Ꮯꮋꭺꮲꭲꭼꭱ - 04

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Lena acordou e o quarto estava escuro. Sentiu um corpo rígido atrás dela e o calor da respiração de Kara em sua orelha.
Seu rosto estava quente e ela piscou os olhos ao pensar que estava mesmo ali, envergonhada, no escuro, porque tivera uma noite de sexo selvagem com a pessoa mais pervertida e experiente que já conheceu. Kara era mesmo sensual.

Levantou a cabeça, à procura de um relógio, mas o quarto estava escuro demais e as janelas fechadas. Bem, precisava fazer xixi. Cuidadosamente, saiu da cama, afastando o lençol para o lado e deixando o braço de Kara no colchão. Lena não sabia se Kara tinha que trabalhar naquele dia e pensou que ela precisava descansar.
Lena procurou suas roupas e pegou o celular dentro do short para ver que horas eram. Era cedo. Ou tarde, dependendo dos compromissos. Normalmente, Lena ia dormir àquela hora depois de passar a noite trabalhando no bar - e imaginava que Kara também, depois de uma noite toda de serviço.

Siobhan ainda estaria no escritório, pois sempre permanecia ali até as seis da manhã. Só Deus sabe o que ela ficava fazendo ali, mas reclamava dos gastos o tempo todo. As garçonetes escutavam suas reclamações constantes a respeito do corte de despesas.
Dentro do banheiro, Lena se sentou sobre o vaso fechado por um bom tempo, pensando nas opções que tinha. Na noite anterior, ela havia se irritado e estava pronta para mandar Siobhan se foder e encontrar outro emprego. Mas não podia ficar sem trabalhar nem alguns dias e não havia garantias de que ela encontraria outro emprego rapidamente. Precisava conversar com Siobhan para convencê-la de que não havia roubado o dinheiro e recuperar seu emprego.
Para isso, ela realmente precisava engolir o orgulho. Nunca tinha sido boa nisso. Nem depois de todas as brigas com a família abusiva. Lena passou distraidamente a mão pelo joelho e olhou para as cicatrizes que se estendiam pelos dois lados da perna.
Os cobradores não eram exatamente compreensivos e ela tinha que se alimentar e pagar seus estudos. Se pretendia se reerguer sem depender de sua família terrível e cruel para isso, precisava levantar a cabeça e voltar ao pub. Se fosse agora, poderia voltar a tempo de preparar o café da manhã para Kara. Ela nem sequer perceberia que ela havia saído se as coisas dessem certo com Siobhan. E, na pior das hipóteses, Lena pegaria suas gorjetas e seu salário e se conformaria em procurar emprego em vez de tirar o dia de descanso.
Sábado era seu único dia de folga. No resto do tempo, ela estudava ou trabalhava.

Lena tomou uma ducha, lavou a boca com um enxaguante bucal que encontrou e prendeu os cabelos desgrenhados em um coque. Então, voltou para o quarto na ponta dos pés, parando na cozinha para deixar um recado, para o caso de Kara acordar antes que ela voltasse.

Pensando bem, era melhor ver se Kara tinha coisas para o café da manhã, porque, se não tivesse, ela passaria na loja de conveniência para comprar. Ovos eram baratos, assim como queijo e cogumelos. Ela poderia fazer omelete e bolinhos.

Balançou a cabeça ao abrir a geladeira. A julgar pelas caixas de comida pronta e de pizza, Kara comia fora com frequência e não gostava de cozinhar. Bem, ela provavelmente não deveria ter muito tempo para a culinária caseira, Lena pensou.
Satisfeita com seu plano, Lena saiu do apartamento em silêncio, cruzou o corredor até o elevador e seguiu na direção do carro ao chegar no térreo.
Vinte minutos depois, entrou no estacionamento do Smythe's Pub. Como era de se esperar, o carro de Siobhan estava estacionado na entrada, mas o resto do espaço estava vazio.
Saiu do carro procurando dentro da bolsa a chave do bar, que não tinha devolvido na noite anterior. Quando entrou, seguiu para o escritório de Siobhan nos fundos, e, como já imaginava, viu a luz acesa pela porta fechada.

Lena parou, respirou fundo, ajeitou os ombros e bateu.

━ Quem é, inferno? - Siobhan perguntou, carrancuda. ━ Estou armada, só para você saber.

Lena sabia que Siobhan mantinha uma arma atrás da mesa. Ela gostava de ostentá-la para mostrar aos outros que andava armada. Dizia que aquilo fazia com que idiotas desistissem de tentar conseguir dinheiro fácil.

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