Sweet Sin

• Eᴘɪʟᴏɢᴜᴇ

Seis meses depois.

━ Por que ela não me deixou levá-la para a sessão de fisioterapia hoje, Alex? - Kara resmungou. A loira parecia agitada o dia inteiro, enquanto Alex só queria se concentrar naquela papelada, mesmo que soubesse que seria impossível, uma vez que Kara havia deixado o próprio escritório para ir surtar um pouco na sala de Alex.

Kara se recostou na cadeira e olhou para o relógio. Lena já deveria estar no meio da sessão e ela estava inquieta, querendo buscá-la.

Alex fez uma cara feia.

━ Não sei, Kara. Você pode parar de bater essa chave na mesa? Estou enlouquecendo. - Alex havia conhecido uma nova pessoa também. Uma psicóloga que fora transferida recentemente para o departamento, e que estava agora acompanhando melhor a equipe. Depois do caso de Leslie, J'onn ficou mais atento com relação à saúde mental de seus agentes.

━ Sério. Nem mesmo deixá-la na porta para que não tivesse que andar tão longe pelo estacionamento com a bengala. O que foi aquilo? - Kara continuou resmungando e divagando baixinho. Desde os acontecimentos na mata, ela havia redobrado os cuidados com Lena. ━ Talvez eu a esteja irritando. Eu sou chata demais?

Alex bufou, mas antes que pudesse responder, James espiou pela porta do escritório de Alex.

━ Ei, pessoal, soube que a Lena fez a última sessão de fisioterapia hoje. Como ela está?

━ Não sei. - Kara respondeu com irritação. ━ Não pude entrar com ela.

━ Bem, diga que estamos torcendo por ela.

━ Pode deixar - Kara disse após suspirar.

Os últimos seis meses tinham sido longos e difíceis para Lena, mas, ao mesmo tempo, tinham sido meses felizes de descoberta, pois elas percorreram as águas de um relacionamento novo e muito sensível.

A imprensa tomou conhecimento da incrível história de sobrevivência de Lena e, em poucos dias, um fundo tinha sido criado para ajudá-la com o custo da recuperação e a cirurgia para a prótese. A universidade da região havia dado a ela uma bolsa de estudos para finalizar sua graduação e ela havia feito aulas on-line, mas planejava frequentar as aulas regulares no semestre seguinte.
Porém, a melhor parte tinha sido o fato de Kara tê-la pedido em casamento. E agora estavam oficialmente noivas. Lena voltara do hospital diretamente para o apartamento de Kara e ali ficara até o dia que Kara chegou em casa com uma caixa de pizza, um buquê de rosas vermelhas bonitas, abriu uma garrafa de vinho e a surpreendeu com um anel brilhante.

Andrea foi uma visita constante nas primeiras semanas depois da cirurgia, ajudando quando Kara tinha que trabalhar.

Não havia sido fácil, Lena tinha pesadelos e sempre sentia dor. Enfrentava dificuldades para dormir e, quando dormia, enfrentava seus demônios pessoais. Apesar de tudo, Kara a protegia e ela a perturbava sem parar para que Lena cuidasse de si mesma e do joelho. Quando Kara acreditava que Lena estava exagerando, não hesitava em puxar o freio, algo que sempre era bem recebido por Lena, e considerado fofo da parte de Kara.

Mas todos os dias com Lena eram um milagre. Lena era um milagre.
Grande parte da loucura de Leslie continuava sendo um mistério. Uma investigação complexa a respeito da vida dela revelou uma mulher amarga guiada pelo ódio por outras mulheres. Mulheres que ela considerava fracas e inferiores. O denominador comum em todas as mulheres que ela havia assassinado era elas terem feito algo considerado errado por Leslie. Coisas que passavam despercebidas na investigação por não terem qualquer importância. Mas para uma mulher insana? Pareciam pecados imperdoáveis pelos quais Leslie insistia em puni-las.
Eles não tinham conseguido determinar uma causa ou mesmo o ponto no qual ela havia escapado da realidade. Seus primeiros anos na polícia tinham revelado uma policial determinada, com grande senso de justiça.
A causa mais provável, se de fato houvesse uma causa por trás da loucura, seria um caso no qual ela havia trabalho três anos antes, em que uma mãe jovem havia abusado e matado os filhos, mas fora absolvida por um detalhe técnico. Leslie havia conduzido o caso de modo muito pessoal e, por fim, tirara licença. Ao voltar, mostrara-se mais calada e mais focada, mas nada nunca havia feito com que seus colegas acreditassem que algo incomum estivesse acontecendo.