𝖴𝗆 𝖴𝗇𝗂𝗏𝖾𝗋𝗌𝗈 𝖠 𝖢𝖺𝖽𝖺 𝖤𝗌𝗊𝗎𝗂𝗇𝖺 | 𝗟𝗟𝗠 • 𝗝𝗝𝗞

Capítulo 9

Lisa

Após ter dado o fora da casa de JungKook, passei um fim de semana agradável em família. Tudo que é bom dura pouco. A segunda-feira chegou e a cafeteria estava um caos. Clientes de mais, considerando que Candy estava atrasada. Quatro horas. Iriamos fechar em algumas horas, as ela ainda não estava ali.

Dizer que eu estava uma pilha de nervos seria eufemismo. Claro que JungKook não ajudava em nada. Toda vez que eu o olhava no caixa, ele me via e então voltava a me ignorar. Melhor assim, eu acho. Não quero continuar pensando sobre isso, é tão cansativo. Não vamos a lugar algum, sei disso.

***

— Onde diabos você estava? — Eu gritei.

Faltava duas horas para terminarmos o dia! Eu era um lixo ambulante. Dois clientes haviam derramado café no meu uniforme e não tive tempo de trocar. E no meu nervosismo, troquei alguns pedidos, além de ter quebrado mais louças do que poderia pagar.

Como ela poderia aparecer assim?!

JungKook estava conversando com ela, suas costas de frente para mim, bloqueando a visão inteira dela. Mas eu reconheceria seu cabelo loiro platinado em qualquer lugar. Quando chamei a atenção deles, e de algumas pessoas, ele se virou para mim, mas Candy olhava para baixo.

— Lisa, agora não... — JungKook a cobriu com seu corpo e lhe disse alguma coisa que fez minha amiga ir em direção a uma mesa bem nos fundos, ainda de cabeça baixa.

Mas o que era isso?

Quando eu estava indo em sua direção, JungKook me puxou pelo braço e me arrastou até o caixa. Eu estava furiosa. Não queria admitir, mas não era só por ela ter faltado sem avisar. Eu sabia de sua condição, e isso me deixava mais preocupada que nunca. Ela não respondeu minhas mensagens sobre ela estar bem, passei o dia com medo. Candy é minha amiga, caramba! A primeira amiga, na verdade, e eu não queria vê-la machucada.

— Deixe-a. — Sua voz saiu firme e ele pareceu meio controlado, como se estive fora de si.

Hesitando e com medo de desobedecer, voltei ao trabalho. Meus olhos não saíram das costas de Candy, é claro. Não conseguia ver seu rosto, não podia ter uma confirmação de que ela estava bem. Uma sensação estranha me tomou, fazendo meu estômago revirar. Felizmente, fechamos rápido. Ela permanecia lá, sentada na mesma posição, virada para o nada. Me joguei na cadeira, em frente a ela.

Eu paralisei. Meu olhos arregalados estudaram todo seu rosto. Ela estava ferida, em todo o rosto. Senti minha pulsação acelerar. Oh, céus! Como ela...?

— Seu padrasto. —Respondi minha própria pergunta em voz alta. Os olhos azuis de Candy brilharam com lágrimas não derramadas e meu coração afundou mais um pouco. — Oh, meu amor, vem cá...

Cheguei perto dela e seus soluços foram os únicos sons que eu e JungKook ouvimos durante os trinta minutos que levou para que a garota se acalmasse. Depois disso, ele nos deixou e foi para casa, sussurrando algo pra ela. Quando estávamos a sós, me virei para ela.

— Precisa contar a alguém. — Eu disse com calma porque sabia que era uma conversa delicada. Candy não tinha me deixo contar nada nas três semanas que a conheço.

— Eu contei a você... E JK também sabe. — Ela fungou, franzindo o cenho. Eu ignorei o apelido e o fato de não ser a única a saber. - Não estou metendo nenhum adulto nessa história, Lisa, nem tente.

Eu me senti indignada. Será que não percebia a gravidade da situação? Estávamos falando da segurança dela e de sua mãe. Ela precisava contar.

— Não acho que você entende. Candy, sei que você deve estar com medo. Mas não importa o que você quer. Se sua mãe não percebe que está se colocando em perigo, não tem a capacidade de decidir por si mesma. — Era para ser um ultimato, mas ela não quis me ouvir, sentia que queria avançar em mim.

— Isso não é da sua maldita conta! — A garota gritou. Eu dei um passo para trás, me encolhendo. — Não aja como se soubesse de alguma coisa. Você não sabe, porra. Você não entende e não tem o direito de se meter na minha vida quando eu não pedi sua ajuda.

— Então por que me contou?

Candy olhou para mim. Ela estava fora de si, provavelmente com medo de que eu contasse seu segredo. Mas de repente, ela mudou para decepção. Crua e clara como dia.

— Eu não sei, Lisa. Precisava desabafar, eu acho. — Ela murchou e sua voz estava languida agora. Engoli em seco. — Fiz o mesmo com JungKook uma noite dessas. Ele me entendeu, de verdade. Diferente que você que insiste em ser a heroína.

Ah, pelo amor!

Eu poderia ser intrometida, às vezes, e amar um caso perdido, confesso. Mas não era a questão. Simplesmente queria ajudá-la. Candy se tornou importante na minha vida bem rápido, suas risadas e conversa fiada eram o melhor de muitos dias. Contudo, não poderia salvar alguém que não queria ser salvo. E não ficaria ali, ouvindo-a gritar comigo quando eu tinha a melhor das intenções.

Derrotada, me virei e peguei minhas coisas. Parei na porta antes de ir, e sem lhe lançar um ultimo olhar. — Não precisa de mim, pode lidar com tudo sozinha. — Abri a porta. — Obrigada, Candy.

Sem arriscar uma olhada, eu me fui. Deixei ela para trás, como todas as amizades que eu me esforcei para dar certo.

Tudo que é bom não dura, certo?