Banho

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As feridas da alma são curadas com carinho, atenção e paz.

Roberto Shinyashiki


Anjo? — Ouvi ao do meu ouvido. Toques suaves depositados em meu cabelo, escorregando os dedos entre os fios cuidadosamente.

Já era o dia seguinte. Me lembro de adormecer em sua cama ao anoitecer logo após receber leite em uma mamadeira. Tetê. Daddy estava tentando me acordar a alguns segundos, mas, o som de sua voz e o jeito que me acariciava só me fazia me aconchegar mais.

Tá cedooo! — Murmurei manhosa.

Se o Daddy se atrasar, vai ter castigo. Eu tenho que trabalhar, princesa.

Ele falou sério. Me obriguei a levantar mesmo que devagar e me sentei encostada na cabeceira.

Boa garota.

O peso que esse "boa garota" teve sob mim é indescritível. É como se fosse um apoio, e com certeza me deixava mais empenhada para ouvir novamente qualquer outra vez.

Dadá me pegou no colo e me levou até o banheiro — enorme — que havia em seu quarto. Eu tinha a opção de tomar banho na banheira ou no chuveiro tradicional, e é óbvio o que eu escolhi. Durante o tempo em que fui carregada, pude perceber que enquanto eu lutava para me manter acordada, Daddy já estava de terno preto formal e uma gravata cinza.

Gentilmente fui colocada no chão e vi meu Dadá ligar a banheira para encher e se virar de costas. Um olhar de indagação surgiu em mim.

— Daddy? — Minha voz saiu acanhada por conta da vergonha.

— Sim, bebê?

— Você... você pode me ajudar a tomar banho?

Ele se virou em minha direção com um notável sorriso em seu rosto.

Após isso ele me ajudou a tirar a roupa que eu vestia e a entrar na banheira. Me deu em mãos um pequeno pato de borracha que eu me coloquei a brincar. Dadá era muito cuidadoso, lavou meus cabelos e os penteou de uma forma que não doía, e ainda, enquanto o condicionador agia, brincava comigo e fazia cosquinhas em minha barriga.

O volume enrijecido que eu já havia percebido anteriormente novamente me foi visto, mas, ele não me falou nada nem ao menos demonstrou querer outra vez.

Resolvi tentar uma coisa.

Peguei uma de suas mãos e coloquei em minha intimidade, a banheira estava com muito sabão então assoprei um pouco da espuma para que ele pudesse ver onde estava colocando-a.

Daddy não olhou. Ele fixou os olhos em meu rosto.

— Agua é um péssimo lubrificante. — Sorriu e me surpreendeu colocando um dedo dentro de mim. Arfei.

— Dadá? Você vai me dar a sensação de novo? — Gemi um pouco.

— Você está ficando muito pervertida. E, não. Vou me atrasar.

Daddy tirou o dedo rapidamente e pegou uma toalha para que eu pudesse sair da banheira.


✿✿✿


Após muita insistência minha, ele me deixou ir ao trabalho junto. As roupas que Daddy escolheu para mim foi um vestido de alça grossa rosa claro e um tênis branco com uma meia também branca. O cabelo eu que arrumei, já que Dadá não sabia muito como fazer. Coloquei um pequeno laço na parte de trás segurando uma pequena quantia do cabelo.

O lugar em que chegamos, que era "apenas uma filial", era todo preto por fora com detalhes vermelhos e um outdoor neon que não pude parar para ler já que Daddy me pegou e entrou rapidamente tampando meus olhos pelo maior percurso.

Eu ouvia muitas risadas, músicas lentas com muita batida em um som ensurdecedor e até garotas com a voz arrastada dando um "bom dia chefinho" para meu Dadá. Fiquei um pouco assustada então me encolhi em seu colo e apertei a mão dele contra meus olhos. Ele não queria que eu visse e eu estava com medo de ver.

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