Estava quase conseguindo descansar os olhos quando ouço o voz do piloto, o som começa baixinho mas logo aumenta, me puxando de volta pra realidade, ele avisa que dentro de instantes estaremos pousando em solo carioca. Sinto meu corpo estremecer com o arrepio que vem da espinha, aquele era o início de uma nova etapa da minha vida e eu exalava uma mistura de medo, insegurança e satisfação pelos poros da minha pele.
Sou nascida e criada em São Paulo, particularmente não tenho o que reclamar do meu estado, ele é agitado e insatisfeito com gente acomodada assim como eu, talvez seja um pouco duro no quesito concorrência, lá não existe meio termo, ou você é o melhor ou não consegue o que quer, tive a prova disso no ano passado, quando passei exatos 02 anos estudando e me dedicando para o vestibular mas no final não consegui entrar na tão sonhada universidade de São Paulo, fiquei tão arrasada e quase esqueci que também havia prestado para outras faculdades, a universidade do Rio de Janeiro foi uma das quais fui aprovada. A decisão de largar tudo em SP e me jogar no RJ foi muito difícil pelo fato de que minha vida estava toda lá e não teria como enfiar tudo na mala.
Por sorte, a cidade maravilhosa não é um local estranho pra mim, sempre vinha passar as férias escolares na casa dos meus avós. Eles moram em uma rua bem tranquila perto da praia onde eu sempre ia brincar no fim de tarde, foi em uma dessas que conheci minha melhor amiga Patrícia, tínhamos apenas 07 anos quando percebemos que somos a mesma pessoa e uma não poderia existir sem a outra, desde então nós nos falamos todos os dias, sobre tudo, apesar da distância. Os três são meu alicerce, só deixei de visita-los para me focar mais nos estudos, o que já vimos que não foi uma decisão muito inteligente. Agora estou voltando para morar com meus avós e ficar bem perto da minha amiga, dessa vez definitivamente, pelo menos por 05 anos, até que me torne médica.Estiquei as pernas me espreguiçando enquanto soltava a fivela do cinto de segurança, peguei minha bagagem de mão e em poucos instantes ja estava fora do avião procurando por minhas bagagens (eram muitas, mas nem a metade de tudo). Encaminhei uma mensagem pro meu avô informando que já havia chegado e logo em seguida ele pediu para que fosse de encontrá-lo na saída do aeroporto. Acomodei minhas malas no carrinho e segui.
Depois de tantas voltas avistei aquele velhinho encostado no carro com a maior cara de preocupação que conseguia reproduzir, dou um largo sorriso enquanto corro para abraçá-lo- Vô, quanto tempo! Estou morrendo de saudades...
- Pois é, quem mandou me abandonar e ficar 2 anos sem me visitar!
- Ah seu Luiz, não fala assim, o senhor sabe que não foi porque quis e alem do mais, nem deu certo o que eu realmente queria!
- Ainda bem que deu errado Maluquinha, assim vc veio morar comigo e eu não vou mais sentir saudade! Ele fala alcançando minhas bagagens e colocando elas no porta malas, me acomodo no banco do passageiro e sinto meu celular vibrar:
Mensagem de Paty: Amiga!! Vc já chegou? Eu não acredito que vamos nos ver depois de 2 anos, nem pense em me despender hoje. Mais tarde passo na casa dos seus avós pra te dar o abraço mais apertado do mudo!
Me sinto grata por ter alguém como a Paty na minha vida, respondo que estarei esperando por ela e deixo o celular de lado para poder ouvir melhor meu avô, que já estava cantarolando as mesmas músicas que cantava pra mim quando eu era menor, que saudade eu estava.
Desço do carro e ajudo o seu Luiz a levar minhas tralhas pro meu quarto que estava exatamente como deixei a 2 anos atrás, a não ser é claro pela bagunça que minha avó tratou de desfazer. Troco de roupa e desço as escadas correndo ao ouvir ela reclamar que deixamos a porta aberta, a aperto dentro de um abraço e limpo suas lágrimas
- Vó, pelo amor de Deus, não chora se não eu começo também
- Maria Luíza, não acredito que você está aqui, que saudade!
Ela me convida para sentarmos para comer, ela preparou sua famosa carne de panela com batata, meu estômago quase grita de alegria, nos três ficamos ali por um tempo, conversando sobre tudo e nada, arrumando a bagunça e dando risada ao lembrar das histórias do passado. Acabo de ajudá-los e subo para descansar,me jogo na cama e torço para conseguir dormir.Sinto um peso sob meu corpo e uma voz aguda me chamando, me mexo assustada quase pulando da cama, ainda confusa percebo, Patrícia chegou.
- Eu achei que merecesse uma recepção calorosa, mas não é pra tanto Malu! -Ela fala rindo e me abraçando devagar tentando me acalmar.
- Amiga vc quase me matou de susto - falo enquanto correspondo seu abraço me ajeitando na cama.
- Que saudade de te ter aqui Maria, vc faz muita falta!
- Amiga eu preciso de todo apoio do mundo pra conseguir ficar
- Você tem todo o meu amor -ela sorri- que dia vai fazer a matrícula?
- Amanhã cedo, não quero perder o prazo! Vai que perco mais essa chance
- Então vou com você, mas agora a senhora vai levantar dessa cama e se aprontar porque vamos sair
- Pra que me aprontar Patrícia? Lá vem você... -digo com voz desanimada, faz muito tempo que não saio, depois de dois anos com a cara nos livros eu nem vejo mais graça - tudo que quero é descansar!!
- Nem pensar Maria Luíza - já puxando a coberta e me empurrando pra fora da cama - vamos logo, combinei com o Igor de nós pegar as 20h, daqui a pouco ele chega!
- Ah o Igor também vai! - dou um sorriso desanimo, Igor é o namorado da Paty, são meu casal favorito! Espero que ela entenda que fico feliz em vê-lo mas não em sair de casa - preciso mesmo ir?
- Já escolheu a roupa? - ela fala me ignorando fazendo a sonsa, não tem como competir com essa menina.
Tomo um banho rápido e visto a roupa que ela escolheu pra mim, um shorts azul simples com uma regata preta e meu all star, graças a Deus ela não vai me arrastar pra uma balada, agradeço em pensamento por isso. Faço a make mais básica e passo perfume
- Amiga, onde vamos mesmo? - pergunto percebendo que ainda não sabia.
- Em uma batalha de rima! - ela diz animada - Eu e o Igor nunca fomos, um amigo dele, Caio, é quem nos convidou
- E vc já vai me levar de penetra?
- Malu, é uma batalha de rima, a batalha do tanque, não precisa de nome na lista! - ela debocha.
O celular dela toca, é o Igor, ele diz que já está na porta, descemos as escadas, nos despedimos dos meus avós e entramos no carro.
- Eai, Malu, quanto tempo! - ele sorri e simula um abraço (já que está com as mãos ocupadas no volante) - Ainda bem que você voltou, Patrícia já estava me deixando maluco.
- Saudades cunhadinho, fiquei sabendo que a história é ao contrario em - falo rindo.
- Ela é foda Maria, fica me gastando - ele sorri e percebe que ainda não tinha me apresentado pro seu amigo - Coé parceirinho, essa é a Malu, amiga da Paty
O rapaz sentado no banco do passageiro se apresenta: - eu sou o Caio, mas todo mundo me chama de OikEu dou um sorriso e com uma voz imitando a do Igor digo - E eu sou a Malu - todos riem.
Fomos conversando e brincando até São Gonçalo, que é onde acontece a tal batalha, chegando lá, Caio encontra seus amigos e logo se despersa de nós.
Depois de algum tempo nossa atenção é roubada por um rapaz que grito no microfone - BATALHA DO TANQUE O QUE VOCÊS QUEREM VER? - A multidão responde em couro na mesma intensidade - SANGUE!
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Pedro Henrique, PK.
FanfictionMaria Luiza tem 17 anos, sai de São Paulo pra ir morar no Rio com seus avós e cursar medicina, ou pelo menos esse era o plano. Sua história começa a mudar quando conhece Pedro Henrique, a cada dia que passa fica mais evidente que um foi feito para...