Sentimentos

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Fazia três dias que Zoro ganhara alta do hospital. Nesse tempo, o esverdeado ficou repousando em seu quarto. Sora sempre lhe trazia comida e perguntava se sentia melhor para andar e ele sempre a respondia que não.

Foi numa dessas visitas e, assim que voltou para o corredor, que Sora ouviu algo sair do quarto ao lado. Esse era o quarto de Sanji.

Bateu na porta, enquanto tentava segurar a bandeja que trouxera para Zoro com um braço. Equilibrava a louça, já sem comida, para não cair e se lembrou mais uma vez de que Sanji não estava mais a ajudando nos afazeres de casa.

A porta à sua frente abriu e Sora se encontrou com os olhos inchados de seu filho. Sentiu um aperto no coração quando teve certeza que o barulho que ouvira era de choros. Seu filho sofria e ela sentia que não podia fazer nada.

— Posso entrar, Sanji?

O loiro já iria respondê-la, mas viu a bandeja e se prontificou de tirá-la das mãos de sua mãe. Depois a colocou na mesa de estudos do seu quarto.

— Sim.

Sora sorriu ao vê-lo atencioso por um instante. - Obrigada.

Os dois se sentaram na cama, Sora se aproximou mais e pegou nas mãos do filho. - Não sofra sozinho, saiba que estou aqui para ouvi-lo.

Sanji observava a ternura do seu olhar, juntamente às suas mãos macias.

— Não guarde tudo dentro de si. - Apertou com mais força as mãos do filho, que piscou os olhos por pensar em algo.

— Mãe, você... você sabe de algo? - Se referia à sua relação com o marimo.

— Sim. - Chorou ainda segurando as mãos de Sanji. - Me perdoe por não ter sido participativa e ter dado conselhos como uma boa mãe deveria fazer. - Abraçou o loiro. - Me perdoe por ser uma inútil! Eu sou mesmo uma péssima mãe!

Sora chorava muito enquanto abraçava Sanji bem apertado. E por conta disso, que o loiro se separou dela e buscou a bandeja com as louças sujas na mesa de estudos.

"Você nunca seria uma péssima mãe por me aceitar com o marimo sem nenhum preconceito."

— Que tal eu continuar a conversar contigo enquanto lavo a louça pra você?

A mulher viu o belo sorriso do filho e enxugou suas lágrimas com os dorsos das mãos. Não importava o quanto estivesse sofrendo, Sanji nunca deixaria de pensar no seu próximo. Seu coração era gentil demais.

— Sim.

Mais tarde, Zoro saiu da cama surpreendendo a todos. Tomou o café da tarde na mesa e disse a Sanji que gostaria de andar pela cidade. O loiro ficou preocupado e perguntou se estava mesmo disposto, mas Zoro lhe ignorou e tomou à frente do caminho. Sanji o seguiu desesperado, sentia medo dele se perder novamente.

Caminharam pelas ladeiras e pelas ruas estreitas de pedras irregulares. Ruas envoltas por casas de terracota ou de outro tipo de cerâmica. O cheiro de maresia ainda chegava até ali, mas pararam os passos na margem do rio. Uma libélula voava sobre a água e a lua já aparecia no céu ainda claro.

— Vou ligar mais uma vez para os meus pais e convencê-los de ficar o semestre aqui.

Sanji ouviu a voz rouca do marimo. Olhava para a libélula e ficou em silêncio por longos segundos, fazendo Zoro pensar que não se sentia nem um pouco esperançoso. Reforçou esse pensamento ao vê-lo com os olhos marejados.

— Acho melhor você ir... Não quero que mais nada aconteça contigo. - Enxugava as lágrimas quentes que desciam de seus olhos. - Essa cidade é um lixo.

— Está me dizendo que não quer lutar por mim? - Disse enfurecido com o pensamento distorcido do cozinheiro. - Sério?!

— Não quando sua vida tá em risco.

Zoro suspirou pesadamente, aquele tarado devia estar se culpando por tudo o que aconteceu. - A minha vida nunca está em risco ao seu lado, idiota.

No outro dia, Zoro conversou com seus pais mais uma vez e não conseguiu convencê-los. Sua mãe dizia que estava muito preocupada e seu pai pensava que nunca acharia North Blue um lugar perigoso tanto quanto East Blue. Eles ainda disseram para não perder a data do vôo, queriam o mesmo em casa quanto antes. Visto que desde que ficaram sabendo do rapto, havia se passado muitos dias, aqueles no hospital e depois aqueles que repousava na casa de Sora. Sentiam-se ansiosos.

Desligou o celular e se levantou da cama, queria conversar com Sanji... Sentia vontade de beijá-lo mais do que nunca e, quando notou, lágrimas desciam de seus olhos.

"Patético."

Enxugou as lágrimas com os antebraços e fungou o nariz. Recuperada a compostura, resolveu bater na porta azul, mas não obtera retorno.

Abriu a porta sem o consentimento de Sanji e entendeu que não havia ninguém no quarto, mas Zoro ouviu um barulho de chuveiro ligado. Concluiu que o sobrancelha enrolada estaria no banho e depois de dar alguns passos, pôde vê-lo pelo vão da porta do banheiro.

Totalmente nu.

Despercebido, Zoro adentrou a suíte e se despiu. Entrou no box, enquanto o loiro se lavava. Assim que Sanji se virou para si, cobriu a boca dele antes que desse um grito.

— Marimo? - Disse já num tom calmo e logo em seguida permitiu que o outro lhe desse um beijo.

Enquanto se beijavam, os dois deslizavam as mãos no corpo do outro. Se separavam para respirar e voltavam a sentir a língua do parceiro intensamente.

A água corria pelos corpos de ambos, seus falos se roçavam e os lábios eram mordidos.

Zoro começou a tocar Sanji, que resolvera fazer o mesmo. Gemeram, enquanto suas ereções desciam ralo abaixo. Depois se sentaram no chão, arfando o ar, e sem forças nas pernas.

Cada um sentia o ar quente que saia de suas bocas e Zoro ainda tocou levemente nos lábios de Sanji. Envolveu o rosto dele com suas mãos grandes para que trocassem olhares sem um desvio sequer.

Sanji sentiu um frio na barriga ao ver aqueles olhos castanhos tão carregados.

— Eu te amo, cozinheiro tarado.

Aquela foi a primeira vez que o marimo dizia tais palavras para o outro. Sanji piscou os olhos, processando o que acabara de ouvir, e se emocionou.

— Eu também! Eu também te amo, marimo de merda!

A porta azulOnde histórias criam vida. Descubra agora