A verdade.

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Bakugou acordou na manhã seguinte com a cabeça pesando uma tonelada, o barulho de seu despertador parecia estridente enquanto ele tentava localizar seu celular para desligá-lo. Quando o barulho cessou, ele desejou fortemente que pudesse voltar a dormir, estava com tanto sono que mal conseguia abrir seus olhos.

Na noite passada, embora estivesse com muito sono, não conseguiu dormir. Horas se passaram com ele se revirando na cama, só conseguiu adormecer quando o céu já estava clareando, e agora, menos de duas horas depois, ele estava acordado novamente, totalmente contra as vontades de seu corpo.

Sua cabeça estava cheia, e ele não conseguia parar de pensar em toda aquela situação da individualidade e de Akai Ito. Katsuki sempre teve problema em controlar seus próprios pensamentos, muitas vezes sua mente o aprisionava e o transformava em um escravo de seus próprios medos e expectativas. Ele revia e imaginava todos os piores cenários da situação que estava envolvido.

Naquela noite sua mente gritava, e se a individualidade estiver certa? Se for real? Uraraka é o amor da sua vida e vocês mal se conhecem. E se você ignorar que ela é o amor da sua vida e nunca encontrar alguém que você goste de verdade? E se todos os seus relacionamentos amorosos forem um fracasso porque você fugiu dessa realidade? E se você não casar, e não tiver filhos? Você vai ficar sozinho pra sempre? Você vai mesmo conseguir conviver consigo mesmo sabendo que desperdiçou a única chance de ser feliz?

Katsuki estava decidido a ignorar as torturas de sua mente, não deixaria mais um dia ser arruinado por conta de sua ansiedade. Foi por isso que se ergueu da cama, seu corpo protestou; sua cabeça latejava e ele mal conseguia abrir seus olhos. 

Esfregou o rosto e cambaleou para o banheiro; enquanto escovava os dentes, observou seu rosto no espelho em cima da pia, as olheiras gigantes denunciavam sua insônia, sua pele estava mais pálida que o usual, seus olhos estavam inchados e seu cabelo precisava ser cortado.

Não era um bom dia para Bakugou.

Vestiu-se com roupas para exercício, calçando seu tênis de corrida. Torcia para que o exercício o ajudasse a se sentir mais desperto.

Enquanto percorria o corredor dos dormitórios, observou o fio vermelho em seu dedo, que se adiantava em sua frente como uma guia de cachorro.

Deixou a Heights Alliance e correu pelos câmpus, como fazia em quase todas as manhãs. Meia hora de corrida, e depois um banho rápido antes de encontrar Kirishima e ir para Lunch Rush tomar café da manhã.

Naquela manhã, encontrou Kirishima o esperando no sofá na sala comum.

— Bom dia — O ruivo disse de bom humor, pulando por cima da guarda do sofá e se colocando ao lado de Katsuki.

O loiro resmungou em resposta, os exercícios tinham o acordado, mas o sono ainda estava ali, lhe deixando tão exausto a ponto de que falar parecia um esforço desnecessário. Sua mente continuava voltando para sua cama, e ele se imaginava entre o lençol, dormindo pesadamente.

Mas Katsuki nunca faltaria uma aula de propósito.

— Como foi com seus pais, sua mãe está bem? — Kirishima perguntou, alheio ao sofrimento do melhor amigo.

— Sim, ela está — Respondeu, começando a caminhar em direção a porta.

— Achei que tivesse mandado parabéns muito tarde, mas ela me respondeu de um jeito muito gentil — Ele dizia — Mas e você, como tá o lance dos fios?

Katsuki observou uma cabeça castanha saindo da cozinha, Uraraka estava caminhando com Iida para o mesmo destino deles, o fio que os ligava esticado no ar entre os dois.

Akai itoOnde histórias criam vida. Descubra agora