a quarta carta

209 37 4
                                    

Will,

O propósito dessas cartas não era somente falar sobre nossos dias juntos, mas também sobre meus sentimentos. Expressa-los, dar vida a eles. Tenho medo de aumenta-los caso eu faça isso ao pé da letra. Mas, vou ser mais que um covarde hoje. Já te pedi desculpas, e você as aceitou. Você sempre aceita. As vezes me pergunto se não coloca os outros demais na frente de si mesmo. Eu admiro essa habilidade em você, porém me preocupa ao mesmo tempo.

Enfim, Will. Essa história se iniciou treze anos atrás, quando tínhamos cinco anos. Era o primeiro dia de aula, e eu não tinha amigos. Estava sozinho. Então, eu vi você no balanço e fui até lá. Perguntei se você queria ser meu amigo, e você disse sim. Sim. Fomos inseparáveis a partir desse momento, tão simples e tão significativo. Você foi meu primeiro amigo, o mais verdadeiro e fiel. E o mais sábio, ha. Crescemos juntos, jogando, lendo histórias em quadrinhos, divagando sobre filmes e rindo até nossas barrigas doerem. Aquela coisa te pegou, e foi quando nosso pesadelo começou. Se passaram quase três anos agora desde a última vez que aquele monstro foi visto, e estamos bem! Você e El voltaram para a cidade, e eu e ela terminamos de vez. Aquele monstro foi embora pra sempre. Não sei porque contar tudo, já que você estava lá, só sinto que preciso tirar isso do peito antes que me engula por completo.

Se recorda de quando Dustin e Max se afastaram do grupo e criaram o Clube do Inferno? Eu te contei isso nas ligações que fazia quando você morava naquela cidade. Lucas também se afastou, por causa do time de basquete e tudo o mais...E quando eu te contei, você me pediu para não dar importância, porque eles sempre voltavam. Parecia o fim do mundo, mas no final fomos e ainda somos amigos até o fim. Para a surpresa de ninguém, Will Byers acertou mais uma vez! O que quero escrever é que, quando eu disse que esperar tanto era torturante e discordei da sua teoria, aquilo foi dito.

"Vamos começar uma nova festa. Você e eu."

Foi quando percebi o significado das sensações estranhas que vinham me assombrando. Eu me sentia estranho apenas ouvindo sua voz, e o modo como pronunciava as frases, em principal as que tinham um significado mais profundo. E aquela tinha. Não estava falando de amizade, não é? As vezes me pego pensando nisso e fico cada vez mais intrigado. El e eu ainda estávamos separados, e eu não sei se quero acreditar que foi algo amigável e só. Não, sei que não quero acreditar.

O pior é que nunca vou saber, porque essas cartas nunca vão ser lidas.

De qualquer forma, eu disse sim.

Mike.

letters made by: someone in love {byler}Onde histórias criam vida. Descubra agora