Capitulo 11

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Subo as escadas correndo sem nem olhar pra trás.
Meu rosto queimava, será que meu avô estava ali a quanto tempo?
Meu corpo tremia por inteiro ao lembrar da sensação anestésica do toque do Pedro em minha pele.

Arranco a roupa e me jogo em um banho gelado. Preciso acalmar os ânimos e me livrar da vontade de ligar pra ele... por mais que essa história de fazer esse tipo de coisa no meio rua seja algo completamente novo e inapropriado pra mim, não posso negar que quero mais e mais. É como se tivesse algum efeito sobre mim, como se eu perdesse por completo a habilidade de pensar.

Me jogo na cama quando ouço alguém bater na porta

- Entra - grito com a cara enfiada no travesseiro

- Você não vai comer Malu? - minha avó pergunta, entrando no quarto

- Não estou com fome - falo

- Quem era o rapaz que estava com você? - quis saber

- Um amigo da faculdade - não é mentira, penso

- Hmmm, ele também vai ser médico? - ela muda o tom de voz na última palavra

- Não Vó, ele faz... - paro de falar quando me dou conta de que não tenho a mínima ideia de qual curso o Pedro está matriculado

- Faz o que? - ela pergunta confusa

- Engenharia - a primeira coisa que me vem na cabeça

- Hmmm que chique - ela sorri- Vou deixar a sua comida no microondas, boa noite.

Minha avó me deixa sozinha e não consigo me conter, começo a gargalhar, como é possível que nunca tenha perguntado algo tão importante assim??? O que o inconsequente do Pedro estuda?? Quer dizer, não existe curso pra enganar enganar as menininhas...

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Pego meu celular e digito uma msg

"Você prestou vestibular pra qual curso?"

"Caraca, que msg mais entranha pra me mandar depois de sermos interrompidos"

"Para de graça Pedro Henrique, responde a minha pergunta"

"Engenharia"

"Foi o que imaginei"

"Então está tendo imaginações comigo?"

"Não, só deduzi"

"Viu como você não sabe nada sobre mim?"

"Como assim? Não entendi"

"Eu curso psicologia"

"Você? Psicólogo? Hahahah até parece Pedro, nunca nunquinha"

"Não entendi, qual o preconceito?"

"Nenhum, é só que não combina..."

"Mais uma coisa na qual você está errada kkk se quiser posso te mostrar mais"

"Eu só acredito vendo, você não faz psicologia"

"183 a.t"

"Além de tudo já esta maluco... O que é isso?"

"Minha sala, entro às 8h" 
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Escapo do laboratório, procuro pelo prédio de humanas, subo uns dois lances de escadas e veja a placa na porta "183a.t", me aproximo com delicadeza pra não fazer barulho, através do vidro percorro com olhos a sala toda. Sentadinho no fundo lá estava ele, concentrado, prestando atenção na aula.

Escrevo outra msg:

"É, preciso me desculpar por duvidar da sua palavra rsrsrsrsrs"

Observo ele perder o foco, pegar o celular, sorrir e automaticamente olhar pra porta, me encontrando

"Eu te disse!! kkkkk aceito suas desculpas se almoçar cmg"

"Não posso tenho aula até as 17h"

"E não vai comer até lá?"

"Tenho 2h pra almoçar, na cantina kkk"

"Estarei lá"

Quando chego na cantina vejo ele distraído, brincando com um canudo, deixo um sorriso bobo escapar. Me sento ao seu lado

- Não estou ouvindo vc implorar por perdão - Ele fala me desafiando

- Nem vai ouvir né meu filho - falo rindo  - E só que não dá pra te imaginar nessa profissão! Quer dizer e esse cabelo?? - tento bagunçar seus cachos, mas ele segura minha mão

- Isso se chama preconceito Maria Luiza. - balança a cabeça negativamente

- É, desculpa aí mas não dá!! Um psicólogo precisa passar credibilidade pro seu paciente - falo brincando, tentando provocá-lo

- Então quer dizer que meu cabelo não passa credibilidade?

- Não - falo convicta

- Não foi isso que pareceu ontem a noite - ele fala me puxando pra mais perto - Falando nisso, quando vamos poder terminar o que começamos? - ele pergunta, dessa vez bem perto do meu ouvido, me arrepio

- No momento eu só quero terminar meu almoço - falo enquanto me afasto e ajeito o cabelo - Foi pra isso que você me chamou não foi? - ele bufa e revira os olhos em se rendendo

Depois do almoço fico conversando com o Pedro até perceber que já me atrasei pra próxima aula, nunca havíamos conversado tanto sobre tantas coisas. Perguntei sobre aquela vez na batalha, sobre a letra de música que encontrei em seu quarto e aquela história que o Igor disse sobre eles e o outro menino fazerem uma música juntos, ele me disse que esse é seu verdadeiro sonho e que nunca realmente quis fazer faculdade e sim fazer o que ama: cantar.

No fim da aula corro pra casa e passo o resto da noite no telefone com a Pati, ela me diz que quer muito conhecer a Ingrid e quando pergunto o que ela sabe sobre a Tal música ela conta que eles estão muito animados com esse história, diz também que fará um chá de bebê pra chegada do Antônio e me pede ajuda pra organizar todo. 

Antes de pregar o olho recebo mais uma msg dele:

"Tentando escrever a música, difícil me concentrar quando tudo que eu penso é na nossa foda que ainda não esqueci"

"Quer relembrar?"

"Não me provoca"

"Ok, desculpa..."

"To meio ansioso kkk e se ficar ruim?"

"Se você colocar toda sua vontade, não vai... acredite"

"Minha vontade é te ter aqui agora"

"Então escreve sobre isso lkkkkk"

Pedro Henrique, PK.Onde histórias criam vida. Descubra agora