Eu fiquei esperando o Gabriel ficar sozinho para poder falar com ele, mas ele não voltava; quando voltou, ele foi para perto dos pais dele com a Amanda, não dava pra eu chegar e falar com ele ainda, o tempo foi passando e o Rodrigo foi bebendo, parecia estar de boa para os outros, mas eu sabia que ele estava guardando algo pra falar em algum momento. O tempo foi passando e só piorava, eu via o Rodrigo bebendo mais, eu não sabia como ele era quando bebia, se ele poderia ficar agressivo, agressivo eu achei impossível, porquê ele sempre é tão calmo, está sempre de boa, mas eu tomei coragem e torci para ele entender e ser compreensivo como sempre; chamei ele em um canto para conversar:
Ana - Você não acha que já está bebendo demais?
Rodrigo - Eu acho que estou bem. Você não acha?
Ana - (eu percebi que já estava com o tom de voz diferente) - Mas eu não estou falando por achar que não está bem, estou falando para evitar que você fique mal, quero cuidar de você.
Rodrigo - Fica tranquila, eu sei os meus limites.
Ele segurou minha nuca com força, olhou nos meus olhos e disse:
Rodrigo - Eu estou bem, mas seja lá o que eu fizer, não será culpa da bebida.
Ana - Como assim?
Rodrigo - Por que demorou tanto para voltar com a cerveja aquela hora?
Ana - Eu te chamei aqui para falar sobre isso.
Rodrigo - Então por que estamos falando do quanto eu estou bebendo?
Ele começou a me deixar com medo, ele parecia estar furioso, se segurando para não explodir.
Ana - Sabe o Jhow?
Rodrigo - A parte das apresentações você pode pular, que eu já sei tudo. Só quero saber o porquê vocês demoraram tanto pra pegar uma cerveja. Você acha que não percebi ele olhando pra você? Acha que não percebi sua reação? Acha que não vi o quanto você ficava nervosa?
Ana - Calma! O que você sabe? O que te falaram?
Rodrigo - Me falaram tudo o que você não falou. Agora fala pelo menos o motivo da demora, ou vai deixar que outra pessoa venha me falar isso também?
Ana - Isso o quê? Você está pensando o que Rodrigo?
Rodrigo - Eu não estou pensando em nada, estou esperando você me falar o que aconteceu lá que demorou tanto pra voltar.
Ana - Taaa boooom! Ele me beijou, o Gabriel viu que eu revidei, ele viu o tapa que dei no Jhow, ele me beijou a força, eu juro que eu não quis fazer nada.
Ele ficou olhando fixadamente em meus olhos, os músculos faciais do rosto dele estavam todos se mexendo. Ele parecia estar se mordendo de raiva. Eu fui abraçar ele e ele tirou meu braço do caminho, se virou e foi atrás do Jhow. Eu tentei segurar ele, mas ele me olhou com uma cara tão brava mandando eu soltar ele, que a única coisa que eu consegui fazer foi pedir para os meninos irem atrás para não deixar acontecer nada, meu maior medo era o Jhow bater nele na cadeira.
Fomos indo atrás, o Jhow estava sentado perto do Gabriel, eles viram que estava todo mundo indo atrás, então o Jhow disse:Jhow - Cansaram de cantar?
O Rodrigo estava com a garrafa de cerveja entre as pernas, no colo. quando se aproximou do Jhow, ele pegou a garrafa e foi dar uma garrafada na cara do Jhow, o Jhow acabou reagindo no susto e colocou o braço na frente, foi uma barulheira, voou pedaço de vidro para todo lado, quando o Jhow ia levantar o Rodrigo pegou o pescoço dele e puxou para baixo, segurando o Jhow pelo gogó. O Jhow ficou segurando no braço do Rodrigo, empurrando pra ele soltar, acho que ele até tinha força para se soltar, mas o Rodrigo estava apertando tão forte que o Jhow não conseguia reagir. Nessa hora os meus pais e os pais do Gabriel já tinham ouvido os vidros quebrando e estavam indo ver o que era. O Rodrigo só disse:
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Uma Cadeira De Rodas, Mil E Um Desejos.
Short StoryDescubra como pode ser a vida de um cadeirante lendo um livro de um cadeirante. Essa é uma história baseada em fatos reais. Um cadeirante não convive apenas com a família e com seus cuidadores, cuidadores esses que na grande maioria nem existem. Des...