Eu não tinha forças para expressar o quanto a angústia tomava conta de mim, eu só queria poder falar para ela, o quanto era importante, o quanto eu queria que ela estivesse do meu lado.
Minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto, minha vida não parecia real, tudo que eu mais queria era acordar daquele pesadelo.
Só quem já passou pela experiência de sentar em um banco, esperando receber a notícia que iria te destruir por dentro sabe como é horrível...
A família toda sentada, não podendo fazer nada para impedir um desastre, todos passavam por nós, com olhar de pena.
Eu nunca senti tanta ansiedade em minha vida, queria colocar tudo para fora.
Até que ele chegou, uma pessoa que eu tenho motivos para odiar, uma pessoa que não fez nada além de atrapalhar minha vida, meu pai.Desde pequeno eu nunca tive nenhum contato com meu pai...Quando completei 16 anos, ele apareceu, e tentou contato comigo, mesmo comigo bloqueando todas investidas que meu pai fazia.
Ele é uma pessoa que não fez parte de minha vida, e não quero que faça, ele é desprezível, sempre se aproveitou da inocência da minha mãe, não quero saber de uma pessoa como ele, que nunca agiu como um pai.
Estava usando a roupa de seu trabalho,seu olhar estava fundo, dava pra ver o arrependimento no seu olhar.Minha tia já sabendo que aquele que entrara era meu pai, segura no meu antebraço direito, que estava apoiado em minha perna, e com a voz de alguém que ingeriu muitos remédios calmantes, pede pra que eu tenha calma e não me deixe levar pela situação.
Fico apenas observando enquanto ele pedia informação a um doutor, que aponta a direção em que estávamos sentados.Me levanto e vou em sua direção já pensando em descontar nele toda agonia que estava sentindo.Meu pai quando chegou de encontro comigo começa a falar:
_Eu entendo o que está passando filho,eu sei que não devo estar aqui mas eu quero estar junto de você Theo...
Olhando em seus olhos eu digo com muita calma:
_Eu tenho motivos para expulsar você daqui, mas querendo ou não, vai ser bom você ver minha mãe nessa situação, pois assim o senhor pode sofrer por dentro, lembrando tudo que você fez com ela, mas do contrário,pode ir embora,não é bem vindo aqui,como já sabe.
Ele com um tom de aceitação apenas vai embora, aproveito que estou de pé e vou até o bebedouro do hospital, encho um copo descartável com água gelada e a bebo, sinto que falar com meu pai de alguma maneira me acalmou, pego assim mais água em outro copo e levo pra minha tia.A angústia ainda tomava conta do meu ser, e o clima que a situação atraia só deixava tudo mais tenso.
Era um momento crítico para minha mãe, todos sabiam disso, até que depois de um tempo um médico chegou, andando com um olhar reto, um rosto sério e trazendo consigo a terrível notícia que minha mãe havia falecido por conta de uma morte cerebral.
Naquele momento, minha vó caiu de joelhos no chão e não fazia nada mais além de chorar e chorar, minhas duas tias choravam muito, e meus primos pareciam não crer que isso estava realmente acontecendo, e eu?
Eu sentia o mundo girar, sentia falta de ar, comecei a inspirar e chorar desesperadamente, nesse momento eu já estava vendo tudo embaçado, e eu simplesmente apaguei....
Quando acordei estava em casa, pensei por um momento ser um pesadelo, mas estava bem longe disso, o corpo da minha mãe estava pronto para ser velado.Toda minha família estava pronta para ir ao velório, fomos de carro, eu apoiei minha cabeça na janela do carro e fui a viajem toda vendo as árvores pelo caminho, e refletindo sobre tudo que estava acontecendo, minha família toda desceu do carro e foi comer em uma lanchonete qualquer, me chamaram para comer mas eu recusei, porém não insistiram, eles entendiam como eu, filho único, estava tenso por ter perdido a mãe.
E o velório?Como qualquer outro, choradeira pra cá e pra lá, eu nunca vi graça em velórios só servem para causar dor aos parentes, digo isso porquê me doeu muito vê-la desse jeito.Três meses depois:
Meu pai nunca mais deu as caras, minha família se distanciou muito, meu trabalho continua o mesmo, e minha vida continua a mesma.
E eu tive um plano a um tempo atrás, eu planejo viajar, ter uma vida nova em um lugar novo, em Atlantic City, eu consegui passar em uma faculdade lá, e vou poder completar meu sonho de estudar engenharia elétrica.
Não falei nada com minha família, minha animação é de poder ir embora sem deixar rastros, poder ter uma vida nova e é isso que eu estou fazendo, estou em um avião, viajando pra lá, com celular novo, roupas novas, uma ótima vaga em um apartamento e com um diário que estou escrevendo nesse exato momento.
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Dear Diary
Mystery / ThrillerApós a morte de sua mãe em um terrível acidente de carro, Theobaldo, um jovem psicopata de 22 anos tenta uma vida nova, sem família, amigos, e problemas passados. Até o dia que ele se sente encurralado e resolve seus obstáculos de uma forma não mui...