Uma vez, existiu um sábio capaz de conjurar grandes bolas de fogo e que carregava em si a coragem de muitos guerreiros. Um passado sombrio o atormentava, mas ele tinha seus fiéis amigos e amigas. Além de sua mãe, é claro. O sábio se metera em uma tremenda enrascada. Se apaixonara por um paladino que falava demais, se arriscava demais e também amava demais. O problema se encontrava no fato de ser um garoto, ao invés de uma garota.
Por muito tempo, essa paixão ficou guardada no fundo de seu coração, escondida atrás de muros protegidos por espinhos. A paixão cresceu, ficou forte e de repente, se denominou amor.
O sábio sabia que devia suportar a dor de não libertar aquilo. Porém, sua vida mudou o rumo quando ele leu nove papéis. Declarações do paladino para si, também escondidas. O amor fugiu para fora de sua prisão aos poucos. Primeiro, fantasiando-se de paixão. Mostrando-se devagar, com medo de assustar o amado. Então, chegou o dia em que ele decidiu demonstrar-se completamente.
Will e Mike terminavam de guardar as peças de D&D. Era uma de suas últimas campanhas, por estarem ocupados demais com os empregos e as escolhas de curso. Byers se oferecera para ajudar o namorado — um ano saindo juntos; três meses namorando, e duas semanas não mais escondidos dos amigos. Joyce e Nancy souberam desde o início —, e todos os outros precisaram ir para suas casas. Ele fechou o mapa, seus olhos passeando pelo lado preto, buscando respostas. Havia aquilo em sua garganta querendo sair, e ele não sabia como e por onde começar. Encarou Mike, que pôs a mão na mesa pra pegar o mapa. Will o impediu entrelaçando seus dedos nos dele.
— Mike...Nós passamos por muita coisa.
Mike concordou, estranhando a agitação e o carinho repentino. O coração de Will pulou uma batida.
— Eu estive apaixonado por você há anos...
— Está terminando comigo? — Wheeler o interrompeu e franziu o cenho, medo perpassando seu rosto. Will quis rir de nervosismo e ansiedade, mas se conteve a balançar a cabeça rapidamente.
— Não! O que eu quero dizer... — William observou aqueles olhos castanhos que tanto adorava. As sardas que pareciam estrelas vermelhas e os fios ondulados que caíam de modo perfeito no rosto de Michael. Ele sorriu, estava fazendo a coisa certa. — Eu amo você, Wheeler.
Mike paralisou no lugar.
— Graças a Deus. Caramba. — ele soltou o ar que segurava, sorrindo largo e contente. Ele passou pelo lado da mesa e abraçou Will pela cintura. Não deixou de encara-lo ao sussurrar: — E eu amo você, Byers. Mais do que pensei ser possível. Por um segundo achei que ia...
— Nunca.
— Nunca? Está dizendo o que eu acho que está dizendo?
— Não vai se livrar tão fácil assim de mim. Idiota. — Will envolveu a nuca do outro com os braços. Seu rosto doía de tanto sorrir. — Acho que teremos que ver o que a vida reservou pra dois jogadores de D&D com uma facilidade enorme de atrair monstros.
Mike jogou a cabeça pra trás, rindo alto.
— E você diz que não gosta de clichês!
— Não gosto! — Will exclamou, se esforçando pra parar de sorrir. — É ridículo e nojento, e desnecessário. Dá vontade de vomitar.
— Claro, claro... — Mike o arrastou pra fora do porão ao zombar, apoiando o braço por trás dos ombros de Will. — Me conta outra mentira e vou fingir que acredito, Willy.
A porta fechou durante as reclamações de Will. O importante era que se amavam, e nada podia derrotar tal sentimento.
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letters made by: someone in love {byler}
FanfictionMichael Wheeler é somente mais um adolescente lidando com a própria mente. Entre seus pensamentos, há um em que ele não vê dúvidas. Ele ama William Byers, seu melhor amigo, e decide despejar todos esses sentimentos em nove cartas breves, sem intençã...