Lar

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Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam.

Clarisse L.


Adam parecia-me surpreso e eu sabia o motivo. Porém, quando os seus lábios formaram um sorriso, pude sentir minha pele corar. Eu estava envergonhada apenas de estar em sua presença, e acredito que Shine também, já que se encolheu em meus braços — também pode ser que eu tenha o apertado forte após o olhar e sorriso do alto homem.

— Sim, euzinha! — Me "recuperei" e o respondi, sem tirar o sorriso do rosto, porém agora, um pouco mais tímida. Ou intimidada, como for.

— Você é uma graça, pequena. —Tocou a minha cabeça, descendo os dedos pelos meus cabelos — Me disseram que você era assim, mas ainda sim me surpreende, confesso.

Sentir o toque dele era bom, bom ao ponto de eu ignorar o fato dele dizer "assim" ao se referir a mim.

Provavelmente o disseram sobre "*infantilismo", que já foi conversado comigo também. Eu sei que sou inocente e minhas atitudes/características não condizem com minha idade, mas, apenas quero ser a pequena Lis. Brincar, tomar tetê e dormir com minha pepêta no final do dia.

— Obrigada, moça. Mandarei alguns funcionários mais tarde para buscar as malas de Ellise. — Completou após os seus dedos chegarem ao fim do meu longo cabelo.

Ele não disse mais nada após assinar alguns papéis. Sua mão, que era quase do dobro da minha, me segurou firmemente ao seu lado enquanto caminhávamos para fora do alojamento.

Fazer dezoito significava que eu já era responsável e também que eu já havia me formado, logo, não teria mais como viver em um internato. Eu esperava que fosse eu que tivesse que assinar alguns papéis, mas... Que bom que não! Chaato.

A nossa direção era um carro grande e lindo, acredito que era uma Lamborghini na cor preta e fosca. Não que eu soubesse muito de carros, na verdade, não sei nada. Porém uma lamborghini é uma lamborghini. Como as ferraris, se eu ver uma, eu reconheço.

Ver as portas abrindo-se para cima me fizeram olhar com os olhos brilhando. Adam percebeu.

— Gostou, princesa? — Sorriu como se aquilo não fosse incrível — É nosso carro.

Nosso.

Ele disse nosso.


✿✿✿


Acordei depois de um tempo com o carinho de Adam em minhas bochechas e o sussurro dele próximo demais ao meu rosto. Aparentemente, eu dormi a viagem inteira e havíamos chegado.

— Pequena, acorde. — Senti o calor de suas palavras consumirem o meu corpo.

— Desculpa, Sr. Beaumont eu caí no sono... Já chegamos?

— Sim, — cheirou-me sutilmente — vamos?

Eu estava empolgada demais e nem ao menos consegui disfarçar. Um "obaaa" saiu dos meus lábios e corri em direção a enorme casa assim que as portas do carro foram abertas. Já Adam, riu da minha atitude e caminhou devagar, novamente, como se fosse indiferente.

O quintal era todo verde, com muitas flores e arbustos. Era como se houvesse um filtro saturado nas folhas de tão bem cuidadas. O caminho em direção a casa era todo em piso que pareciam pedras, isso se realmente não eram. Só na porta, eu senti o quão rico ele era, pois, a mesma tinha o triplo do tamanho de uma porta normal, em madeira na cor preta.

Era uma mansão moderna, das cores predominantes cinza preto e branco.

— Isso é enooorme! — Gritei e dei uma rodadinha, mas Adam já estava chegando perto.

— Não só a casa... — Tossiu e me fez olha-lo confuso por alguns segundos — Quer dizer, você deve estar curiosa para conhecer o seu quarto, né?

Entendi. Meu quarto também é grande.

Assenti com a cabeça e segurei a mão dele dando um sorriso de lado.

Entramos na casa e Adam não se deu o trabalho de fazer um tour. Deixou que eu desse uma breve olhada em tudo no andar de baixo (cozinha, sala, um dos banheiros, sala de jantar e até mesmo a piscina nos fundos) e me chamou para subir as escadas onde estava meu quarto.

Ele tapou meus olhos com uma de suas mãos ao chegarmos no andar de cima e pediu com que eu andasse devagar.

— Tudo bem... Só mais um pouquinho... — murmurou —Chegamos!

Abri os olhinhos devagar e minha visão era um quarto com as paredes brancas, com um tapete felpudo da hello kitty, uma penteadeira e muitos bichinhos de pelúcia em cima da cama de casal de forro rosa pastel. Uma mesa de estudos de cadeira na mesma cor e dois puff's de gatinho em frente a cama.

— Eu queria que você se sentisse bem aqui e procurei saber um pouco mais de você. — Sorriu e sentou-se na cama.

É p-e-r-f-e-i-t-o. Eu não sabia o que olhar primeiro. Eu só conseguia dar pequenos pulinhos e sorrir boba.

Obrigadinhaaa! Não, não... Huh... Obrigadão! — Pulei em cima dele em um abraço.

— Ah, sim. Isso não é nada. — "Nada" nada para ele —Ellise?

— Sim?

— Aqui teremos regras. Começando por trocar o Adam ou Beaumont por Daddy. Pode fazer algumas variações, mas entenda que eu sou seu Daddy. — Seu tom de voz foi sério e me fez afastar do abraço para responder.

— Sim, Da-ddy! — Falei pausadamente abrindo um sorriso singelo.



· Infantilismo pode ser uma psicopatologia ou uma parafilia, consistindo no desejo ou excitação do indivíduo ao ser tratado como criança ou bebê, usando fraldas e outros acessórios infantis. Também pode ser conhecido como anacletismo ou autonepiofilia.

Wikipédia.


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