A porta azul

Gentil

O sol ganhava força e se estendia pelo quarto, através da janela aberta, pousava na cama de solteiro em que dormiam dois rapazes. Sanji acordou incomodado com a luz e ao ver o marimo em seu peito, se lembrou de que ele havia dormido ali noite passada.

Os dois haviam trocado carícias e adormecerem juntos naquela cama, mas ouviu a voz de sua mãe chamar para o café e resolveu acordar o dorminhoco que teimava em continuar a dormir sobre o seu peito. Sanji se sentia desesperado, vai que sua mãe abrisse a porta de seu quarto?

— Anda, você precisa ir pro seu quarto!! - Empurrava o marimo de cima dele até cair no chão, provocando um estrondo que lhe deixou mais nervoso por achar que sua mãe poderia ouvir.

Mais uma vez se culpou por acordar tarde, possibilitando da sua mãe fazer o café, a mesma já estava na mesa junto de Reiju e Pudding. Assim que Sora viu os rapazes descendo das escadas, deu um belo sorriso.

— Bom dia, meninos!!! Estava agora mesmo falando com Reiju e Pudding para irmos à praia já que hoje é sábado. Se não me engano, Zoro ainda não conheceu nossas praias, certo?

— Certo. - Respondeu já sentado na mesa e o sobrancelha enrolada se sentou ao seu lado.

— Gostaria de vir com nós três?

— Não vejo problema.

— Opa, e quanto a mim?! - Sanji exclamou enfurecido depois de contar com os dedos e ver que faltava um.

As meninas riram com seu jeito estressadinho de sempre. No entanto, Pudding sentiu um mal estar e levou uma mão até sua cabeça.

— O que foi? - Perguntou Reiju, preocupada.

— Acho que exagerei muito ontem nas bebidas. Minha cabeça está explodindo.

— Nada... Você que é muito fraca.

Pudding inflou as bochechas. - Você fala de um jeito como se não tivesse vomitado a noite inteira.

Reiju coçou a nuca e tinha uma vaga lembrança que vomitava no banheiro do andar de baixo e que era acudida por Sanji.

A praia estava cheia e quente, a areia era branca e o mar muito azul, bem diferente do mar da cidade de Zoro. Sanji cravou o guarda-sol na areia para sua mãe, que pouco depois estendeu uma toalha a fim de todos sentarem. Reiju chamou Pudding para tomar banho no mar, a garota aceitou e tirou sua saída. Sanji ao ver Pudding apenas de biquini, se prontificou a ir no mar com a duas. Vai que uma alga fique presa no pé de Pudding, a fazendo se assustar e se agarrar no loiro com aqueles dois melões na sua cara. Apenas ficaram Zoro e Sora na toalha sob o guarda-sol.

— Por que não vai também?

— Estou curtindo a vista... o mar daqui é muito lindo. Mais tarde mergulho.

Sora sorriu com a resposta de Zoro. - Está gostando daqui?

— Ainda não sei, sinto falta dos meus pais e tudo mais. Porém, tenho certeza que esse é um país lindo.

— E quanto a Sanji? Está gostando dele?

As bochechas do esverdeado se ruborizaram e Sora percebeu. - Muito. Gosto muito dele.

A mulher de cabelos loiros e com um chapéu de praia sorriu muito feliz com a resposta do rapaz, até pensar que precisava dizer algo.

— Há um motivo por eu ter me voluntariado no projeto intercambista e de ter te hospedado.

Zoro ficou em silêncio, percebeu seu tom sério e continuou a ouvir.

— Sanji não tem amigos, porque as pessoas o acham diferente. Até seu hobby por cozinhar é diferente de um garoto da sua idade. - Falava com os olhos firmes no mar. - Ele nunca me contou, mas sei que é isolado dos demais também por causa de mim. Não sei por que acham que sou uma péssima mãe e por isso que pensei que somente alguém de outra cultura poderia compreênde-lo. - Nesse momento, Sora virou o rosto para o de Zoro, que já lhe observava com seus olhos castanhos. - Por isso fico feliz por gostar do meu filho!

— Eu cuidarei dele, senhora Sora.

A mulher ficou surpresa com essa fala, não esperava por isso, mas não se aguentou e abraçou o esverdeado com muito carinho. - De repente você ficou tão fofo!

Já tomado banho, Sanji estava no seu quarto e enxugava seus cabelos loiros com uma toalha. Depois de passar um desodorante aerossol, bateu na porta azul a fim de entrar no quarto do marimo.

— Pode entrar!

Sanji abriu a porta e Zoro, que navegava na internet pelo celular e deitado na cama, teve que desviar os seus olhos para ver aquele magrelo sem camisa e usando apenas um short. Sua toalha de banho rodeava seu pescoço longo e seus cabelos estavam úmidos e desgrenhados. De alguma forma aquele corpo magro lhe excitou.

— O que você quer? - Perguntou fingindo estar aborrecido e Sanji se sentou ao lado de seus pés.

— Queria saber como é East Blue.

— Por que isso?

— Porque quero saber mais sobre você.

Sanji deu um sorriso tão gentil que enrubesceu o marimo idiota na hora. Largou o celular e se sentou ao lado do loiro.

— Na minha cidade faz mais calor do que aqui e as pessoas são mais hulmides e calorosas.

— Então, lá parece ser melhor do que aqui com essa gente fofoqueira.

— Não sei.

Piscou os olhos, confuso. - Por quê?!

— É que por mais que fosse perfeito, eu ainda não me sentia feliz. Faltava algo e por isso resolvi fazer o intercâmbio.

O rapaz loiro estava intacto na cama com o que ouviu. "Ele é como eu..."

Zoro não aguentou ver mais seus lábios rosados e entreabertos que resolveu lhe dar um beijo. Era tentador e parecia ter o gosto doce de suas comidas. Deslizou suas mãos calejadas nos ombros quadrados e na sua clavícula aparente. Sanji respondia o beijo na mesma intensidade.

Aquele dia continuava com um tempo bom, como Zoro iria dormir, Sanji aproveitou o momento para ir até a margem do rio que gostava. Andava na bicicleta observando sua bela cidade e ao chegar, largou sua bike de qualquer jeito na relva da margem e permaneceu sentado. Claro que fumava. Passaram-se 20 minutos, Sanji já não permanecia sentado e sim deitado, olhando o céu do dia se esvaindo aos poucos, mas ouviu alguém lhe chamar. Pendeu a cabeça para trás e arregalou os olhos ao saber que era Nami.

— Que bom te encontrar, Sanji-kun. - Se aproximava.

— Ham? Nami-san? - Percebeu que tinha um cigarro apagado na boca e jogou longe, embora a ruiva já ter visto. Riu de seu jeito. - O que faz aqui?

— Estava andando e me assustei quando te vi deitado na margem. - Sentou-se em frente do loiro.

— Me perdoe!!! - Girou o corpo para ficar sentado no sentido da ruiva.

— Não precisa se perdoar por causa disso . - Riu, mas respirou fundo como se precisasse tomar coragem, o outro achou estranho esse comportamento. - Eu vou me mudar, Sanji-kun.

— Quê?! Pra onde?!

— Pra casa da minha vó. - Ajeitou a mecha de seu cabelo ondulado enquanto desviava seus olhos amendoados de Sanji. - Não precisa mais se preocupar, eu via que você queria me ajudar. Mas na casa da minha vó estarei bem.

Sanji continuava confuso ao ouvir aquilo tudo de Nami. Porém, subitamente, ela se aproximou mais de seu rosto e beijou os seus lábios levemente. Um selinho tão curto que nem deu tempo do loiro fechar os olhos, pelo contrário, estavam arregalados por conta de tanta confusão.

— Esse é meu adeus, Sanji-kun. Obrigada por ser tão gentil.