Akai ito

Diálogos na cozinha.

Desde que tinha dezesseis anos, foram pouquíssimas as vezes que Bakugou acordou com um som que não foi o seu despertador. Naquela manhã, o som que o trouxe para a consciência foi diferente, era o som de um zíper fechando.

Seu corpo automaticamente entrou em modo de alerta e ele se sentou na cama, pronto para explodir qualquer coisa.

— Ah, bom dia, que bom que acordou.

Seus olhos demoraram alguns segundos para se acostumar com a claridade do quarto, as cortinas não tinham sido totalmente fechadas e uma claridade anormal se espalhava pelo ambiente. Após uma rápida contemplação, ele lembrou de tudo.

— Me ajuda com o zíper, Katsuki?

Sentada entre os cobertores bagunçados de sua cama, Yuna olhava para ele sobre os ombros. Diferente de sua habitual aparência impecável, naquela manhã ela tinha o rosto amassado e os cabelos bagunçados, seu vestido da noite anterior estava fechado apenas pela metade.

Bakugou poderia achar aquela visão esquisita, mas não era mais incomum do que as mais recentes lembranças que ele tinha dela.

Se inclinou para frente e escorregou o zíper para cima, fechando o vestido. Ela se virou totalmente para ele colocando os cabelos para trás das orelhas.

— Acho que a gente precisa conversar.

Ele ainda estava meio atordoado por ter acabado de acordar, ainda mais atordoado por todos os acontecimentos da noite anterior. Não sabia o que dizer ou fazer; acordar com uma garota era algo bem inédito para ele, nunca tinha imaginado que sua primeira experiência seria com uma colega de serviço.

— Acho que sim — Foi o que ele conseguiu dizer.

— Antes que você comece a surtar — Yuna começou esticando a mão para afofar o cabelo dele — Deixa eu te lembrar que é perfeitamente normal para dois adultos transarem sem compromisso, ok?

— Caralho, você acha que eu sou burro? Eu sei disso.

— Eu sei que você sabe, querido, mas é bom reforçar para evitar o seu surto — Deu uma risadinha — Você é muito surtado.

— Vai se foder.

— Assim, Katsuki, apesar de você ser lindo e terrivelmente gostoso, eu não gosto de você, e sei que você não gosta de mim, apesar de todas as minhas qualidades — Um sorriso dominou o rosto dela — Mas eu gostei muito do que a gente fez ontem.

Bakugou não gostava de concordar com coisas que eram de consenso geral, mas ele não podia mentir e dizer que sexo não era uma coisa incrivel. Tão incrível que ele precisou se concentrar para não puxá-la para si e fazer de novo.

— Uhum.

— Se a gente vai fazer isso — Yuna inclinou o rosto em direção ao dele — Vamos precisar combinar algumas coisas, beleza?

Ele assentiu, com um pouco de dificuldade de prestar atenção por conta do decote do vestido dela.

— Tudo continua exatamente igual no nosso serviço, você continua o chato de sempre e eu a mulher independente e bem sucedida — Apontou para o rosto dele — Quando a gente quiser foder, vamos só fazer, sem frescuras?

— Óbvio, sem frescuras.

— E eu prometo que nunca vou gostar de você — Ela se levantou em um pulo — E você vai prometer o mesmo.

Ele assentiu. Não era uma promessa difícil de qualquer jeito, Bakugou não estava emocionalmente disponível nem para o amor da vida dele.

— Ótimo fazer negócios com você, senhor Bakugou — Ela provocou, pegando seus saltos do chão — Pedi uma folga para você essa manhã, até mais tarde.