O ruim de ser sexta-feira é que eu preciso ficar até tarde, já que amanhã é sábado e a maioria das pessoas não precisam acordar cedo. Tem mais gente depois da três da tarde, e quem chega antes, dificilmente tem uma vida social. Eu também não tenho, então posso falar.
Até agora tem quatro pessoas.
–Ei Day. Tá acordada?–Assenti sem nem saber quem falou isso. Não que eu me importe.
–Os macarons estão prontos. Pode colocar na vitrine por favor?– Peguei a forma e comecei a colocar em seu devido lugar.
Mais um motivo para eu não gostar da sexta-feira. A senhora Bennet vulgo dona do café. Faz promoção de macarons por dois reais. Costumam ser 4,50.
Não sei por que gostam tanto disso, tem um gosto de açúcar puro. Mas é o que mais vende em dias como esse. Ouço o barulho irritante da porta sendo aberta. Vou precisar de muito analgésico no final do dia.
–Bom dia tia– Terminei de organizar a vitrine e levantei, vendo a figura pequena olhando pra mim.
–Bom dia Bella. Você quer falar com sua vó?– Assentiu rapidamente quase caindo–Opa, tá bêbada é?– Abri a porta de madeira, ela passou correndo, indo para sala da senhora Bennet.
Olho para a porta, em um ponto fixo.
Fico pensando o que aconteceria se eu gritasse agora mesmo. Ou se alguém entrasse atirando em todo mundo, talvez passar por idiota, e na segunda opção eu com certeza iria morrer.
Volto ao mundo com a porta sendo aberta. A menina do caderno. Uma máscara preta, óculos, fones de ouvido, vestindo uma jardineira jeans e um tênis branco.
Se sentou na mesma mesa. Abriu seu caderno e começou a fazer o de sempre. Fui até ela, já que ninguém foi.
–Olá, o de sempre?– Assentiu fechando o caderno. Voltei para o balcão e comecei a fazer.
Café, leite,um pouco de açúcar, e canela.
Voltei a mesa, deixei em sua frente e saí.
Fiquei olhando ela e algumas pessoas que tinham um pequeno ar de mistério. Claro, ela ganha, senhora mistério. Esse é o apelido adequado.
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Minha cabeça dói. E eu só quero enfiar cinquenta macarons nas pessoas que estão falando tão alto, que posso ouvir o assunto. O encontro de alguém chamada Allana. E parece que deu muito errado, mas eu não me importo. Minha vida estaria igual ou até melhor.
–Ei, seu nome realmente é Day?–Olho para os lados a procura da pessoa que me chamou. E minha resposta é surpreendente.
–Se escreve Day, mas fala Dai– Assentiu, batendo os dedos no balcão
–Então Day, poderia me dar dois macarons, dois copos médios de chocolate-quente, e um café e canela–É a primeira vez que trocamos mais de 15 palavras
–Os macarons acabaram, e fica pronto bem rápido, tudo bem para você?–Pergunto um pouco sem graça.
–Claro–Falou erguendo seu óculos.
–Day não esquece de anotar os nomes–Giulia passou me lembrando. Merda, esqueci disso
–Lana–Voltei a prestar atenção nela.
–Perdão?–Perguntei um pouco perdida.
–Meu nome. Meu nome é Lana–Isso é completamente angustiante.
–Lana do que? Desculpe, é que tem outra Lana também–Um banho de água congelante.
–Ah, Elana então–Anotei e tentei dar meu melhor sorriso.
Essa é a consequência de ter uma mini conversa. A única coisa que tinha de interessante nesse fim de mundo. Era tentar descobrir quem era ela. Ou onde morava.
Uns minutos depois trouxeram os benditos macarons, eu mais puta do que já tava. Fui atendendo um por um. Até chegar na.. Lana.
–Obrigado. Gostou do nome falso?–Deu tchau com a mão.
Que-porra-foi-essa? Ela me deu um nome falso? E por que eu tô perguntando tudo que ela mesma confirmou? Ok, mistério demais para mim. Não tô com paciência pra isso.
Vejo ela abrindo a porta até a metade, e sair de cabeça baixa. Eu preciso dormir.
–Giulia, fica no meu lugar, Depois eu explico pra chefe– Pego minhas coisas e saio.
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(Revisado)
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Café e canela// Dayrol
FanfictionNão é como se eu ficasse olhando ela vinte e quatro horas por dia. É só que não tem nada muito interessante para fazer. Além do fato dela pedir sempre a mesma coisa. Café e canela..