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Tem uma moto cara estacionada na entrada da loja de conveniência. É bonita, preta, com rodas grossas e um porte imponente, estiloso. Chan gostaria de dirigir uma moto dessas.

Mas ele não gostou muito quando viu o motorista.

Quer dizer, ele gosta de Changbin. Tipo, de verdade, eles são praticamente melhores amigos há alguns anos. Além de Minho, é a única pessoa nessa cidade com quem Chan pode contar pra praticamente tudo.

Mas então o vê apoiado em seu próprio capacete no balcão do caixa, conversando alguma coisa com Felix conforme ele tira o capacete e o devolve ao moreno. Os dois falam meio baixinho, os olhos de Felix estão bem inchados, como se estivesse chorando, e o Seo bagunça os cabelos descoloridos ao se curvar para dar um beijo na testa do garoto.

As unhas de Chan machucam a palma de suas mãos dentro dos bolsos da jaqueta de moletom.

Ele quer entrar, perguntar a Changbin se ainda está namorando o garoto bonito da faculdade de Cinema, perguntar como se conheceram, perguntar qualquer coisa.

Quer socar Changbin, mas só um pouquinho. Talvez só o suficiente para assustá-lo.

Uma parte sua quer brigar com Felix, mesmo nem sequer tendo justificativa pra isso. Sua parte racional tenta explicar que o garoto não tem como adivinhar seus sentimentos se ele simplesmente nunca fala sobre eles, mas a força em seus punhos não diminui.

Mas então a conversa dos dois termina – passa das nove e ele supõe que estavam conversando desde que o turno do mais novo começou, uma hora atrás - e Changbin volta pro lado de fora, dando de cara com o melhor amigo com as mãos enfiados nos bolsos.

- Cara, você apareceu! - exclama, sem se aproximar muito, mesmo que quisesse dar um abraço - Já vi que tá levando essa história de quarentena bem a sério.

- É - Chan tenta disfarçar, mas sua voz está tão tensa quanto seus ombros - Não sabia que você vinha nessa conveniência.

- E não venho, só vim deixar o Felix ali – aponta sobre o ombro, começando a subir na moto - Você também não costumava vir nesse horário, aconteceu alguma coisa?

- Mais ou menos – ele tenta desconversar, alternando o peso de uma perna pra outra, mas não adianta muito porque em ambas ele parece pesado demais – E como vai o namoro?

- Tudo bem, inclusive tô indo na casa dele agora. Tenho certeza que vai querer ouvir sobre o filho.

- Filho?

- É, eu não te expliquei? - Changbin solta um riso – Cara, eles estão morando juntos e quando o Hyunjin falava de Felix eu morria de ciúmes, tá lembrado? Mas acontece que o garoto é um anjo, tenho vontade de proteger de todo o mal do mundo.

- Calma aí, ele é o colega de apartamento do Hyunjin? - Chan mistura o alívio e a surpresa na voz, saindo como uma lufada de ar - Então é por isso que vocês se conhecem.

- Ele trabalha no restaurante da família também, tá estudando pra ser chef. Por mim, eu criaria esse cara como se fosse minha criança mesmo.

- Entendi, então é essa a relação que vocês têm.

- Enfim, preciso ir nessa – termina, colocando o capacete e dando a partida na moto - Vê se não some, tá? Vamos marcar um dia desses agora que tá mais liberado.

- Claro! - sua resposta soa mais alta que o normal, tentando se culpar menos por ter pensado tanta merda do melhor amigo.

Tem razão, Changbin nunca trairia o namorado. Ele era completamente apaixonado por ele. Muito menos Felix aceitaria ser o outro de alguém, o garoto parecia ser muito mais do que isso.

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