Estava tão sem ideia do que tinha acontecido quanto a diretora, só sabia que tinha algo haver comigo. Deveria ficar feliz por ela bater em outras pessoas para me defender? Acho que não, mas mesmo assim meu coração parece quentinho.
- O o o Donatello estava falando mal do Lewis junto com outros garotos, aí eu me irritei e bati neles, foi isso - estava segurando o choro, quando ficava nervosa isso acontecia.
- Falando mal como? - perguntou séria.
- A pedagoga o chamou à secretaria e eles começaram a falar que ele iria sair da escola, que finalmente iam se livrar dele, que nem devia ter entrado aqui, que que que... - Estávamos curiosos para saber o que ela ia falar, mas parecia prestes a desabar. Segurei sua mão e sorri para Lissa, ficou um pouco mais segura - que ninguém ia sentir falta dele, mas eu eu ia, e eu não gosto que falem essas coisas sobre o Lewv.
- Lewv?
- O Lewis - a diretora parecia ter entendido que estávamos juntos, pegou a situação e pensou por um tempo. Enquanto isso, fiquei reconfortando a Melissa. No fim, estava feliz por alguém se importar tanto assim comigo.
- Tudo bem, entendi - se aproximou de nós com o som estalante de seus saltos - esses garotos são realmente irritantes, mas não lhe dá o direito de bater neles, senhorita. Espero que não se repita, se não, terei que tomar medidas mais graves.
- Então está tudo bem? - eu não tinha entendido, essa mulher fala as coisas deixando uma parte faltando.
- Sim, ela só vai pegar uma suspensão de uma semana.
- Ah, que conveniente - parecia a situação perfeita para ela ir comigo.
- O quê? - Lissa estava confusa, havia melhorado e sua cara estava menos vermelha.
- Ah, depois te falo. Podemos ir, diretora?
- Sim - levantei a Melissa e estávamos saíndo, Laida nos chamou a atenção.
- Se são um casal, parceiros, que seja. Deveriam cuidar melhor um do outro, não acham? - Que audácia.
- Sim, boa tarde - saímos, fiquei meio irritado com o que ela disse. Não é como se eu pudesse ter a impedido de bater nos garotos. Mas preciso que ela não se exalte tanto por mim, pelo menos não desse jeito.
Arrumamos nossas coisas enquanto os outros alunos nos encaravam. Algumas garotas pareciam com raiva da Lissa, outras com medo. Já ela, meio pra baixo. Saímos da escola e fomos para casa.
Na estrada, as coisas estavam meio silenciosas, não sabia muito o que falar, mas não podia ficar sem dizer nada.
- Ei, obrigado.
- Hm? Pelo quê? - me olhou cabisbaixa.
- Por me defender, ninguém tinha feito isso por mim antes - parecia frustrada. Franziu as sobrancelhas e se aproximou de mim.
- F-Faço isso quantas vezes forem necessárias - parecia um hamster bravo - mas não sei como conto pros meus pais que estou suspensa por uma semana.
- Não conte, simples.
- Quê?
- Tô só brincando - segurei sua mão e cruzei meus dedos com os seus. Sua fraqueza me aquecia no frio, era estranho - se quiser eu vou com você, na verdade, queria que você ficasse comigo hoje.
- ...
- ...
Ficou vermelha.
- Não acho que estou no clima - eu ri - O-O que foi?!
- Você entende as coisas errado às vezes. Não era isso, a menos que queira.
- Ah Ah - se acalmou - então o que é?
- Só quero que fique em casa comigo, meu irmão está lá - soava instigada.
- Então então por isso que você foi à secretaria? Eu achei que você tinha levado alguma bronca.
- Como eu levaria bronca? Sou o melhor aluno daquela escola - disse brincando.
- Bobo - ela riu. Enconstou seu ombro no meu enquanto andávamos devagar. Adorava senti-la perto de mim.
- Mas sim, ele foi na escola para falar comigo.
- E o que era?
- Minha mãe, ela está doente e falta pouco para morrer.
- Meu deus, você está bem?
- Ah, sim.
- Você não está mal por sua mãe estar quase partindo?
- Não. Não é como se eu gostasse disso, mas não faz diferença para mi - apertou meu rosto com força enquanto me olhava com raiva. Perdemos o equilíbrio e caímos na neve, mas a Lissa não ligou e continuou me dando sermão.
- Como você pode falar isso da sua própria mãe? Você é burro por acaso? - segurei seus braços.
- Minha mãe não é boa que nem a sua. Está longe disso na verdade. Muito longe.
- Mesmo assim, você deveria se importar.
- Você fala que nem o Aaron.
- Isso é bom ou ruim? - estava menos
irritada comigo. Perto demais, jogados no chão, nos olhávamos nos olhos. Os seus, tão belos. Seus cabelos bagunçados por causa da briga e seu rosto vermelho eram tão bonitos. Acima de tudo, ainda estava preso no momento em que ela brigou por minha causa, não conseguia esquecer.
- Hmm, não me deixa tão chateado quando é você que fala. Será que é porque estou apaixonado por você? Sorriu com os olhos ao ouvir.
- T-Talvez talvez - aproximamos nossos rostos e nos beijamos. Começava a nevar, mas seu toque me aquecia e não me deixava sentir frio. Ficamos um tempo juntos lá no chão, até podermos ver as estrelas que a noite trazia.
Algo estava vibrando, era o celular da Lissa.
- Oi mãe.
- Onde você está? Já é tarde.
- Estou indo pra casa do Lewv, ele queria que eu conhecesse seu irmão, tem problema?
- Hmm, não, apenas tome cuidado. E já deveriam estar em casa não acham? O que andaram fazendo? - disse com um riso irônico.
- Mãe! Tchau - desligou o celular com vergonha.
- Melhor nos apressarmos, meu irmão deve estar esperando - disse enquanto me levantava e a puxava.
- Sim sim, vamos. Ei, Lewv - disse me segurando.
- Oi, Lissa.
- Te amo, sabia? - fofo. Seus olhos brilhavam novamente, não estava mais triste por causa de antes.
- Também te amo - sorrimos e fomos para casa.
Algum tempo depois podíamos ver o Aaron na parte de fora da casa, com um suéter marrom e tomando chocolate quente. Encarava a Lissa achando ser alguém que já conhecia. Nos aproximamos.
- Boa noite, Lewv - continuava encarando Melissa.
- Oi.
- Boa noite.
- Quem é? - apontou com a cabeça para ela.
- Essa é a Melissa, minha namorada - Aaron estava em choque, acho que jamais pensou que eu gostaria de alguém. Não sou um monstro de pedra e gelo, sabe?
- Prazer te conhecer, Aaron - Lissa estendeu a mão para ele.
- Prazer - apertou sua mão e sorriu - Vamos entrar, gente, está frio.
- Sim - encarava Aaron, eu estava meio bravo por ele estar tão surpreso. Entramos em casa.
- Então, Lissa - disse enquanto jogávamos nossas coisas no sofá - já que brigou comigo antes e está suspensa, que tal conhecer seus sogros logo?
Fim do Capítulo 11.
