Uma caixa em minha porta (Jikook ver.)

Capítulo 4

 - Sabe Jimin, eu não lembro de ter sido pego no colo pelos meus pais, nem de receber um abraço ou um simples afago deles. Tudo o que eu lembro na minha infância é de levar surras e tapas, que muitas vezes eu nem sabia o motivo de estar recebendo – Jimin desviou os olhos de Jungkook, sentia aqueles olhos infantis do Jeon transbordarem dor e mágoa, não gostava de vê-lo assim – Quando eu sai de casa, eu disse a eles que os odiava e que quando eu tivesse filhos eu jamais seria como eles – Jungkook pigarreou – Naquela noite o meu pai olhou no fundo dos meus olhos e disse que eu jamais conseguiria ser diferente deles, que eu seria um pai como ele. Então eu desisti do meu sonho de ser pai, prometi para mim mesmo que eu jamais teria filhos, eu não queria fazer ninguém passar por tudo o que eu passei – Jungkook fungou - Então em uma manhã de domingo eu acordei com a minha campainha tocando, e quando eu abri a porta, tinha três bebezinhos pequenos e indefesos dentro de uma maldita caixa de papelão... Eu senti uma dor enorme e um asco dos pais deles. Como alguém pode abandonar três bebês daquela forma? - os olhos de Jungkook estavam lacrimejados, e aquilo acabava com Jimin – Eu quis protegê-los e dar a eles um lugar seguro, mas eu não poderia mantê-los seguros de alguém como eu, eu tenho medo de me aproximar deles e acabar me tornando o meu pai... - as lágrimas vazavam pelos olhos de Jungkook, e o mais velho o fitava atônico - Me desculpa por não te ajudar Jimin, mas eu tenho tanto medo Jimin – o menor se aproximou do grandalhão e não pensou duas vezes antes de abraçá-lo com carinho – Quando o Instituto da Criança e do adolescente me disse que eu teria que cuidar deles até encontrarem os pais biológicos, eu entrei em pânico, eu sentia que faria eles sofrerem, então eu falei com o Hoseok e ele me disse que você faria isso com gosto, e ver você cuidar dos trigêmeos com tanto amor doeu em mim Jimin, porque eu nunca recebi esse tipo de amor, se as vezes que eu me comporto como uma criança inconsequente, é porque talvez eu queira que alguém cuide pela primeira vez da criança que eu fui... - Jimin apertou os braços em torno do maior e ouviu os soluços dele rente ao seu ouvido. Jimin havia estudado cinco anos sobre psicologia das crianças, sabia que a forma que se é tratado na infância é refletido em toda a sua vida, mas nunca havia encarado esse fato frente a frente como agora, nunca cogitou a ideia de que Jungkook poderia ter tantos traumas em seu passado, mas agora que soube de fato iria fazer de tudo para ajudá-lo.

- Então por que não quebrar esse ciclo? - afastou-se do mais novo e segurou o rosto dele entre as mãos - O destino colocou nas suas mãos a oportunidade de ser muito melhor do que o seu pai, não jogue essa oportunidade fora Kook – acariciou as bochechas úmidas - Seja para esses bebês tudo o que você precisava quando era criança. Você não é o seu pai Jungkook – falou sério, tendo os olhos molhados do Jeon sobre si – Eu ajudo você a lidar com eles, juntos, vamos transformar os pesadelos deles em um sonho, certo? - Jungkook fungou como uma criancinha e assentiu, Jimin sentiu em seu coração que muito além de cuidar dos trigêmeos, ele curaria a criança interior de Jungkook. Com certeza ele faria isso!

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Depois de terem se resolvido, Jimin e Jungkook adquiriram uma rotina bem mais confortável, apesar do jeito atrapalhado do grandalhão, Jimin não se via mais sozinho nas tarefas, havia ficado bem menos árduo cuidar dos trigêmeos. A organização da casa também havia evoluído muito, Jimin havia trazido de seu apartamento uma cômoda que serviu de guarda roupa para os bebês e isso facilitou muito a vida da dupla.

- Vem Daehan – Jimin chamou o pequeno ao vê-lo ficar de pé - Vem com o Jiminie – estendeu os braços para o pequeno, que tentou dar os seus primeiros passos, mas acabou caindo no chão e começando a chorar no mesmo instante - Ô meu amor – pegou o bebê nos braços - Passou bebê, passou – deu um beijinho na testa do pequeno.