Desembaraçando nós

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Na manhã de quarta-feira, Bakugou fez exatamente o que ele fazia em todas as manhãs. Contudo, naquele dia em especial, sua mente não pensou em treinamentos, nas aulas que teria mais tarde, nem mesmo pensou um pouco sobre o que pediria no café da manhã. O loiro só conseguia refletir em como conversaria com Todoroki sobre Midoriya.

Ele não tinha medo de Todoroki, mas admitia - só para si mesmo - que odiava ter que conversar com ele mais do que odiava conversar com qualquer outra pessoa. Todoroki era um poço de letargia, tão entediante quanto uma parede para o intenso Bakugou.

Sentia pena de Midoriya, que estava fadado a passar o resto da vida ao lado de uma criatura tão maçante.

Mal conseguia acreditar que iria mesmo confrontar Todoroki e discutir aquilo pessoalmente, não era algo típico seu, ele nunca ia a luta para buscar a felicidade de um terceiro, não combinava com ele. Parte daquela sua nova atitude tinha a ver com Ochako, estava se envolvendo daquele jeito, tentando fazer algo legal por Midoriya quase pela primeira vez na sua vida, porque sabia que isso também faria a garota se sentir bem.

E também, era melhor resumir tudo aquilo em Uraraka, do que admitir que no fundo ele também se importava com seu amigo de infância.

Pensou em pedir algum conselho a Kirishima, mas decidiu logo que a opinião do ruivo não ia fazer muita diferença, ele diria o de sempre: Seja gentil, não grite, não seja grosseiro e etc. Bakugou estava tentando todas aquelas coisas o tempo inteiro, mas às vezes, não conseguia abafar totalmente seu jeito de ser e ele acabava sendo o grosso, insensível e fazia o griteiro de sempre.

Depois que decidiu que falaria com Todoroki, pensou muito em como e quando faria aquilo. Na verdade, não foi preciso pensar muito, desde que Midoriya e Todoroki tinham brigado, o meio a meio tinha se isolado dos outros, comia sozinho e passava os intervalos sozinho, pensativo em um canto silencioso.

Nem mesmo Bakugou seria tão dramático.

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A presença dos fios vermelhos em todos os lugares que Bakugou olhava se tornou tão comum que ele simplesmente esquecia deles. Naquela manhã quando copiava algo do quadro, não era diferente, ele simplesmente nem lembrava que aquilo estava preso em seu dedo.

Por isso que quando, após ele piscar, todo o vermelho que costumava encher sua visão na última semana sumiu, ele tomou um susto.

Não havia nada, ele olhou sobre os ombros; Nada. Nenhum fiozinho vermelho, nadinha, o mundo tinha voltado a ser normal, e era muito desconfortável, parecia que faltava algo muito importante.

Onde estava toda aquela saturação que seus olhos tinham se acostumado?

Ele sabia que eventualmente o efeito da individualidade cessaria, foi avisado que aquilo aconteceria, contudo, era tão esquisito.

Mesmo sem a presença dos fios, ele tinha consciência da existência deles, e mesmo invisíveis, eles eram tão presentes como antes.

Foi difícil parar de pensar naquilo no resto do dia, e somente nos momentos em que estava distraído o suficiente a ausência dos fios deixava de ser um incômodo.

Nesse sentido, a conversa com Todoroki veio a calhar. Afinal, envolveu tanto Bakugou, que ele não pensou em mais nada durante quase uma hora inteira.

Encontrou o meio-a-meio durante o intervalo do almoço, Todoroki passava aquele tempo sozinho no pátio, em contemplação silenciosa ou atento ao seu próprio celular.

Quanto notou a figura do colega sob uma árvore, a conclusão de que de fato teria que fazer aquilo chegou a Bakugou, manifestada por uma dor metafórica de estômago.

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