A Ligação (parte 2)

204 36 16
                                    

(voltei, desculpa a demora)

Foi muito mais difícil entrar para jantar no Salão Principal do que Harry achou que seria. Ele e Malfoy mal trocaram duas palavras desde que deixaram a enfermaria - e essas duas sendo monossilábicas - e ainda assim Harry já podia sentir a tensão aumentada na conexão entre eles: enquanto Malfoy caminhava muito rápido à sua frente, com aquelas pernas longas malditas dele, aquela dor insuportável retornava, como uma coceira interna que ele não conseguia coçar.

Harry tinha certeza que Malfoy conseguia sentir também. Sempre que ele andava muito na frente, abrindo uma distância entre eles, ele desacelerava abruptamente, esperando Harry alcança-lo. Eles descobriram que era muito mais confortável continuar andando ombro a ombro, então eles passaram a fazer isso, em silêncio.

Quando eles finalmente entraram no Salão Principal, um silêncio insurdecedor se perpetuou na multidão agitada. Harry já estava acostumado com olhares, mesmo daqueles colegas que o conheciam há anos, mas dessa vez parecia diferente - era meio sinistro, assustador. O silêncio foi quebrado pelo barulho de Ron chamando "Harry!" e, com alívio, ele viu Ron e Hermione se levantarem de seus assentos e correrem em sua direção.

Hermione se jogou em seus braços, os cachos volumosos cubrindo seu rosto e bloqueando sua visão. Ele abraçou ela de volta firmemente por alguns instantes. Ron esperou até que ela o soltasse para agarrar o braço de Harry e leva-lo até a mesa de Grifinória. Malfoy ficou parado onde estava por um segundo, hesitante, mas então seguiu Harry sem dizer nenhuma palavra, o que fez Ron olhá-lo com uma cara feia.

"Ei, o que você pensa que está fazendo, Malfoy?"

"Esquece isso, Ron", disse Harry cansado. Hermione deu-lhe um olhar preocupado e ele respondeu não-verbalmente com um sorriso, que ele torcia para ter saído reconfortante.

"O que aconteceu, Harry?", Perguntou ela enquanto eles se sentavam. Malfoy tomou um lugar bem na ponta do extenso banco, parecendo calcular o máximo de distância possível que ele poderia ficar sem causar nenhum desconforto. "A professora McGonagall não nos deixou entrar para te ver e não explicou o que tinha acontecido. Tudo o que vimos foi você e Malfoy, inconscientes, e cercados por uma luz, que desapareceu em seguida. Eles levaram Zacharias embora logo depois."

"Ouvi dizer que ele foi expulso", Ron completou, com a boca cheia de comida.

Hermione acenou positivamente com a cabeça, a expressão séria. "Todo mundo está falando sobre isso. Disseram que ele azarou você e o Malfoy, mas -"

Harry começou a encher seu prato com rosbife, cogumelos e três tipos diferentes de batatas. "Ele fez isso mesmo. Ele estava mirando só no Mafoy, mas eu coloquei um feitiço de escudo que saiu pela culatra."

"Merlin, Harry, por que você faria algo assim?" Ron questionou sem pensar, olhos arregalados.

Malfoy se ajeitou desconfortavelmente ao lado dele e Harry notou que ele não tinha começado a comer. Sem pensar duas vezes, Harry começou a encher outro prato com o frango assado, alguns pãezinhos, e tudo de verdura que tinha no alcance. Ele empurrou o prato sem cerimônia na frente de Malfoy e voltou a olhar para Ron, repensando sua pergunta.

"Acho que foi força do hábito", ele murmurou, em seguida, voltou a atenção para Malfoy, que estava olhando para seu prato com um olhar de choque. "Você deveria comer. Eles disseram que precisamos manter nossa força lá em cima." Malfoy deu-lhe um olhar desconfiado, mas então acenou com a cabeça e deu uma garfada educada na comida.

Harry também começou a comer. Entre mordidas, silenciosamente, ele repassou aos seus amigos tudo o que lhe fora falado. O rosto de Ron ficou pálido, deixando suas sardas realçadas, quando Harry chegou na parte sobre os núcleos dele e de Malfoy estarem entrelaçados. Hermione mordia o lábio inferior em um hábito nervoso. Quando ele terminou de falar, ambos ficaram em silêncio por alguns instantes.

Em Evidência da Teoria MágicaOnde histórias criam vida. Descubra agora