letters made by: someone in love {byler}

as cartas lidas

( 1988; Hawkins )

2026 palavras.

Lá fora, atrás das janelas molhadas, as gotas de chuvas caiam rápidas e fortes, aumentando gradualmente. Seria uma noite longa. Raios eram ouvidos ao longe, assim como o farfalhar das árvores próximas à residência dos Wheeler. Uma bicicleta jazia caída na garagem recém-fechada, e dois garotos se encontravam ao lado dela.

William Byers, um garoto de cabelos castanhos e olhos avelãs, molhado e tremendo levemente de frio, encarou o melhor amigo com confiança e enfeitou seus lábios com o melhor sorriso que podia dar naquela momento. Fora ali para descobrir o porque Mike andava agindo de forma tão anormal nos últimos dois meses; saindo mais cedo dos encontros da festa, sendo evasivo com todas as perguntas que os amigos faziam, cancelando planos que não eram de última hora. Os outros do grupo não possuíam a coragem estranha que Will tinha, muito menos sua disposição e paciência para lidar com aquilo. Depois dele, Mike era o mais valente, apesar de não saber direito disso. Juntamente de Eleven, óbvio. Não há ninguém com a coragem que aquela garota tem, nem mesmo Maxine.

Era para ser uma noite tranquila, mas a chuva pegou nosso pequeno Byers no meio do caminho. Ironicamente, ele se lembrou da noite de chuva em que saiu correndo da casa de Mike; a raiva dominando sua mente. Dessa vez, ele correu na direção dela como se sua vida dependesse disso — e talvez dependesse. Hipotermia era algo sério, ou qualquer uma das outras doenças que podia pegar naquele clima congelante. Entraram após algumas palavras sem grande importância serem trocadas, e Mike entregou um cobertor cobalto macio a Will quando voltou do próprio quarto.

— Você tem que se secar antes de pegar um resfriado. Vem. — Mike liderou o caminho até o quarto, seguido por um Will úmido e batendo o queixo. Ambos com os corações apertados e cheio de segredos.

Adentraram o quarto do Wheeler, caminhando devagar. Os olhos de Mike escanearam o lugar, e ele foi até o guarda-roupa. Tirou de lá uma toalha limpa e entregou a Will.

— Toma um banho quente. A chuva vai demorar pra passar. Se não for um problema, você pode dormir aqui. E aproveitar pra me dizer o motivo da visita, o que acha?

Mike sorriu, esperançoso. Talvez a carta não fosse o último pedaço. Will imediatamente sorriu de volta.

— Eu adoraria. Mas minha mãe...

— Vou ligar pra sra. Byers e pedir pra você dormir aqui. Ela não vai querer que você volte nessa chuva. Pode ser?

Ele assentiu, menos preocupado com Joyce e se divertindo com o fato de Mike ainda chamá-la por senhora depois de tantos anos de amizade. Joyce era boa demais para não deixar. A chuva estava muito forte e não passaria tão cedo.

O banho demorou-se por somente quinze minutos. O suficiente para Will se sentir aquecido e imune de qualquer resfriado maligno. Assim que saiu do banheiro, já de roupa trocada, Mike subia as escadas com alguns filmes em mãos e um tabuleiro, além de uma toalha no ombro direito.

— Não sei qual filme você queria ver, então peguei mais de um. Preciso tomar banho primeiro, ou minha mãe me mata. — disse Mike, entregando os filmes e o tabuleiro para Will.

O mais alto seguiu para o banheiro, antes sorrindo brevemente para Byers e piscando um dos olhos. O acastanhado se sentiu ainda mais aquecido. Aquecido com um turbilhão de sentimentos afetuosos.

De volta ao quarto de Michael, Will sentou-se na beirada da cama, um pouco desconfortável por estar ali dentro sozinho. Ele raramente ficava sozinho no quarto de Mike. Colocou os filmes e o tabuleiro de lado, sobre a roupa de cama, e parou para observar melhor o local.