"Não deveria ter vindo"

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Eu estava correndo de Lupin pelo jardim de casa.
Minha mãe e meu pai ainda não haviam voltado e Lupin sempre cuidava de nós quando eles não estavam.
Eu tinha apenas seis anos.

Lupin me alcançou e me carregou pelas axilas enquanto sorria para mim.

-te peguei ele diz sorrindo e me abraça

-não é justo! Suas pernas são maiores. Eu quero cinco minutos de vantagem eu disse brava e ele gargalhou

-você é muito pilantrinha ele disse e me colocou de volta no chão

-Tio, eu to com fome! Quando o papai e a mamãe vão chegar? Ela disse que traria pizza Blaise disse do balanço onde ele estava sentado com Harry e Lupin se virou sorrindo fraco para ele

-eles vão voltar logo, Blai. Vão voltar... Lupin sorriu fraco para nos dois

Naquela época eu não tinha entendido a preocupação no rosto de Lupin. Eu não sabia o porquê de ele ter ficado sério. Talvez, se isso tivesse acontecido nos dias de hoje, eu teria sacado na hora.

So descobri o motivo duas horas depois. Quando meu pai entrou pela porta sendo carregado por Sirius. Ambos machucados se arrastando para dentro de casa.
Eu tinha ido até meu pai preocupada me questionando o porquê de ele estar daquele jeito. Harry chorava preocupado antes mesmo de entender o que estava acontecendo.
Lupin não parecia tão surpreso, mas seus olhos se encheram de lágrimas ao encarar os dois.
Mas apenas uma pessoa notou algo realmente estranho.
Blaise.
Blaise foi a primeira pessoa a dizer algo.

-onde está a mamãe? Ele disse se aproximando de nosso pai desacordado

Aquelas palavras desencadearam uma série de choro. Tanto pela parte de Lupin, quando pela de Sirius. Eles não sabiam o que nos dizer, mas eu ja tinha entendido.
Agarrei o corpo de Blaise contra o meu e só precisou desse abraço para ele perceber que ela não ia mais voltar.
Blaise me abraçou como se acreditasse que, quando aquele abraço acabasse, ela voltaria.
Mas ela não voltou.

*

Assim que abri os olhos, senti minha cabeça latejar de um jeito que quase me fez desmaiar novamente.
Tentei acostumar minhas vistas com a luz fraca do ambiente encarando cada ponto do local.
Meus pulsos foram amarrados para trás do corpo e minhas pernas, coladas uma em cada pé da cadeira. Eu estava completamente presa.

Senti algo escorrer pela minha testa e sabia que estava sangrando. Dava pra sentir a dor do ferimento.

Analise o perímetro

Olhei para todos os lados em busca de uma janela ou algo cortante que pudesse me desamarrar da cadeira. Olhei para cada objeto do local e depois testei a força do nó.
Poderia ser desfeito com muita facilidade.

Quando minha cabeça parou de latejar, eu comecei a lembrar das facas e giletes escondidas por meu corpo. Coloquei uma em cada local estratégico, incluindo em baixo da língua.

Antes de fazer qualquer movimento para me desamarrar, encarei as quatro paredes do porão.
Nenhuma câmera.
Não tinha ninguém ali.

Forcei as minhas mãos até que elas chegassem nas minhas costas, onde eu havia deixado uma faca na calça.
Para o meu azar, ela não estava mais la.

Claro que eles iriam me revistar.

Mexi o pé dentro da bota e também não senti mais as duas facas que estavam ali. Então agora tinha apenas grampos de cabelo afiados e uma gilete em baixo da língua.
a gilete

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