Capítulo 34

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- Anthony, ela chegou! - diz minha mãe Rose para o meu pai assim que me vê passando pelo portão da casa.

Estava no Brasil. Depois do chacoalhão de Scooter sobre meus objetivos com minha carreira, decidi ouvi-lo e fazer o que ele estava pedindo.

A verdade era que ser jovem, famosa, ter sua vida amorosa um desastre e amigos que sempre te chamam para festas eram a combinação mais tentadora para se envolver em qualquer coisa que tirasse sua atenção ou responsabilidade.

Conversei com Nancy e Scooter sobre viajar ao país onde nasci e produzir pelo menos uma parte do álbum lá. Pelo menos em um país diferente, não correria o risco de me envolver em polêmicas.

Havia um estúdio de música da Scooter Braun Projects em São Paulo, e eu poderia ir lá a qualquer momento para gravar. Mas esse não era o objetivo da minha viagem, o foco era criar canções.

Não que eu não tivesse inspiração, para ser sincera, havia um caderno lotado de canções não finalizadas por mim, tirando as que estavam no bloco de notas do celular. Mas como Scooter havia dito, toda essa agitação estavam me afastando da criação do álbum e eu precisava sentar e simplesmente deixar que meus sentimentos criassem a música.

Apesar de ter passado o mês inteiro de janeiro trabalhando, sentia que o tempo que dedicava não era tempo de qualidade. Ou seja, ficava horas dentro do estúdio, em reuniões e produções, mas que no final do dia não significavam nem um porcento do necessário.

O que me confortava era que minhas duas músicas lançadas ainda estavam no topo das paradas, o que me dava um gás e uma certa folga para não ficar pensando muito no que o público acharia.

Sabia que esse álbum seria o mais vulnerável da minha carreira, pois em cada letra contava histórias sobre minha vida pessoal, sobre como me senti em vários momentos, tanto sozinha quanto relacionado a outra pessoa.

Precisava resgatar a Maia artista dentro de mim, sentia falta dela e voltei justamente para o meu lar com essa intenção.

- Meu amor, nem acredito que finalmente estou te vendo - minha mãe diz, emocionada.

- Que saudades, mãe! - a abraço.

Meu pai corre para chegar a tempo do abraço em família, somente faltando Amy, que estava atrasada por conta do trânsito de São Paulo.

Era muito grudada a minha família, isso era fato, mas quando estava nos Estados Unidos, sem eles, via uma Maia diferente. Talvez agora conseguiria me acalmar.

A intenção era ficar no máximo três semanas, não acho que seria necessário muito mais que isso. Era o tempo suficiente para aproveitar a família e trabalhar. Também tinha o fato que precisava voltar para os Estados Unidos e fazer a gravação, que demorava muito mais tempo do que se pode imaginar.

- Vou criar as músicas aqui para quando voltar somente passe para o pessoal a ideia concreta - digo para minha família no jantar.

Estávamos reunidos na mesa, comendo uma típica comida brasileira. 

- Isso é empolgante, você nunca criou um álbum em outro país - Amy comenta, pegando mais salada.

- Não é? E sinto que agora tenho muito mais autoridade para fazer o que eu quero.

- Isso é verdade, quando começou ainda era muito nova, estava se descobrindo - meu pai diz - Tenho certeza que agora você se sente mais madura para ter autonomia.

- Mas é ruim por um lado.

- Por que? - minha mãe pergunta.

- Porque se der errado, a maior responsabilidade será minha. Quando se é mais jovem, há toda uma equipe para te amparar, olhem as pessoas creditadas nas minhas músicas antigas, há umas cinco - tomo um gole do suco - Agora sou eu praticamente sozinha, mas é óbvio que se precisar de ajuda, eles irão me ajudar, é só que como artista com experiência, sinto que preciso passar por isso.

Fool For You | 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora