A Ana e a mãe dela ficaram conversando no banco de trás, nesse tempo eu e o Sogrão começamos uma conversa no mínimo interessante.
Roberto - E o que você gosta de fazer? Quais são seus planos profissionais?
Eu - Olha, eu gosto de muitas coisas. Mas o que eu amo mesmo é música e esporte. Jogo basquete em cadeira de rodas no time da cidade, essa semana foi um olheiro da seleção Paralímpica ver um jogo do meu time, mas como eu estava pra cá, acabei perdendo.
Roberto - E isso dá alguma coisa?
Eu - Como assim?
Roberto - Da para viver disso? Parece ser algo sem muito retorno, não se vê muito em mídia.
Eu - AH, isso!! Dá pra viver, não tem muita luxúria, mas dá pra viver sim.
Eu - Oportunidades para viver com luxúria eu já tive, mas seria fazendo coisas que não gosto, não me dão tesão, então se for pra ter luxo e ser infeliz, prefiro ter só o básico.
Roberto - Mas sem querer ser grosso, não me intérprete mal. Você acha que a Ana consegue viver com o básico? Digo porquê ela foi acostumada com tudo do bom e do melhor, com luxúria. Você me entende?
Eu - Entendo sim! Mas agora eu que peço para que não me entenda mal. Mas se acha que sua filha não conseguiria viver sem essa luxúria, o senhor não conhece tão bem sua filha. Já vivemos coisas que me faz ter certeza, que a nossa maior luxúria é a simplicidade da nossa felicidade. Nós dois conseguimos fazer uma janta no espetinho/churrasquinho da esquina ser especial.
Roberto - Então você não tem pretensão de melhorar a vida financeiramente?
Eu - Claro que tenho! Só que pretendo alcançar isso fazendo coisas que eu gosto. Se for pra ser, será!
Nesse momento a Ana e a Dona Rosilene pararam de falar e começaram a prestar atenção em nós, então ficamos em silêncio.
Decidi colocar algumas músicas que eu gosto para tocar, e logo na primeira música, recebo uma ligação de um número estranho.
Eu - Alô!!
Ligação - Alô! Tudo bem? Falo com o Rodrigo?
Nesse momento meu coração já apertou, achei que seria alguma notícia da minha mãe.
Eu - Ele mesmo. Quem é?
Ligação - Prazer Rodrigo, aqui é o André. Estou te ligando porque vi algumas fotos na sua rede social, vimos que você parece bem aventureiro. Gosta de esportes radicais?
Eu - Opa André! Beleza? Cara, eu curto muito, apesar de ter praticado poucos kkk.
André - Que maravilha. Eu gostaria de te fazer um convite. Temos um projeto no papel, e esse projeto é para mostrar um cadeirante fazendo coisas inimagináveis. Já entramos em contato com algumas pessoas, mas nenhuma aceitou ainda.
Eu - E como seria esse projeto?
André - Conseguimos um recurso de uma empresa para fazer essas aventuras como propaganda para a marca.
Eu - Tudo de graça então? Kk qual marca é?
André - Tudo de graça sim! Mas já estamos com o prazo curto. Temos alguns dias para fechar o contrato. Esse recurso é para abater como incentivo fiscal. Temos uma semana, se não a empresa terá que usar o valor para o pagamento de impostos. Para a empresa seria interessante ter um projeto assim, mas o valor não faz diferença, porque seria pago de qualquer forma. Então se você topar, já fechamos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Cadeira De Rodas, Mil E Um Desejos.
Short StoryDescubra como pode ser a vida de um cadeirante lendo um livro de um cadeirante. Essa é uma história baseada em fatos reais. Um cadeirante não convive apenas com a família e com seus cuidadores, cuidadores esses que na grande maioria nem existem. Des...