Capítulo 4 - Preparativos

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Os dias se passam tão rápido quando você está com alguém que gosta...
Fazem algumas semanas desde que eu conheci a Melissa, desde então temos andado juntos até a escola e enfrentado uma legião de adolescentes insuportáveis na sala de aula.
Ficam provocando nós dois com piadinhas e brincadeiras, mas sendo sincero, eu esperava mais. É um bullying tão fraco que às vezes me dá até vontade de rir, não sei se eles acham que estão destruindo meu psicológico ou se apenas entraram na brincadeira, por quê sério, se for assim eu posso aguentar esse ano fácil, como uma folha que viaja guiada pelas linhas invisíveis do vento, principalmente agora que tenho a-
- Melissa.
- Oi oi, o que foi? - Me disse curiosa
- Ah, nada - Só queria olhar o rosto dela enquanto a neve caía, sem parecer um estranho. Como eu disse antes, eu acho, ela é uma obra de arte feita por uma fada com mãos abençoadas.
- Ué - Ela riu.
- Sabe, nós não temos o telefone um do outro, né? - Sério, a gente deve ter problemas de memória.
- Ahh, verdade verdade verdade, eu nem pensei nisso - Deu um riso baixo.
- Me dá o seu número.
- Tá - Nos viramos e ficamos frente a frente, ela era mais baixa que eu, então podia vê-la concentrada em achar seu número no celular, uau.
- Aqui... - Olhou pra mim e por algum motivo ficou com vergonha.
- O que foi?
- Ah ah ah, nada não, eu só fiquei...
- Ficou o quê?
- Quê?
- Ahn?
- Quê?
- Que tentativa mais medíocre de mudar de assunto... Lissa - Pera, Lissa? Lissa? Como eu falei isso tão naturalmente? Quer dizer, não tem nada demais em um apelido, mas eu disse como se já tivesse usado isso antes, ou estou sendo apenas muito paranóico?
- Lissa? Quem é? - Ok, as vezes eu acho que tem algo de errado com a capacidade cognitiva dela.
- U-Ué, é um apelido pra Melissa, fiz sem querer, desculpa - Como assim? Desculpa por te dar um apelido?
- Ahh, entendi...
-...
- Eu gostei - Sorriu olhando para mim.
- Ah, vou te chamar assim então.
- Uhh, nunca tive um apelido antes, hihi - Ela parecia feliz, isso era bom - Acho que tenho que te dar um apelido também, não é?
- É?
- É, ué.
Minha relação com apelidos não é muito boa. Acho que por sempre serem apelidos maldosos. Mas a Lissa não faria isso, então estou um pouco empolgado .
- Hmm, como ficaria um apelido? Lewis de Lavousier.
- Hm.
- Lew, Lis, LeLavous.
- LeLavous? - Eu comecei a rir, e ela logo em seguida.
- Tá, esse foi ruim mesmo - Dizia rindo ainda - Ah, já sei!
- Qual?
- Que tal... Lewv?
- Hmm, eu até que gostei.
- HAH! Consegui. Então... O que a gente tava fazendo mesmo, Lewv? - Meu deus, como a gente esquece tão rápido das coisas?
- Ah, os números, Lissa - Olhamos um para o outro e rimos. Trocamos nossos números e seguimos indo para a escola.
Chegando lá, como sempre, a atmosfera deixava meu corpo com medo e raiva, mas a Lissa levava todos esses sentimentos ruins quando estava do meu lado.
- Eu ouvi que hoje a professora Aider vai passar algo diferente, o que será? - Estava curioso pra saber, provavelmente seria um trabalho, bem que poderia ser em dupla...
- Hmm, não sei, mas espero que seja um trabalho em dupla.
Olhei pra ela feliz por pensar o mesmo que eu, a deixando confusa mais uma vez, é sempre bom ver ela assim.
Entramos na sala e Donatello anunciou nossa chegada como sempre...
- Contemplem... O casal de otários - Todos riram, mas nesse ponto, eu e a Melissa já nem ligávamos mais para isso.
- Bora, Lewv, a aula já vai começar - Nos sentamos para as aulas. O terceiro tempo era aula da professora Aider.
- Bom dia turma, vamos pra aula, que tal? - A professora Aider era quem nos ensinava física, a pior matéria do mundo, mas ela parecia alguém legal. Usava óculos, tinha cabelos vermelhos frizzados e usava roupas grandes e escuras.
Depois de passar alguns exercícios e resolver eles, ela falou conosco sobre o algo diferente que iria passar.
- Teremos um trabalho em dupla, ok? - Os deuses atenderam ao meu pedido, até os mais desafortunados uma hora são escutados. Eu e Lissa nos olhamos, um olhar de formação de dupla, isso existe? Acho que não.
- Vamos juntos, né? - Por algum motivo ela parece sempre ficar com medo ao me perguntar coisas do tipo.
- Claro, com quem mais eu iria?
Ela sorriu novamente e ficou assim durante toda a explicação da professora.
- E a data de entrega do trabalho é para segunda, daqui quatro dias - Quatro dias? Quem é o monstro que passa um trabalho com um prazo de entrega tão curto? Aider, você perdeu pontos comigo agora.
Fomos almoçar depois de mais um tempo de aula.
-Hmm, isso é muito bom - Estávamos comendo frango de forno, acho que deve ser uma das comidas preferidas dela, já que ela sempre entra em êxtase quando é servido.
- Realmente. Ah, como faremos o trabalho? - Não dava a mínima para o trabalho, só queria saber se iríamos para a casa um do outro.
- Hmm, como você quer fazer? Me perguntou sorrindo, parecia amar comer aquilo, sério. Ela me deu a escolha, então usei sabiamente.
- Hmm, acho... que podemos ir para casa de um de nós para fazer o trabalho, é melhor do que por celular, e moramos perto também - Espero que dê certo.
- Ahh, eu também pensei nisso - Isso, deu certo - Mas... eu quero que seja na sua casa, quero saber como é o lugar onde você mora e conhecer seus pais.
- Eu não moro com os meus pais
- O quê?
- Eu moro sozinho - Ela parecia surpresa.
- Ah, me desculpa, eu não sabia.
- Tudo bem, vamos fazer na minha casa então, que tal depois de amanhã? Já que é final de semana você pode dormir lá - Ela ficou tímida, acho que as vezes eu falo as coisas de forma muito natural. Provavelmente irá recusar.
- O-Ok ok ok, vou dormir lá - Disse envergonhada, mas sorrindo.
- Então amanhã iremos juntos para minha casa, pode ser?
- Tá bom.
Nunca tinha levado ninguém para minha casa, então acho que vai ser algo legal, ter alguém além de mim lá.
Terminamos de almoçar, e nos preparamos para mais quatro tempos de aula maçante e tediosa.
- Lewis, me ajuda aqui - Estávamos no quarto e último tempo da tarde, aula de matemática com o professor Dejav. Embora a Lissa fosse dedicada, ela não se dava bem com exatas, então cabia a mim ajudá-la nessas matérias.
- O que você não sabe? - Me aproximei da cadeira dela, cobrindo seu caderno com minha sombra.
- É É É, não dá pra ver, você tá tampando a luz - Ela parecia envergonhada.
- Ah, foi mal - Dei um riso fraco. Expliquei como ela tinha que fazer a questão, e ajudei com mais umas depois. Todas, na verdade. O tempo acabou e saíamos da escola para ir pra casa.
Nesse meio tempo que nos conhecíamos, percebi que adorava andar do seu lado, seu calor era tão bom. Me sentia vivo e isso era algo incrível. Queria que aquela estrada de neve nunca tivesse um fim, para que pudéssemos andar para sempre, um ao lado do outro.

Fim do Capítulo 4.

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