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- Bem, não é como se você tivesse realmente parado de sair quando a coisa ficou feia.

Minho o olha indignado, quase virando seu copo de chope sobre o cabelo meticulosamente bagunçado.

- Eu só saí um dia, Bang, um maldito dia!

- Pois é, poderia ter morrido.

- Sério, você é impossível!

- Quieto, quieto, já vai começar.

Jisung tinha comentado sobre estar tocando solo em um barzinho na reabertura após dois meses de quarentena com Chan há duas semanas - só jogando conversa fora, sabe, enquanto esperam a caixa registradora abrir - e, como quem não quer nada, Chan também apareceu por lá.

Mas, tecnicamente falando, como quem não quer nada não seria a aplicação mais precisa dessa situação.

Ele já tinha visto Felix incentivando o amigo a tocar mais, a talvez tentar solo e deixar de lado aquelas bandas arrogantes que sempre pareciam ter algum empecilho em chamá-lo para seus shows.

"Você é talentoso demais pra dividir palco com alguém meia-boca."

Se sua memória estivesse correta – quem ele quer enganar? Ele tinha decorado aquela frase – foi mais ou menos isso que o loirinho dissera ao garoto na terça-feira.

Então, no fundinho, o Bang estava lá na esperança que encontrasse uma certa pessoa incentivando o músico da plateia.

O show começara há uma hora e, pra sua decepção, ainda não encontrara o cabelo descolorido por ali.

Pelo menos ele tocava bem. Sua voz era interessante, seu estilo musical curioso, não o tipo de pop chiclete que normalmente rolava nesses lugares, não. Era mais pessoal, e personalizado. Mesmo que o talento de Jisung não tenha sido seu principal motivo em aparecer por ali, sim, ele admitia isso, ainda assim não era uma perda de tempo ouvir o magrelinho cantando.

Mas isso não o impedia de continuar dando uma olhada ao redor, de tempos em tempos, esperando que, no sábado à noite, os horários do Lee fossem um pouquinho mais flexíveis.

Aparentemente, não eram.

- Então, vai me contar o porquê de estarmos aqui? - Minho comenta, pedindo uma rodada de shots para os dois sem que Chan percebesse – Ou vai continuar tentando me convencer que é um grande fã de seja lá quem seja aquele ali?

- Eu sou um grande fã de Han Jisung.

- Certo, claro – as bebidas chegam e o moreno lhe estende um copo – Se eu beber mais do que você, você vai me contar a verdade.

- Fechado.

Chan não sabe muito bem porquê sempre acaba topando essas ideias de merda.

Primeiro, ele tem absoluta consciência que sua resistência ao álcool é a mesma de um virgem de 16 anos em pleno Ensino Médio.

Segundo, ele tem absoluta consciência que Minho bebe feito um trator.

E, ainda assim, eles sempre acabam fazendo essas apostas sem sentido porque Chan tem certeza que, um dia, vai conseguir beber mais do que o colega de turma.

Depois do quarto shot ele percebe que esse não vai ser o dia.

A música fica progressivamente mais intensa ao passar da noite, assim como as tentativas de Minho de ler as expressões faciais do australiano. Jisung parece estar se divertindo e Chan realmente queria poder mostrar o quão feliz estava por ele, mas no momento só consegue usar todo o seu treinamento mental para não vomitar sobre o balcão.

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