Capítulo 8

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Lisa

Assim que acordo, me pergunto como e em que momento consegui dormir. Essa não é minha cama, muitos menos o meu quarto.

Oh droga...

É o quarto dele. Eu estou no quarto de JungKook, o mesmo menino irritante que brigou comigo, na noite passada, deu um soco em Logan e me trouxe para cá. E se eu tivesse alguma dúvida de que isso talvez fosse um sonho, o dito cujo estava seminu à minha frente.

Ai. Meu. Deus.

Eu escondo meu rosto em baixo do cobertor, mortificada com a visão que acabo de ter dele. Pensamentos confusos me tomam, eu tento afastar minha mente daquele abdômen incrivelmente definido para um garoto de sua idade, mas o que posso dizer, tenho uma boa memória e não poderia esquecer essa imagem. Essa imagem divina e totalmente quen... Inapropriada, totalmente inapropriada.

O que eu estou fazendo?

— Acordada, loirinha? — Ouvi sua voz me provocar. Abaixei o pedaço de pano no qual estava me escondendo e lhe dei a melhor cara de raiva que podia. — Gostou do que viu? — Ele sorriu.

Agora que estava totalmente vestido, e não só com uma toalha enrolada na cintura, eu era finalmente capaz de desviar o olhar. Sai da cama em um pulo, observando o quarto. Haviam roupas jogadas para todos os cantos, um amontoado de coisas em cima de uma pobre escrivaninha e acho que as caixa de pizzas espalhadas deveriam dar o toque final. Era como se um furacão de lixo tivesse passado por aqui. Cinco vezes pior.

JungKook olhou para mim, eu olhei para ele, tentando não surtar. — Esse é o seu...

— Quarto. É, meu quarto. — Ele sorriu. — Hum, você está bem? — Perguntou, mas eu não estava prestando atenção.

Eu andei em volta e... foi mais forte que eu. Sem perceber, comecei a arrumar algumas coisas aqui e ali, minha pele coçando para organizar tudo por cores, ordem de tamanho ou ordem alfabética. Quando me dei conta, havia organizado metade do quarto enquanto JungKook me observava deitado na cama, de braços e pernas cruzados. Ele parecia divertido.

— Vou deixar você e sua psicose limparem o meu quarto. — JungKook riu e eu fiquei ali parada, me sentindo meio boba. — Você não me quer te atrapalhando, afinal.

Ele estava sorrindo muito para alguém que tinha me desprezado, não muitas horas atrás, talvez esteja zombando de mim. Lembrei da noite de ontem. Por que eu te beijaria? Certo, como eu pude pensar que depois de todo esse tempo, ele olharia para mim com o mesmo brilho. Exceto que ele olhou. Enquanto eu estava vergonhosamente em cima dele, eu vi aquele brilho, e pude jurar que ele... me queria.

Bom, quer saber? Ele que se dane.

Largo a camisa que eu estava dobrando e abruptamente vou em direção a porta. Tive a esperança de sair em paz, mas JungKook foi mais rápido e me parou, ficando no meu caminho. Cruzei os braços e não o olhei.

— Saia.

— Ei, o que... — Não fiquei para ouvir ele falando, cansada de todo esse drama. Desviei seu corpo e atravessei a porta, seguindo por um corredor e descendo as escadas.

Lá em baixo, havia música tocando e cheiro de biscoitos. Percebi que JungKook não estava me seguindo, provavelmente desistiu da garota patética que eu sou. Comecei a procurar pela saída, mas acabei parando na cozinha de alguma forma.

— Lisa, querida!

Olhei para minha esquerda, vendo a senhora Jeon tirar cookies do forno. O cheiro me lembrou que eu não como faz tempo e meu estômago roncou vergonhosamente alto. Ela sorriu para mim.

— Espere esfriar um pouco. Enquanto isso vou lhe fazer um pouco de chá. — Então Melissa saiu do meu ponto de vista.

Ok...?

Mal conhecia Melissa e já a adorava, mas às vezes ela me deixava confusa. Ela sabia que eu estava aqui, e me olhou como se estivesse feliz por isso. Estranho, para dizer o mínimo.

Passei os olhos em volta da cozinha e sala para me sentir menos desconfortável. Achando uma parede com diversas fotografias penduradas, eu me aproximei. Sorri quando encontrei uma foto de Melissa e Rachel adolescentes, abraçadas na frente de uma lareira, vestindo suéteres feios de Natal. Havia uma foto de JungKook quando criança, várias delas, na verdade. Também uma garota, presente em muitos momentos e sempre sorrindo e olhando para ele.

Me pergunto quem seria essa. Nunca a vi por aqui, teria visto se ela morasse aqui, certo?

— Ela é um fantasma. — Melissa voltou.

Sua voz me assustou e eu me virei, me afastando rapidamente da parede. Cookies e chá estavam descansando no balcão da cozinha. Melissa sorria. Ela não estava olhando para mim, e sim para as fotos. As fotos da menina.

— Um fantasma? — A questionei, pegando um biscoito.

— Amo meu filho, mas ele precisa seguir em frente. — Perdida em pensamentos, ela disse. De repente eu não estava mais com fome, então soltei o biscoito e o chá.

— Qual o nome dela?

A mulher sorriu para mim, voltando. — Fantasmas não tem nome, querida. — Bebeu da sua xicara. — E mesmo se tivessem, não dizemos esse nome por aqui... Ele poderia escutar.

— Ele... JungKook? — Ergui a sobrancelha e ela concordou.

O desconforto tomou conta do meu corpo. Essa casa ficava mais estranha a cada segundo. O que me lembra: eu deveria estar na minha casa.

Mas quem é ela, afinal... O fantasma?

𝖴𝗆 𝖴𝗇𝗂𝗏𝖾𝗋𝗌𝗈 𝖠 𝖢𝖺𝖽𝖺 𝖤𝗌𝗊𝗎𝗂𝗇𝖺 | 𝗟𝗟𝗠 • 𝗝𝗝𝗞Onde histórias criam vida. Descubra agora