Capítulo 5

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Lisa

Tik Tak... Tik Tak... Tik Tak...

  Eu só escutava o relógio tocar, esperando cada segundo que passava até a hora da pausa, onde eu poderia ligar para Candy. Um senhor de idade passa pela porta, vem até a bancada e pede um expresso, eu o atendo com a cabeça nas nuvens... Ou melhor, naquela loira ridícula que não respondia minhas mensagens há três dias, e que não vinha trabalhar também. Eu estava com tanta raiva dela, mas era só um disfarce pra preocupação.

  Olho para o relógio na parede pela o quê? Trigésima vez? Marca meio dia em ponto, e eu saio correndo dali, já tirando o celular do bolso e indo para as escadas de emergência.

  Eu fico tão concentrada em ouvir as chamadas caindo na caixa postal, que nem percebo JK me observando andar de um lado pro outro. Logo eu desisto, guardo o telefone e me sento de frente para ele. Ele me oferece um sanduiche e um café da Dolce Coffee em silêncio, eu aceito sem dizer nada. Mas na hora que eu vou pegar o café quente...

— Porra! — JK vocifera quando o liquido fumegante cai em seu colo. A culpa foi minha, eu esbarrei no copo, mas em vez de pedir desculpas e tentar ajuda-lo, eu o repreendo.

— Olha a boca, idiota! — Acho que ele só não responde porque deve estar muito zangado. Ele franze a testa e usa alguns guardanapos para secar sua calça.

— Você não é minha mãe, Loirinha. — Dessa vez ele responde calmo, como toda aquela arrogância voltando.

— Tenho certeza que a senhora Jeon não gostaria de ouvir você falando assim comigo... — Eu falo como se fosse algum tipo de ameaça, mas ele sabe que não é, e então sorri. Como um sorriso tão provocativo pode ficar tão bonito nesse garoto?!

— A minha vida não diz respeito a você, Lisa. Fique longe. — OK, isso foi um aviso... Um que eu não dava a mínima. De repente eu fico ressentida.

— Sua vida parou de importar quando você ignorou todas minhas mensagens e tentativas de continuar... — Um bolo se forma na minha garganta.

— Continuar o quê? Não havia nada para continuar, Loirinha. — JK está me olhando com curiosidade, como se eu fosse um bicho que precisa ser compreendido. É, eu sou patética, não precisa dizer.

— Tem razão! Esquece o que eu disse!

  Eu levanto para ir embora, mas como na noite em que nos conhecemos, sua mão gélida segura a minha antes que eu vá muito longe. Olho para ele de pé, esperando. Seus olhos escuros focam nos meus claros como âmbar.

— Candy está bem, apenas gripada. Ela pediu para avisar que perdeu o celular e por isso não podia te mandar mensagem. — Ele diz e me solta, não perco tempo e saio rapidamente, não mais afim de conversar com aquele menino por um bom tempo.

  Ele me deixa de cabeça quente. Estou começando a odiá-lo por isso.

***

— Como ela passou o recado se ela está sem telefone? — Eu estava curiosa de mais para não perguntar quando tive a oportunidade. É claro que minha curiosidade se derivava a saber sobre Candy, eu estava preocupada com a minha amiga, e nada mais.

— Existe um método de comunicação muito antigo, que os seres das cavernas usavam... Consiste em ir até a casa da pessoa, tocar a campainha dela e conversar com ela. Sabe, é tão estranho. Sabia que os seres humanos tinham a capacidade de dialogar um com o outro? — Ele disse atrás do caixa, enquanto eu pegava os produtos no armário de limpeza.

  Ainda bem que ele não via meu rosto, pois eu estava sorrindo. Depois lembrei que ele era um idiota e me virei para que ele pudesse ver meus olhos revirando. Ele me retribui com um sorriso de ladino.

— E você sabe onde ela mora? — Uma onda de um sentimento que eu conhecia bem me atingiu, eu senti muitas vezes quando enquanto Connor crescia. Maldito monstrinho verde!

— Olhe para mim. — Ele comanda.

  Eu me viro hesitante. JK analisa meu rosto, procurando por algo nele. Seja o que for, ele acha e um sorriso brilhante se forma na sua face. Eu viajei naquele sorriso, e lá no fundo fiquei animada por eu ter causado essa reação nele, mas é claro que eu jamais admitiria isso.

— Fica fofa com ciúmes, Loirinha... — JK quebra contato visual e fecha o caixa, vindo me ajudar na limpeza.

— Você! É tão cheio de si! — Eu tenho certeza que minhas bochechas estão coradas. — De todos os garotos bonitos no mundo, você pensa que eu escolheria Jeon JungKook para sentir ciúmes. Há! Sinto até pena! — Se JK me conhecesse, saberia que eu estou no modo defensiva. 

Espere, eu o chamei de bonito?!

  Ele balança a cabeça e ri, pega uma vassoura e vai varrer os fundos, saindo do meu ponto de vista. Bufo e suspiro. Volto a fazer meu trabalho e assim me acalmo.

***

  Quando JK vai embora, ele me lança uma piscadela e passa a mão na minha cabeça como se eu fosse um cachorro, e sobe em sua bicicleta antes que eu poça reclamar. Seguimos o mesmo caminhos, já que moramos na mesma rua, só que eu faço questão pedalar alguns metros atrás dele. Antes de entrar em casa, nos viramos na mesma hora e nos encaramos por alguns segundos, antes deu ouvir Mamãe me chamar e precisar entrar.

𝖴𝗆 𝖴𝗇𝗂𝗏𝖾𝗋𝗌𝗈 𝖠 𝖢𝖺𝖽𝖺 𝖤𝗌𝗊𝗎𝗂𝗇𝖺 | 𝗟𝗟𝗠 • 𝗝𝗝𝗞Onde histórias criam vida. Descubra agora