Experimentando (parte 1)

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Pedir para Malfoy ser gentil com ele foi possivelmente a coisa mais estúpida que Harry já fez.

Porque ele estava sendo. Malfoy estava sendo tão gentil.

Eles acordaram da mesma forma que na manhã anterior, o corpo de Malfoy aconchegado na lateral de Harry, uma coxa longa e musculosa jogada sobre as pernas de Harry. Ele se perguntou momentaneamente se Malfoy teve um ursinho de pelúcia gigante quando era criança, ou se ele era naturalmente atraído pelo calor enquanto dorme. Não que o quarto deles estivesse frio. Na verdade, quanto mais tempo Harry permanecia no abraço confortável de Malfoy, mais calor ele começava a sentir. E o problema dele estava de volta, aparentemente adorando a pressão da perna de Malfoy em cima dele. Foi necessário todo o controle de Harry para não flexionar os quadris para cima.

Desgostoso consigo mesmo, ele murmurou para sua ereção: "Você não consegue me dar um descanso por uma única manhã?"

"Hm--?" Malfoy murmurou. Sua perna se mexeu e Harry conteve um gemido.

Ele ficou extremamente tentado em só seguir com aquilo. Seria tão fácil – ele poderia apertar um pouco os braços, poderia afundar o nariz nos cabelos loiros e macios que cobriam seu rosto. Podia rolar os quadris contra Malfoy, esperando uma resposta. Ele poderia simplesmente deixar escapar a verdade sobre sua atração imprudente e talvez tentar um beijo, se não fosse o medo de que Malfoy o empurrasse automaticamente a um metro e meio de distância, possivelmente matando os dois bem ali.

Até a noite anterior, nunca tinha passado pela cabeça de Harry que Malfoy pudesse estar interessado em... bem. Harry tinha uma vaga consciência do seu interesse por homens, mas ele nunca deu muita atenção. Só depois que o lance dele com a Ginny realmente terminou e ele foi deixado sem rumo, com todos os caminhos de sua vida de repente abertos, desmarcados e cheios de possibilidades maravilhosas e aterrorizantes.

Ele fez o feitiço Accio para pegar seus óculos e os colocou, olhando para o rosto de Malfoy. Mantendo os olhos fixos na curva da mandíbula de Malfoy, na delicada concha de sua orelha, Harry procurou novamente a ligação entre eles, perguntando-se se conseguiria sentir algo além de sentimentos superficiais.

Tudo estava calmo dentro deles novamente. O rosto de Malfoy saiu de foco enquanto Harry olhava. Imagens de penas brancas voando preencheram sua visão, e Harry entrou em uma espécie de transe lânguido. As penas giravam em um belo padrão de arabescos, soprando para cima e para baixo contra o azul de céu. Harry pressionou mais fundo na visão, vagamente envergonhado de bisbilhotar, mas curioso demais para parar. Ele sentiu a água novamente, como uma piscina profunda, e Harry imaginou-a, viu-se mergulhando e cortando-a enquanto nadava até o fundo.

Estava cheio de tantas coisas, arrependimentos, amargura, desejo, desespero e até mesmo amor – as emoções de Malfoy fluindo ao seu redor. Ele não conseguia separar cada uma, mas percebeu, com súbita e angustiante frustração, que seria capaz de fazê-lo, se lhe fosse permitido. Ele seria capaz de atravessar a escuridão e a luz da magia de Malfoy, até o âmago de quem ele era, se ele tentasse o suficiente - e se Malfoy tivesse coragem para permitir.

Malfoy soltou um pequeno som. Seu corpo se afastou de Harry e Harry foi arrancado da mente de Malfoy, longe dos segredos profundos que ele de repente estava desesperado para saber.

"Poderia me largar, Potter?" Malfoy perguntou, com a voz fria e extremamente educada. Harry percebeu que seus braços haviam se apertado em torno de Malfoy, cujo corpo estava tenso. Malfoy pressionou a mão contra as costelas de Harry em um pedido silencioso para ser solto.

Com algum esforço, Harry afrouxou os braços. "Desculpa. Eu..."

"Eu sei," Malfoy interrompeu, franzindo a testa. "Não tenho certeza do que você estava fazendo, mas agradeceria muito se não investigasse nossa ligação sem meu conhecimento ou permissão. Interrompeu o meu sono, e além disso, é um pouco rude."

Em Evidência da Teoria MágicaOnde histórias criam vida. Descubra agora