Quando foi deixado sozinho naquele quarto imenso com várias camas e baús, o jovem ferreiro se deu conta que estava num lugar totalmente novo, estranho e atém mesmo hostil e pela primeira vez sentiu saudade de casa, de sua mãe e até mesmo da forja. A vontade de sair correndo dali e voltar para seu habitat natural percorreu todo seu corpo e fez seus pelos se ouriçarem. Respirou fundo, guardou seus pertences e observou a sala. "Toda jornada precisa de um começo." Pensou ele para se reconfortar.
- Um novato. – Disse um garoto na porta do alojamento. Ele era musculoso, e talvez um pouco mais velho que Vándor. Com ele havia mais dois garotos. Todos vestindo roupas de aprendizes. – Há tempos não vemos um por aqui, não é rapazes?
Nesse momento, o jovem Halasz não sabia se sorria e acenava amigavelmente, ou se corria e fugia gritando por socorro. No fim ele apenas cruzou os braços e manteve o olhar sério e atento, observando tudo ao seu redor, assim como seu pai lhe ensinara desde jovem.
- Oi. – Disse Vándor na defensiva.Os garotos se aproximaram, com sorrisos maldosos no rosto. Não precisava ser nenhum mago experiente para saber que eles buscavam confusão.
- Qual é o seu nome, verdinho? – Disse o garoto que agia como líder.
- Vándor.
- Não gostei desse nome. Vou te chamar de Verdinho. – O garoto chegou bem próximo do jovem ferreiro e passou seu braço pelo seu ombro. Isso deixou o novato ainda mais desconfortável e na defensiva. – Não precisa ter medo, seremos bons amigos.Com a mão no ombro do Vándor, o garoto o induziu para a saída do dormitório e começou a explicar como funcionava as coisas por ali
- Entenda Verdinho. Tem muita gente aqui poderosa. Magos com poderes suficientes para destruir a lua se quiserem. Mas eles quase nunca são vistos por aqui. Então temos basicamente três tipos de pessoas: Os professores, os veteranos e os novatos. Eu sou um veterano e você é um novato, logo, você está abaixo de mim e fará o que eu mandar. Simples, não?
- E se eu recusar?
- Você não vai querer recusar, Verdinho. vai por mim. - Ele apertou o ombro do Vándor de forma ameaçadora. Em seguida se colocou na frente dele. De frente a diferença entre tamanho dos garotos era notável, mesmo o novato sendo aprendiz de ferreiro, o veterano era bem mais musculoso e parecia ter uns três ou talvez cinco anos a mais que Halasz. – As regras aqui são simples: Todos temos afazeres diários, entre eles está a limpeza do dormitório, por exemplo. Cada dormitório tem uma tarefa semanal, por exemplo, o nosso, essa semana terá que limpar a jardim frontal, dos fundos, aparar as folhas do pátio e cuidar dos banheiros. O dormitório Ouro fica responsável pela alimentação, o mar setentrional da limpeza das salas e por aí vai. Entenda uma coisa Verdinho: As regras aqui são rígidas e você vai se dar mal em algum momento. Faça o que eu mando e talvez eu consiga aliviar suas penas.Vándor ouviu com atenção e percebeu que os nomes dos dormitórios estavam escritos em cima da porta. Quando olhou para o seu, viu que os dois amigos do brutamontes estavam saindo disfarçadamente de lá e indo para salão principal.
- Qual é o seu nome? – Perguntou Vándor.
- Eu sou Ophion Ataz. Disse ele com orgulho.
- Tudo bem Ophion. Agora tenho que ir me encontrar com a senhorita Ingrid. Nos vemos mais tarde.Vándor virou as costas para o garoto e partiu em direção ao que imaginava ser o pátio principal. Havia um grande carvalho de tronco largo e copa baixa que servia de sombra para vários bancos. Alguns alunos vestindo o manto cinza varriam as folhas e aparavam a grama. Era um trabalho manual que alguns deles pareciam fazer com tamanha ineficiência como se nunca tivesse feito isso na vida. Andou mais um pouco até encontrar a senhorita Ingrid conversando com uma aluna.
- Vándor! Finalmente. – Disse ela sorridente. – Essa é Amkael. – A garota em questão era uma elfa com orelhas pontudas e pele acobreada. Seu cabelo castanho combinava perfeitamente com seus olhos azuis. O garoto nunca havia visto uma elfa tão de perto e estava impressionado com tamanha beleza e exuberância. A garota curvou a cabeça levemente para Vándor em forma de respeito em seguida se retirou silenciosa e graciosamente. O garoto sentia que podia ficar horas observando-a.
Ingrid é claro percebeu o quão estupefato ficou o jovem humano e não pode deixar de se deleitar com tamanha inocência. De repente estalou os dedos na frente do rosto do garoto que com um susto voltou a atenção ao mundo ao seu redor. A garota com cabelos rosa riu dele e o chamou para uma caminhada. Explicou para ele novamente tudo o que Ophion já havia falado, mas o garoto preferia prestar atenção na arquitetura do lugar. Percebeu que havia grandes vãos nas paredes altas para passagem de vento, as salas eram altas e iluminadas por grandes janelas. Toda a instalação era feita de pedra, o que mantinha o lugar relativamente frio, com a ajuda das muitas arvores, tanto no pátio principal, quanto nos que circundava a construção.
- Vándor, tire o dia para poder explorar a escola. Mas atente-se ao horário. Quando o sol se pôr, todos os alunos devem estar seus respectivos dormitórios. Não será aceito dormir em dormitório se não o seu. Vá para alfaiataria, próximo da biblioteca, no pátio oeste, para pegar seu uniforme. Lembre-se: Use-o o tempo inteiro e mantenha-o impecável.
- Senhorita Ingrid. – Disse Vándor antes da maga sair. – Eu tenho algumas perguntas.
- Sim?
- Aquela garota que você estava conversando antes...
- Amkael.
- Exatamente. Ela é diferente...
- Uma elfa, Vándor. Nunca havia visto um elfo antes?
- Acho que não, senhora.
- Bem, elfos são raças ancestrais. São conhecidos por sua beleza e sabedoria. Com certeza são admirados por muitos historiadores devido a suas histórias e longevidade. Amkael por exemplo apesar de jovem tem mais idade que eu.
- Vou encontrar mais deles por aqui?
- Sim. Há poucos alunos aqui. Outrora havia centenas, hoje se resumem a pouco mais que duas dezenas. Você verá que muitos dormitórios estão vazios e trancados. Mas temos orgulho de termos alunos de raças diferentes. Vá a biblioteca e procure pelos livros sobre as raças. Aposto que encontrará varias obras interessantíssimas. Principalmente sobre elfos – Disse ela com um sorriso faceiro no rosto.
- Por ultimo senhorita Ingrid. Como conheceu minha mãe?
- Bem... – Seu rosto ficou sério por um momento. – Eu e sua mãe nos conhecemos há muito tempo atrás e nos tornamos grandes amigas.
- Só isso?
- Tire a nota máxima na sua primeira prova e eu lhe contarei mais sobre meu passado com sua mãe. – O sorriso de Ingrid sempre contagiara o jovem ferreiro. Ele realmente ficara bastante curiosos a respeito dessa história, mas primeiro decidiu visitar a biblioteca.
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Masmorras & Dragões
FantasyTodo herói tem sua origem. Num mundo onde magia é algo real, pessoas comuns tentam viver suas vidas de maneira pacifica e tranquila. Vándor, por outro lado, só queria saber de conhecer o mundo e todos os seus segredos, visitando os cantos mais remo...