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Felix tenta investir contra o Bang, mas o roçar do tecido contra seus lábios traz a lembrança dolorosa de ainda estar usando máscara - e que ele realmente estava se sentindo meio estranho nos últimos dias – o que o leva a um recuo rápido. Ele tenta raciocinar, colocar seus pensamentos em ordem e ter certeza do que acabou de fazer.

E, mais importante ainda, do que estava prestes a acontecer. Sua cabeça está zunindo e rodopiando.

Mas deve ser alguma coisa no olhar lascivo de Chan, ou como seus lábios entreabertos parecem tão ofegantes que quase roubam o oxigênio do Lee, que fazem com que ele puxe a máscara para baixo rápido o suficiente para que volte a avançar sobre o outro com o som úmido das suas línguas finalmente se misturando.

Ele nunca foi do tipo de começar com beijos doces e sutis e o gosto do outro não o deixa pensar em doçura ou sutileza.

Eles se devoram.

Não podem mais culpar a névoa mística que uma boa música carrega, porque agora o quarto só cheira a papel novo e o produto de limpeza que semanalmente limpa as teclas ainda sobre o colo do menor. Ele não se importa, porque o cheiro de Chan é mais presente agora.

As mãos do garoto deixam seu colarinho e descem até a cintura, a pressão arrancando um suspiro de Felix conforme seu corpo vai se juntando ao do outro, rápido demais para se darem conta, mas lento o suficiente para sentirem que nunca estão próximos o suficiente.

Consegue sentir os cabelos curtinhos na nuca de Chan se arrepiando quando sua mão vai parar lá, arranhando-o de leve e puxando para trás, para que seu queixo esteja levemente levantado e dê altura o suficiente para que Felix, agora se equilibrando em seus joelhos e não mais sentado no chão, precise se curvar só um pouquinho sobre o rosto do mais velho para que seus lábios não precisem quebrar o contato.

Chan o puxa com mais força, enfiando-se sob o moletom que ele usava e arrancando muito mais do que um suspiro agora que as mãos geladas entram em contato com a pele fervendo. Suas pernas cedem ao encontrão, praticamente sentando-se sobre as coxas do moreno, mesmo que ele ainda tente fingir que não estava tão entregue assim.

Ele percebe como o Bang se sente desconfortável em estar sendo guiado por si, já que em segundos o arranhar provocativo que fazia em sua nuca dá lugar a um agarrar meio desesperado, sentindo todo o seu corpo entrar em combustão quando Chan finca os dentes em seu lábio inferior e o repuxa, conseguindo dele uma rebolada ousada.

Deve ser a abstinência, é a conclusão a que Felix chega ao notar o volume em sua calça com um simples beijo. Com certeza, aquilo é tudo porque ele não transava desde que deixara a Austrália.

É quando seus lábios finalmente ficam livres – porque agora a boca de Chan se ocupa em deixar mordidinhas leves pela extensão do seu maxilar e pescoço - que algumas peças parecem finalmente se encaixar na mente nublada do mais novo e, arfando, ele se afasta o suficiente para que sua ereção pare de roçar contra a do outro.

Eles se encaram, parcialmente frustrados pela interrupção abrupta. Mas Felix simplesmente precisa esclarecer as coisas.

- Achei que você fosse hétero.

O Bang ofega, absorvendo a visão de um Felix corado e de lábios inchados como se precisasse daquilo para sobreviver. Os dois não conseguem afirmar com certeza se precisam ou não.

- Eu também.

Felix não sabe muito bem o que fazer com a nova informação - e, de certa forma, isso o assusta ainda mais do que qualquer coisa que poderia acontecer ali dentro – mas a verdade é que nenhum dos dois quer se dar ao trabalho de pensar muito a respeito disso.

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