Ela Não é Desse Jeito

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Arizona's POV

Aquele seria o dia.

O dia que talvez seria o fim do meu casamento. Eu estava decidida a não esconder mais nada de Calliope. Ela me aceitaria ou não, o medo me consumia mas mesmo assim, não estava pensando em desistir.

Almocei com Jo e em seguida fui até a empresa. Logo que saí do elevador ouvi os gritos de Mark e Callie. Fiquei parada por um tempo, claramente não era um bom momento para entrar na sala.

– Por que você não para de agir feito uma criança? Eu confiei em você! A gente confiou em você! Caramba... Olha pra você? Temos uma reunião daqui a pouco e você está... você está um lixo!- Mark falou aos gritos.

– Mark! Saia... Saia daqui.- foi a vez de Callie gritar.

– O que? Eu serei o errado? Claro que sim!

– Apenas cale a boca, okay? Eu cuido dela. Ela não precisa de ninguém a julgando agora! Você consegue entender? Saia. Agora, Mark.

Ele saiu, bateu a porta com força e nem notou minha presença. Desceu as escadas correndo. Eu estava preocupada, o que estava acontecendo? Não seria uma boa ideia entrar lá e contar para Callie, não mesmo.

April não estava, certamente estava na rua resolvendo problemas da empresa em outro lugar, ou estaria de folga, ela não parava de trabalhar nunca.

– Vai ficar tudo bem, eu estou aqui. Escuta, você vai me deixar te ajudar?- Callie falou acariciando o rosto de Amelia, ela tinha olheiras e parecia que não tinha dormido por noites.

– Eu não preciso de ajuda! Muito menos da sua.- ela levantou e empurrou Callie contra a parede.– Você só está preocupada com a porra da imagem dessa porra de empresa! Você se preocupa com outra coisa, Torres? Você se casou pra garantir uma boa imagem. Alguma coisa na sua vida é real?- Callie a empurrou de volta, mas não falou mais nada. Apenas abriu a porta e saiu.

–O que está fazendo aqui?- eu continuava parada em frente ao elevador, minhas pernas não se moviam por nada.

– Eu... E... O que está acontecendo? Quer dizer... O Mark saiu cuspindo fogo e... O que foi?- eu estava visivelmente nervosa, mas poderia dizer que era por causa da discussão deles.

– Nada.- ela estava com o olhar distante. – Nada que seja da sua conta.- ela disse e entrou em outra sala, como se eu tivesse desaparecido de repente.

Continuei ali parada, não estava entendendo porque ela tinha me tratado daquela maneira. Entrei no elevador mas antes da porta fechar, Amelia a segurou e entrou. Ela estava diferente da última vez que me lembrava de tê-la visto.

O cabelo desajeitado e olheiras profundas de quem precisava de boas horas de sono. Pensei em perguntar se estava tudo bem, mas era óbvio que não estava.

– O que foi você também?- ela disse colocando uma mecha do próprio cabelo para trás da orelha.

– Na..Nada.- eu falei tentando desviar o olhar dela.

– Então para de me olhar!

Okay, algo estava muito errado com as mulheres daquela empresa. Assim que saímos do elevador, Mark estava lá e eu já previ o que aconteceria depois.

Peguei o braço de Amelia e a impedi de chegar perto do homem que continuava cuspindo fogo.

– Seja o que for que está rolando entre vocês, mantenham fora da empresa!- ouvi a voz de April e senti um alívio. Ela sabia como colocar ordem naquele lugar.

– Não se meta aqui!

– Eu me meto onde quiser, Amelia. Você não está com muita moral pra me dizer o que fazer! Trate de cuidar de você e sua saúde antes que coloque tudo a perder! E você, Mark, ajude-a! É sua irmã, caramba! Não haja feito um cuzão, perdão pela palavra.

Eu não pude conter os risos, mas os mantive só para mim. April só me fazia a admirar cada vez mais, Callie não estava errada sobre ela e sentiria orgulho se tivesse visto a cena que acabara de acontecer ali.

– Acabou o show.- eu falei mantendo Amelia presa ao meu braço pra evitar que ela atacasse Mark.– Vá embora, Mark, okay?

– Eu não sei o que ele continua fazendo aqui.- Ouvi a voz de Callie e me virei para vê-la.– Não sei o que todos vocês fazem aqui.

– Eu não vou ha lugar nenhum, Torres. É minha irmã, minha imbecil e infantil irmã.

– Você não está ajudando.

– Quem está ajudando? Ela só está se afundando mais!

– Sloan...

– Callie.

– Vocês ficam discutindo sobre a minha vida como se eu não estivesse aqui.- Amelia falou, rindo.

– Você não está aqui, quem é você? Você não é minha irmã, não desse jeito, não desse jeito, Amy.- ele disse se aproximando e eu a soltei, me aproximando de Callie, ele pegou o rosto de Amelia entre as próprias mãos – Me deixa te ajudar. Por favor... Não posso perder você também.- ele a abraçou e os dois começaram a chorar.

A portaria ficou toda em silêncio. Eu olhei para Calliope, mas ela não me olhava, que merda eu tinha feito? Perfeito, nem eu sabia.

Continuamos parados ali, até que Amelia se desvencilhou dos braços dele.

– Cuida da sua vida de merda e me deixa em paz. Me deixa em paz caralho! Eu estou bem. Me sinto ótima. Me sinto ótima como nunca me senti antes. Será que você não consegue lidar com o fato de eu estar feliz e você continuar vazio e vivendo para o trabalho? Eu te odeio, Mark! Eu odeio todos vocês!

Ela terminou e saiu correndo, entrou num carro que tinha alguém a esperando e desapareceu.

– Ela vai sumir de novo Callie. Ela vai sumir de novo.

Ele chorava apoiado no balcão. Callie se aproximou e o abraçou.

– Nós vamos dar um jeito, ok? Aquela não é a Amelia.

Eu nunca tinha visto Mark tão vulnerável quanto naquele momento. Ele sempre parecia agir no piloto automático, mas ali eu estava conhecendo o lado humano dele. E minha coragem de abrir o jogo com Callie desapareceu. A vida dela já estava confusa demais para ter que lidar com mais problemas.

– Tire o dia de folga, okay? É uma ordem. Vá para casa. Eu entro em contato se ela aparecer, e você faz o mesmo. Combinado?

– Tudo bem. Eu vou... Obrigado, e desculpa, você não merece que ela te trate desse jeito.

– Não tem problema. Ela está usando drogas, aquilo não é nossa Amelia.

Ele pegou a pasta e saiu em direção ao carro. O clima continuou pesado mas aos poucos todos foram voltando as suas funções.

– Tire o dia de folga também, April. Não temos mais nada por aqui hoje. O show acabou.- ela disse encarando as pessoas que continuavam nos olhando.

–Okay. Tenham um bom dia. Arizona... me ligue se precisar, okay?

– Okay.- falei dando um breve abraço nela. – E eu? Vai parar de fingir que não existo ou terei que fazer um escândalo também?- falei parando em frente a Callie e ela revirou os olhos.

– Desculpe, okay? Não está sendo um dia fácil. Não quero que você presencie essas coisas.

– Para de pensar que eu sou uma menina indefesa. Caramba, para.

– Desculpa. Você me parece tão frágil as vezes... Eu sei, eu sei que não é, mas explica isso pro meu coração.

– Não! Não vou deixar você me fazer amolecer falando coisas fofas, não vai mesmo!- eu sorri, minha imagem de esposa brava tinha escorrido pelo ralo.– E você, não quer tirar o dia de folga também? Podemos almoçar e depois ir para casa.

– Eu acho uma ideia ótima. Obrigada por ter aparecido, amor. E me desculpa, de novo.

–Tudo bem.- falei ficando na ponta dos pés e dando um beijo nela.

Não seria dessa vez que contaria a verdade. Droga! Logo agora que eu estava com coragem. Talvez tenha sido o universo me dando um sinal.

Amor Por Contrato (Calzona Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora