Capítulo 8

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Foi uma decisão idiota, você sabe assim que a tomou.

Mas não há tempo para voltar atrás. Qualquer hesitação vai custar a vida da pequena fada chorosa.

Então você se joga na frente dela, bem na frente daquelas presas afiadas como seu pequeno galho-espada, que agora parece tão completamente inofensivo contra a besta faminta.

— CORRA — você grita para a fadinha, que está aterrorizada demais para pensar.

Mas você atraiu a atenção do demônio. Ele quer comida, e seu corpo adulto oferece mais carne do que o da criança.

O demônio avança e morde com força, e você escapa no último segundo, rezando para que ele te siga.

Ele o faz, deixando a fadinha caída de lado para ir atrás de você.

Talvez você consiga atraí-lo para a batalha na fronteira, alguns metros distante, e então outras fadas poderão te ajudar a vencê-lo. Mas nem mesmo você consegue acreditar que teria tanta sorte.

Se voar rápido ou alto demais, ela vai perdê-la de vista e vai ir atrás de um alvo mais fácil — como a fadinha que não obedeceu seu comando e ainda está no meio das raízes da árvore tremendo de medo. E se você não voar rápido o bastante para sair do caminho do demônio, sabe que aqueles dentes vão estraçalhar seu escudo facilmente.

Mas a única coisa que pode fazer é tentar.

Você desvia para a direção da batalha principal, movimento facilmente acompanhado pelo demônio. Ali, nas sombras, ele enxerga melhor do que sob o sol, e você não faz a menor ideia do que fazer para vencê-lo.

Assim, eu tento voar em zigue-zague, na direção da batalha que acontece sob o sol. O demônio salta atrás de mim e fecha a boca no ar três vezes antes de te golpear com uma pata, mais por acidente do que por inteligência.

Você grita, mas cai no chão com força, as costas latejando, e sua espada voa longe. Sua falta de experiência no voo faz com que as asas não sejam capazes de se desviar do golpe e agora estão feridas, impossibilitadas de voar.

Ao menos, você caiu no sol. As fadas do fogo vão ver o demônio. Não têm a menor chance de chegar a tempo para salvá-la, mas ao menos a fadinha estará segura.

Então você cobre a cabeça com o braço e espera pela morte, pelas presas afiadas.

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Notas

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Total de palavras do capítulo: 395

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