❖Dia sete❖

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Carol point of view

Eu lembro de estar no segundo ano, meus pais falavam todo dia que eu era a perfeitinha deles, que eu era uma vencedora, super inteligente. E isso me  sufocava. 

Também lembro do dia em que eu reprovei. Tive uma crise de pânico, queria me jogar na frente de um carro. Passei a noite toda chapada na casa de um garoto que eu encontrei na rua. 

–Meu bem, você tá pálida–Me afasto antes que ela possa ficar segurando meu rosto. 

–Mãe, eu tô bem. Vou ir na cafeteria, não sei que horas eu volto, e não entra no meu quarto–Pego uma mascara e minha bolsa. 

–Não esquece a consulta–Meu pai fala, antes de eu sair, batendo a porta. 

Coloco um lado do fone e ando calmamente até o café

Quando chego na frente do estabelecimento, não vejo a garota de sempre. 

Ignoro e abro a porta, tentando não fazer muito barulho, para não chamar atenção de ninguém.

Quando olho para os lados  vejo ela ali dentro. Sentada, lendo um livro, com uma mascara, e um caderno amarelo em cima da mesa. E a Day olhando. 

Me sento numa mesa longe. Diferente do que eu faço quase todo dia, não tiro nada da bolsa. E começo a amarrar meu cabelo. 

Não gosto disso. Parece que eu estou copiando, como se eu precisasse disso para chamar a atenção de alguém. Quando obviamente, é ela que tá me copiando.

–O que vai querer mocinha?–Olho para a mulher. Olho para trás,  e vejo a xícara de café com canela. 

–O que você recomenda?–Virei, olhando para meus pés

–Café com chocolate–Assinto

–Pode ser–Ela anota e logo, estou sozinha, olhando para a parede. 

Eu não sei o que fazer. Não sei como não ser eu. Mas ela sabe como ser eu. E isso me irrita. Me irrita muito.

E o problema não é que ela esteja tentando ser eu. O problema real, é que ela pode conseguir ser a minha melhor versão. E nem mesmo eu consegui ser a minha melhor versão. 

–Aqui–A mesma mulher, me entrega a bebida quente. Agradeço e fico olhando para ela. Até embaçar meus óculos. E de repente fica tudo tão gelado e exaustivo.

Pego o troco, agradeço mais uma vez, e vou em direção a porta. 

 Day point of view

Tem uma grande chance da minha ex, estar vigiando a garota que eu acho que gosto. 

Eu não sinto vontade de beijar ela. Não sinto vontade de sorrir quando a vejo. Mesmo ela estando praticamente vestida de Carol.

–Acorda Day. A garota tá saindo–Paro de olhar para ela. E olho para a Luana.

–Que garota?– Lua aponta para a porta, e a única coisa que eu consigo ver, são unhas pintadas de cores diferentes.

Olho para a mesa onde ela estava.,  só como confirmação. E tenho a minha resposta. A Carol saiu.

Talvez esse seja o problema. Talvez eu esteja pensado demais na minha ex.

Quando estou quase na porta, Ana entra na frente.

–A gente precisa conversar–Eu passo a  mão pelo rosto. Não acreditando na situação

–Olha, eu sei o que você tá fazendo. Mas você nunca vai ser ela, e nem chegar perto disso. E eu sinceramente, sinto muito por ter que se vestir de outra pessoa para chamar atenção–Ela nega, tentando começar a se explicar, mas eu interrompo–E sua personalidade não me agrada mais. Nós ficamos no passado, e eu não gosto de mim quando tô com você– ela me olha com uma cara assustada

Café e canela// DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora