Guia turístico

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Zoro gostava muito de dormir, mas naquela noite não conseguira dormir nada. Não conseguiu mesmo estando muito cansado com a viagem. Sentia-se um pouco preocupado por estar num país diferente e ele percebeu que não estava se reconhecendo, já que não era de seu feitio esquentar a cabeça com alguma tolice como aquela.

O sol nasceu e às 8 horas resolveu se levantar, coçava suas costas sob a camisa enquanto caminhava até a janela de veneziana de seu quarto. Um pouco a frente havia o mar de um azul limpo, pousou a cabeça numa mão de um braço apoiado no parapeito e viu que antes do mar havia campos floridos... aquele era definitivamente um belo país.

Bocejou e se dirigiu a porta para urinar no banheiro, mas se enganou e acabou abrindo a porta azul. Entrou no quarto de Sanji e ouviu barulhos estranhos ainda que estivesse devagar pra raciocinar, isso até arregalar os olhos ao ver o loiro do outro dia sentado na cama e se masturbando. Estava tão concentrado que ainda não havia notado a presença do estrangeiro.

Zoro permaneceu no mesmo lugar em vez de sumir dali, aquela imagem intrigava seus olhos castanhos e por isso não voltou pro quarto, embora soubesse que o sobrancelha enrolada ainda não havia lhe notado. Quando Sanji ejaculou sobre os lenços de papel, encontrou um marimo assustado no seu quarto e deu um berro.

Sora estava na mesa do café rindo sem parar com o grito que seu filho dera mais cedo. Lembrou que quando ouviu, saiu correndo para o quarto do filho e encontrou os dois meninos super corados naquele momento constrangedor. E bem, Sanji e Zoro se sentiam ainda constrangidos, até mais.

— Mãe, tome seu café antes que esfrie!

A mulher conteu as gargalhadas. - Me desculpa, garotos. - Exugava as lágrimas de tanto rir.

Sanji terminou de pôr a mesa e se sentou, depois encarou Zoro. - Por que entrou no meu quarto, idiota?

— Eu confundi as portas.

De repente, os dois ouviram um barulho, era Sora tentando não rir para não cuspir o café da boca. Depois que engoliu, pegou um lenço para se limpar e respirou fundo, recuperando a compostura. - Sanji, mostre a cidade para Zoro. - Piscou um olho para o esverdeado.

— Hã?! Por que tenho que ser o guia turístico desse marimo?

Zoro pensou quem era "marimo" até a ficha cair.

— Quem você está chamando de "marimo"?

— Você, seu retardado!!

Os dois começariam uma briga como na noite passada, mas Sora socou a mesa de jantar antes que gerasse uma discussão. A mesa vibrou e eles pararam.

— Leve Zoro agora pra conhecer a cidade ou conto a Reiju o que aconteceu nessa manhã!

Os meninos engoliram em seco o olhar horripilante de Sora, e Sanji ainda pensou que se Reiju ficasse sabendo daquele "acidente" seria capaz dela nunca mais largar de seu pé.

— Ok, mãe.

Após o café, Sanji e Zoro andavam sobre os tijolos vermelhos do jardim da casa. Zoro nesse momento não parava de olhar ao seu redor que até chamou a atenção de Sanji.

— O que está vendo?

O esverdeado olhava para os ornamentos rústicos e depois para as flores tão bem cuidadas por Sora ao ser surpreendido por essa pergunta. - Sua casa é bonita.

Sanji franziu a testa e olhou ao redor. Achava que era igual a todas. - De qualquer forma, vamos pegar as bicicletas na garagem para irmos na praça onde Roger foi executado.

O sol a pino fazia os dois garotos suarem feito porcos, mas continuaram pedalando sobre as ruas e ladeiras até que chegassem ao destino.

— Loguetown não é a capital, mas temos alguns pontos turísticos além das praias, essa praça é um exemplo. Se descermos as escadarias do outro lado, encontraremos ruínas de alguns castelos.

Zoro observava a imensa praça enquanto ouvia Sanji. Mesmo com o sol quente, havia uma movimentação. Subiram uma longa escadaria para que chegassem ali. O chão era de mármore e havia arcos ornamentados ao redor da praça em que pessoas paravam pra tirar fotos, deveriam ser turistas. E claro, havia o palco em que Gol D. Roger foi executado. Se recordava bem de que aquele era um dos maiores pontos turísticos do mundo.

— Pra quê me trouxe aqui?

Sanji piscou os olhos, confuso com a pergunta. - Ora, pra você conhecer a cidade. Está louco? O sol te faz mal?

— Ruínas? No meu país há ruínas também. Não me interesso.

O tom da voz do marimo era seco e irônico. Sanji notou que ele estava incomodado com aquele ambiente e se lembrou que o país East Blue, de onde veio Zoro, era pobre. Riu e escorregou as mãos nos bolsos da calça para tirar um isqueiro e um maço. Acendeu o cigarro.

Zoro ficou um pouco surpreso em vê-lo fumar, mas não por que era um ato errado para sua idade ou algo assim. E sim porque Sanji, que lhe parecia ser um engomadinho até aquele instante, estava bem legal.

— Perdão, marimo. - Sorriu com o cigarro nos lábios. - Vou te levar num lugar sem esses engomadinhos.

Zoro respondeu com um sorriso. Essa foi a primeira vez que os dois se deram bem.

Estavam sentados no gramado da margem de um rio. Sanji disse ao esverdeado que aquele lugar era o seu favorito na cidade. Era calmo e quase ninguém passava por ali, podia fumar sossegado sem ter um adulto em seu encalço.

— Quem é Reiju?

— É minha irmã. Ela deveria estar no jantar de ontem, mas ficou com a namorada.

— Entendi.

Um silêncio tomou os dois, uma brisa levantou as folhas da árvore que os cobria e o calor de mais cedo parecia ter ido embora.

— Sua mãe é legal.

— Sim.

Zoro deitou-se no gramado enquanto Sanji permaneceu sentado e fumando.

— Ela me disse que foi você quem fez o jantar. - Balbuciou com o antebraço sobre os olhos, fazendo o rosto do loiro esquentar. - Estava muito bom.

Sanji ficou mais corado com o elogio, era a primeira vez que alguém fora da família gostava de sua comida. Na verdade, era a primeira vez que cozinhava para alguém que não fosse sua mãe, Reiju e Pudding. E era até por isso que no outro dia estava tão empenhado no preparo do jantar. - N-Não e-estava tão b-bom a-assim.

"Meu Deus, por que estou gaguejando?!"

Porém, ouviu um barulho e olhou por cima do ombro, Zoro dormia profundamente e roncava muito alto. O loiro deu um suspiro, agradecendo mentalmente por ele não ter-lhe visto envergonhado, e virou o olhar para o rio novamente. Notara suas olheiras e entendeu que o marimo devia ter ficado a noite inteira preocupado com o novo lugar que estava vivendo.

A porta azulOnde histórias criam vida. Descubra agora