ter outra opção a não ser lidar com isso, não é? O que uma escrava da coroa pode fazer por si?
-NÃO DIGA ISSO, SIGYN. VOCÊ NÃO É ESCRAVA. ESSE É O SEU DESTINO!
-MEU DESTINO É GOVERNAR VANAHEIM COM SABEDORIA. MINHA ESCOLHA AMOROSA NÃO PRECISA SER ENVOLVIDA NISSO. QUER PAZ ENTRE OS REINOS? EU LHE DOU A PAZ, AFINAL, FUI CRIADA PELOS REIS DE ASGARD, O MAIOR REINO DE TODOS. QUER EXÉRCITOS? CONSIGO PARA O SENHOR, PORQUE, MAIS UMA VEZ, EU TENHO TUDO A MEU DISPOR GRAÇAS A FRIGGA.
-COMO OUSA DIZER QUE NÃO CRIAMOS VOCÊ?
- ME ENTREGARAM PARA FRIGGA QUANDO AINDA ERA CRIANÇA! E SÓ AGORA ESTOU VOLTANDO PARA CASA DEFINITIVAMENTE. AGORA ME DIZ: QUEM ME CRIOU?
Um silencio se espalhou pela sala. Meu pai suspirou e falou calmamente.
-Não te abandonamos, filha. Nunca! Você quis aprender e Frigga se disponibilizou, então nós...
-Eu não disse que os culpo. Não condenei ninguém. Foram os melhores anos da minha vida e não poderia ser melhor. O ponto que o senhor não consegue enxergar é que eu conheço Loki mais do que o senhor e mais do que Odin. Ele é o melhor de todos, o que eu mais quero para mim. Pai, ele me escuta, me respeita, cuida de mim, me ensina o que eu preciso e me dá espaço para cuidar das minhas coisas. Onde eu encontraria alguém assim? Ele é tão inteligente e estrategista! Não consigo pensar em ninguém melhor para governar ao meu lado.- quando terminei, percebi que meu coração estava cheio de amor e ternura. Por mais que eu brigasse com Loki, eu nunca poderia odiá-lo. Vi meu pai com o rosto quebrado! Sabia que tinha atingido um ponto frágil dele.
-Você o ama.- ele afirmou.
-Sim, eu o amo. Dê uma chance a ele. Por favor.
Meu pai suspirou mais uma vez e olhou para o chão. Parecia nostálgico.
-Sigyn, eu te peço apenas para cumprir suas obrigações como rainha. Vá às reuniões, mostre suas estratégias e seja persuasiva quando necessário. Eu preciso de um tempo para pensar em tudo isso, ok?
Eu sabia que não tinha ganhado a discussão. Mas só de saber que o abalou e o fez repensar, já tinha me deixado satisfeita.
NO QUARTO REAL...
A rainha lia um de seus livros preferidos, quando o rei entrou com uma expressão abatida.
- O que aconteceu, meu rei?- perguntou a rainha.
- Sigyn. Ela o ama tanto que me dói ver que precisarei destruir essa relação.
- E por que precisa destruir? Deixe que vivam o romance deles. Loki pode ser um Jotun, mas teve a mesma criação que Thor. Ele faz bem a ela.
- Nossos netos não poderão nascer com esse sangue. O que será desse reino com um gigante de gelo no trono? O povo nunca aceitará.
- Ele não é visto como um gigante. Loki é filho de Odin.
- Então por que Odin não o colocou no trono de Asgard? Ele realmente considera Loki seu filho? Nós dois sabemos que Thor não nasceu para governar nada além de um exército de soldados.
- Se Odin não o valoriza é erro dele. Não existe ninguém mais atencioso e respeitoso com Sigyn do que Loki.
O silêncio reinou no cômodo. O rei esfregou o rosto com as duas mãos e entrou na suíte.1 MÊS DEPOIS...
P.V LOKI
Voltar em Jotunheim foi repugnante. Não consigo acreditar que faço parte desse mundo horrível e cruel. O mais humilhante de tudo é que até mesmo o governante do reino mais nojento e odiado, cujo sangue corre em minhas veias, me rejeitou. Meu pai biológico me rejeitou por não me achar bom o suficiente para ser seu herdeiro; meu pai adotivo me despreza por causa da minha origem, fazendo questão de deixar sua preferência por Thor bem explícita. Os olhares de pena de minha mãe e de Sigyn me destruíram. Eu não precisava da piedade de ninguém. E vou provar que sou melhor que todos eles. Após isso, quando Odin vier me pedir perdão pelo desprezo de todos esses anos, eu farei questão de ignorá-lo e ir embora com Sigyn, sem nem olhar para trás. Nenhum deles merece minha dedicação.
Fiz um acordo com Laufey, assim como tinha dito a Sigyn que faria. Apesar de estar quebrado por precisar afastá-la, confesso que será melhor que ela não se envolva. E já faz um mês que não a vejo. Eu comecei esse plano e eu preciso ir até o fim, sozinho. Não colocarei a vida da mulher que amo em risco por uma falha minha.
Demorei para conseguir colocar meu plano de trazer o rei Jotun em prática, pois a demanda do reino era enorme, e, querendo ou não, o povo precisava de cuidados. Assim que a noite caísse, eu encobriria Laufey para que entrasse em Asgard e fosse até a enfermaria matar Odin. Quando estivesse perto do ato, eu mataria Laufey, salvando Odin e toda Asgard. Eu poderia, enfim, ter um reputação boa o bastante para não desconfiarem de mim do ataque dos Jotuns no dia da coroação de Thor.
- Onde esteve, majestade?- perguntou Heimdall após meu retorno de Jotunheim. Obviamente me encobri com magia. Precisava ser o mais discreto possível.
- Não é da sua conta. - eu queria Sigyn aqui. Somente ela consegue me fazer o enxergar a solução para cada conflito que arrumo. Sempre fomos uma dupla, e ela sempre inventou as desculpas perfeitas para mentir sobre nosso paradeiro. Já eu, sempre fui o grosso que tinha as melhores ideias e as piores táticas de comunicação sem arrogância. - Heimdall, não deixe que ninguém entre ou saia de Asgard. Isso é uma ordem.
- Sim, Majestade- falou com certa repugnância.
Agora, eu precisava colocar em prática os primeiros passos do meu plano.
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O outro lado da história
FanfictionEssa é a história de uma princesa guerreira e fiel a tudo que amava, que foi a luz na vida de todos ao seu redor, mas principalmente foi a própria vida daquele que se encontrava perdido na escuridão. Dizem que o amor não muda ninguém. Estão errados...