Lisa
Me viro rapidamente e Candy está de frente para mim. Eu fiquei ali, a encarando, esperando ela dizer alguma coisa, mas a garota de olhos azuis celeste não parecia muito bem. Ela aparentava estar tensa e desligada.
— Uhm... Candy? — Chamei sua atenção. Ela balançou a cabeça como se estivesse saindo de um transe.
Percebi que o celular dela estava em suas mãos, tinha acabado de atender uma ligação. Talvez algo tenha acontecido, algo grave. Me preocupei instantaneamente.
— Desculpa te parar assim, mas eu precisava perguntar... — Ela hesitou. — Se eu poderia dormir na sua casa essa noite? — Finalmente falou.
Eu a estudei da cabeça aos pés, sentia que havia algo errado com ela, mas não queria ser indelicada e me intrometer em sua vida pessoal. Até porque, eu mal a conhecia. Apesar de já me importar o suficiente para nem pensar duas vezes antes de aceitar que ela dormisse em minha casa naquela noite.
— Eu juro que não faço bagunça e é só essa noite, amanhã eu estou indo. Sei que é estranho pedir uma coisa dessas dessa forma, mas é que... — Candy já estava se atrapalhando para se explicar, as palavras voaram de sua boca pintada de rosa.
Fiz um sinal com as mãos, a interrompendo, e sorri. Um sorriso que dizia que era besteira, é claro que eu estava levando ela para casa. Só esperava ajudar com seu problema.
— Só me segue. — Eu virei de costas para subir na minha amada bicicleta amarela, jogando a bolsa na cestinha da frente.
E assim comecei o trajeto de volta para casa, logo Candy pedalava ao meu lado. Nós duas percorremos algumas ruas até estar em frente a uma elegante casa creme de dois andares, com um quintal espaçoso e uma varanda decorada e charmosa. Levamos nossas bicicletas até a garagem, as guardando e seguindo para a porta que levava para a sala de estar, onde o senhor e a senhora Manoban assistiam a um filme, enquanto comiam pipoca.
— Boa noite, Mãe, Pai! — Eu disse, já arrastando Candy escada a cima.
Sabia que deveria ter mandado ao menos uma mensagem para avisar que teríamos visita, pois minha mãe ficaria no mínimo nervosa comigo. Mas tudo que eu queria era subir, tomar um banho, preparar algo para comer e consolar minha colega o máximo que pudesse.
***
Subimos, e depois dela varrer os olhos por todo meu quarto, parando em alguns dos meus desenhos na parede, eu pego um pijama e uma toalha e lhe mostro a porta do banheiro, que fica no meu quarto. E enquanto Candy toma seu banho, eu volto para o primeiro andar, preparando uma bandeja com coisas para fazer sanduiches e um jarro com suco. De volta ao quarto, ela já está sentada em minha cama milimétricamente arrumada.
Deixo as coisas em cima da mesa de estudos, meu celular apita no meu bolso.
Bate-Papo - Mãe online.
Mãe: Quem é a menina que você levou para o quarto???
É a Candy, ela trabalha na cafeteria.
Mãe: Uma amiga... Interessante.
Pode ser. Desculpa não ter avisado, mas a mãe dela sabe, não se preocupe.
Mãe: OK. Qualquer amiga sua é bem-vinda, você sabe.
Obrigada. Te amo!
Mãe: Só vê se não dorme tarde, meu bem.
Eu iria para o inferno por mentir tanto para os meus pais.
***
— Vai, eu sei que você está se corroendo pra perguntar. — Ela fala após muito tempo calada.
Ela já comia seu sanduiche, logo após eu ter saído do banho. Comemos juntas, em silêncio, mas eu sou péssima em esconder minhas emoções, e eu queria muito perguntar se estava tudo bem. Suspirei e tomei um gole de suco antes de olhar para ela.
— Você não está bem. — Eu afirmei, porque isso estava evidente para mim. Ela tentou, mas assim como eu, era péssima em fingir indiferença. — Algo me diz que está relacionado com a ligação que você atendeu, e eu vi que era sua mãe. Me pergunto se alguma coisa aconteceu com ela. — Enquanto falava, eu recolhia a bandeja com a comida e ajeitava o saco de dormir para ela.
Candy levantou da cama, sem me responder, e foi até um dos meus muitos rascunhos. Eu amava desenhar, era a minha coisa. Desenhos decoravam as quatro paredes do quarto. Ela pegou justo o meu primeiro esboço de uma paisagem, que eu fiz aos onze anos.
— Tem esse cara... o namorado da minha mãe. — A garota admirava a folha de papel enquanto sua voz saía num sussurro. — Ela me ligou, chorando, e me disse para não ir pra casa essa noite. Ele... mandou ela desligar e a chamada foi encerrada. — Ela estava tensa, séria e com medo.
Arregalei os olhos, já imaginando o pior, e sabendo que ela fazia o mesmo. Seus grandes olhos se viraram para mim, e ela veio se sentar na cama ao meu lado.
— Não é a primeira vez que acontece. Ele tem problemas com bebida, fica violento e assustador. — Candy confessou. — É a primeira vez que eu conto isso pra alguém então... Por favor, me prometa que não vai contar a absolutamente ninguém.
— Eu prometo. — Naquela altura eu estava pra lá de apavorada e preocupada, mas nunca trairia sua confiança.
Prometi a mim mesma que faria de tudo para ajuda-la, tentaria convence-la a falar com alguém. Agora não era o momento.
***
— JungKook é bonito... Mas o que tem de gato, tem de estranho.
Já eram uma da manhã e eu estava trançando o cabelo loiro-claro dela. Nesse meio tempo ela desandou a falar, sobre mil e um assuntos diferentes, era tão difícil acompanhar! E de repente ela começou a falar do nosso colega de trabalho.
— Ele não é estranho, ele só é... — Franzi as sobrancelhas, não achando uma defesa para ele, e depois percebendo que eu estava o defendendo. Eu era louca?!
— Estranho? — Ela completou a frase por mim, rindo. Eu sorri.
É, ele era estranho. E gato. E droga! Eu estava pensando nele de novo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
𝖴𝗆 𝖴𝗇𝗂𝗏𝖾𝗋𝗌𝗈 𝖠 𝖢𝖺𝖽𝖺 𝖤𝗌𝗊𝗎𝗂𝗇𝖺 | 𝗟𝗟𝗠 • 𝗝𝗝𝗞
Fanfiction»» NÃO CONCLUÍDA «« • [ 14 + ] • ' 𝙿𝙰𝚁𝙰 𝙰𝚀𝚄𝙴𝙻𝙴𝚂 𝚀𝚄𝙴 𝚂𝙾𝙽𝙷𝙰𝙼 𝙴𝙼 𝚃𝙾𝙲𝙰𝚁 𝙰𝚂 𝙴𝚂𝚃𝚁𝙴𝙻𝙰𝚂 ' 𝐶𝑂𝑉𝐸𝑅 𝐴𝑁𝐷 𝐻𝐼𝑆𝑇𝑂𝑅𝑌 𝐵𝑌 𝑆𝐴𝑀 𝑂𝐿𝐼𝑉𝐸𝑅. 𝐹𝐴𝑁𝐹𝐼𝐶 𝑂𝐹 𝐿𝐼𝑆𝐾𝑂𝑂𝐾. 𝑆𝐼𝑁𝐺𝐿𝐸 𝑉𝑂𝐿.